- Fingir vai ser pior, ele sempre descobre minhas mentiras. - descolei meu corpo do da minha mãe e a encarei. - Eu vou acabar com isso de uma vez, talvez doa menos.
- Tem certeza, Zari? - foi a vez de Behrad se pronunciar.
- Não, não tenho.
Sequei o rosto antes de pegar meu celular do bolso. Entrei na minha lista de contatos e fui até o dela, apertei em "chamar", chamou pouco mais de três vezes antes de Charlie atender.
- Zari?! Caramba, que susto você me deu. - ela disse sem nem me deixar falar. - Eu passei o dia inteiro te mandando mensagem, eu quase fui até a sua casa, mas aí lembrei da sua mãe e...
- Charlie! - disse alto tentando fazê-la calar a boca.
- Oh, desculpa, pode falar. - ela se calou.
- Prefiro não falar por telefone, pode vir aqui?
- Claro, claro que sim. - ouvi alguns barulhos desconhecido vindo do outro lado da linha. - Chego aí em poucos minutos.
- Tá bom.
Não deixei que ela falasse mais nada, desliguei o celular imediatamente porque eu estava prestes a chorar, meu coração estava quase saindo pela boca de tanto desespero. Voltei a abraçar minha mãe que por alguns segundos fez uma carícia gostosa em meus cabelos. Ela dizia algumas coisas no meu ouvido, mas eu praticamente não estava prestando atenção, minha cabeça só pensava no quanto Charlie iria me odiar daqui para frente e no quanto nós duas vamos sofrer com isso. Desfiz o abraço alguns segundos depois e tratei de novamente limpar minha cara. Fui para a sala e vi que Jonh estava lá encarava a televisão desligada, ele sentiu minha presença ali, mas preferiu ignorar minha existência. Caminhei até o jardim de casa e fiquei sentada nas escadas da entrada. A noite fria fez boa parte dos pelos de meu corpo se arrepiarem. Depois de poucos minutos o carro de Charlie chegou, ela estacionou o mesmo em frente a mim e saiu dele com um sorriso tímido, parecia aliviada por estar me vendo.
- Desculpa a demora, tive que trocar de roupa. - ela veio até mim e se sentou ao meu lado. Charlie tentou se aproximar para me beijar, mas eu desviei. - O que foi?
- Eu quero conversar com você.
- E pra conversar não pode me dar nem um mísero beijo? - sua voz parecia brincalhona.
- Não. - disse mais séria.
- Tudo bem, dona da formalidade. - ela sorriu. Aquele sorriso que acaba comigo... - Então, o que aconteceu?
- Charlie, eu quero terminar. - o sorriso de seu rosto sumiu lentamente.
- Terminar? - pronunciou baixo. - Como assim "terminar"? Por quê? Eu fiz algo de errado? Claro que eu fiz algo errado, eu sempre faço. Me perdoa, eu fiquei muito no seu pé, não foi? Prometo que vou te dar um espaço. Eu... eu...
- Não, Charlie, não é isso.
- Então o que é? - meus olhos agora não eram os únicos com lágrimas.
- Eu não quero continuar com isso. O problema não é você, sou eu. - tentei explicar o inexplicável.
- Não faz isso comigo, Zari, por favor não me deixa. - ela segurou minhas mãos.
- Não tem mais jeito, eu não consigo continuar com isso. - retirei minhas mãos das suas e me levantei. - Adeus, Charlie.
Andei de volta para dentro de casa tentando segurar o choro e a vontade de correr até os braços dela e abraçar ela pro resto da vida. Antes de entrar, levantei a cabeça e vi meu pai me encarando pela janela com um sorriso vitorioso nos lábios. Ele era o único feliz no meio de tanta tristeza.
Assim que entrei ele já não estava mais na janela, já estava nas escadas subindo, provavelmente estava indo para seu quarto. Fui até a janela que antes ele estava e dei uma rápida olhada, vi Charlie entrando em seu carro, ela nem mesmo olhou para trás. Então ela foi embora, tanto do meu jardim quanto da minha vida, e se depender do meu pai seria para sempre.
Senti a mão da minha mãe em meu ombro e me virei de costas para olhar ela, seu olhar transmitia um "sinto muito". Meneei a cabeça negativamente e deixei ela ali sozinha, ou melhor, ali com o Behrad. Fui direto para o meu quarto, tranquei a porta e me joguei na cama. Afundei meu rosto do travesseiro e gritei, gritei como se Charlie fosse ouvir e, assim que visse meu estado, viria até mim, mas ela não ouviria e nem viria até mim.
Naquela noite, pela primeira vez em muitas, eu dormi por ter me cansado de chorar, e só parei de chorar por não ter mais lágrimas para derramar. Por que um sentimento tão lindo como o amor dói tanto? Acho que só dói quando uma outra pessoa entra no seu relacionamento baseado em amor e o transforma em um relacionamento baseado na tristeza e na dor. Não vejo uma salvação para essa merda toda, enquanto meu pai estiver no meu relacionamento, agora baseado em tristeza, eu não serei feliz.
Continua...
Postei um pouquinho atrasado mas a culpa é da internet... Qualquer erro eu arrumo depois. Até o próximo...
Kisses and kisses!!
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Obsession • Avalance •
Fanfiction"Eu acho que me apaixonei por você." Sara Lance parece ser uma mulher normal, mas, na verdade, ela é a serial killer mais procurada de Star City, matava sem dó nem piedade. Sua principal missão era limpar a cidade de todos os pecadores. "Você não po...
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