— Por quê? Você tem medo de dor?

— Não, não exatamente. Mais como se estivesse com medo do que as
pessoas pensariam sobre mim.

— Elas que se fodam.

Ela suspirou novamente. — Mar morreria.

— Não, Bianca. Ela não morreria.

— Talvez não. Mas ela pensaria que eu fiquei louca.

— Então deixe. Não gaste sua vida preocupada com o que as pessoas
pensam de você. Esse tipo de medo é como uma gaiola, ele vai prendê-la
para sempre se você não tiver cuidado

Ela não falou imediatamente. E então perguntou. — Do que você tem medo?

Não respondi, porque sabia que diria muita coisa. Ela estava muito macia,
doce demais, muito quente. Seria muito fácil dizer-lhe coisas que ela não precisava ouvir, é muito egoísmo de minha parte revelar coisas só para compartilhar o peso das minhas verdades. Ela só tentava me mostrar que eu não era uma idiota que
pensava que era, assim como Gizelly teria feito.

Mas seria tão bom. — Provavelmente nada, certo? — Ela me apertou. — Você é uma forte soldada. Não tem medo de nada.

Falei sem pensar. — Tenho medo de me tornar irreconhecível. — Uma pausa.

— O que você quer dizer?

— Nada — disse rapidamente. Que merda estava fazendo? Eu até tentei
levantar, mas ela me segurou no lugar, envolvendo meu corpo com as pernas.

— O que o tornaria irreconhecível, Rafaella?

Exalando, me permiti me render, só um pouco. Só desta vez. — Soltar.

— O quê?

— Meu passado.

— Você não precisa abandonar seu passado: sempre será parte de quem
você é. Mas você não precisa deixá-lo gritar ou impedir que você se mova.
— Mas eu quero. Ela não sabia, não entendia. — Ei. — Ela me apertou novamente. — Fale comigo.

Deus me ajude, eu queria falar. Meus segredos estavam pressionados tão
fundo no meu coração que eu pensei que meu peito poderia explodir com eles. Eu queria admitir minha culpa.
Abrir minhas feridas. Sangrar por elas.

A tentação me dominou.— O acidente. Foi minha culpa.

— Eu não entendo.

Tentei engolir, mas não consegui.
— O acidente de Gizelly.

— Do que você está falando? Você não estava dirigindo o veículo que a
atingiu.

— Não. Mas... havia um carro diferente. — Minha voz estava fraca, e meu corpo começou a tremer. — Anos atrás. No Iraque.

A mão de Bianca começou a fazer carinho no meu ombro em arcos lentos e calmantes.

— Estou ouvindo. Conte-me.

Minha garganta estava seca e apertada, mas a história se forçava a sair.

— Meu comboio estava passando pelo país e nós tínhamos parado para
descansar. Três de nós estabelecemos um posto de controle. Os carros estavam sendo usados como carros-bomba, assim, nós tínhamos que parar todo veículo antes que eles entrassem na zona onde os soldados estavam descansando. — Ela
estremeceu, como se soubesse o que estava por vir. Pressionou os lábios contra minha cabeça. — Tínhamos placas em persa instruindo os motoristas a pararem e se um veículo não parasse, nós dispararíamos tiros de advertência a 600 metros. Era raro que os carros tentassem atravessar, a menos que carregassem uma bomba
caseira. Mas uma noite... — Parei.

Depois Que Caímos #Rabia G!PWhere stories live. Discover now