How We Save Ourselves - Como nos Salvamos

C - 05

Antes de continuar a aula a mulher que estava em frente ao quadro, provavelmente a professora, começa a falar.

- Saúde metal... - Com um marca texto preto ela escreve no quadro o assunto da aula - Alguém sabe me dizer o que significa? - Ela passa os olhos por toda a sala e por pura coincidência foca em mim. - Ruby?

Como todos aqui haviam começado agora a faculdade, imagino que meu nome foi o único que ela se lembrou.

- Uma coisa que eu não tenho, saúde metal, principalmente com algumas pessoas. - O sorriso que estava em seus lábios somem, ela estava com uma raiva tão grande que ao menos conseguia esconder, raiva de quem? De mim?

- Mas alguém? - Ela ignora minha resposta, como se nunca tivesse perguntado algo a mim, e passa seus olhos novamente pela sala à procura de alguém pra responder sua pergunta.

- É uma expressão utilizada para descrever a qualidade cognitiva e emocional de um indivíduo. - Uma garota sentada na fileira da frente responde e esboça um sorriso olhando em minha direção com repleto deboche.

Ela estava tirando uma com minha cara? Viro minha cabeça pro lado e pro outro, apenas pra verificar se ela realmente estava sorrindo com deboche pra mim, em minha direção, e a maldita estava.

- Obrigada... - A mulher aponta pra garota que completa sua frase.

- Morgan, Morgan Loes. - Todos na sala tentam disfarçar sua surpresa ou fingem ficar surpresos quando a garota diz seu sobrenome, filha de um governador falido. Ela parecia se  mostrar por isso.

- Obrigada Morgan, mas...Quero algo desconstruído. - Por que os professores sempre são assim? Fazem perguntas pros alunos darem as respostas, não deveria ser ao contrário?

Nos meus vinte anos de vida, nunca entendi isso.

A mulher aponta pra próxima pessoa que iria responder, era ele, por alguns minutos esqueci completamente que ele estava na sala, a garota, Morgan, filha do corrupto, encara ele como se fosse come-lo, na verdade todas as garotas dessa sala o encaravam assim, provavelmente imaginando como seria uma noite com ele, não as julgo, seu olhar sério, seu corpo que parecia esculpido coberto por uma camisa, seus cabelos bagunçados deixava ele ainda mais tentador, agora percebo que eu também estava o olhando como as outras, e sim, estava imaginando o quão forte e fundo ele poderia me foder.

- Isso mesmo... - A mulher do quadro fala esperando ele pronunciar seu nome.

- Loan. - Sua voz era ainda mais sexy, era grave e me deixava excitada, e logicamente não só eu.

- Certo...Ah...Loan. - O que foi isso? O quão errado isso poderia ser, a mulher que deveria ser a professora estava suspirando?

O sinal toca e todos saem da sala para a próxima aula, eu apenas acompanho Loan sair com o olhar mas permaneço na sala, sentada na cadeira com a postura reta e elegante, apenas eu e a "professora". Me levanto e vou até ela. Seus olhos estavam em mim.

- Quarenta minutos de aula, pra vê a "professora" cobiçar um aluno, não sei se suas aulas vão me ajudar em algo. - Digo direta, ela não estava sorrindo, na verdade parecia bem séria, o que era ótimo, eu também não estava de brincadeira.

- Isso é uma acusação séria Ruby.  - É apenas o que ela diz, ela parecia séria e firme com suas palavras, mas...Seus olhos não estavam acompanhando sua fala, seus olhos vacilam.

- Não se preocupe não estou te acusando. - Forço um sorriso - Apenas estou dizendo o que eu vi, cá entre nós até os garotos que estavam na sala duvidaram de sua própria  sexualidade quando ouviram Loan, mas isso não conta se for a professora. - Digo e saio, batendo a porta já cansada de forçar um sorriso.

Ela era jovem, minha intenção não é tirar seu emprego, isso não me beneficiária em nada. Provavelmente eu estaria atrasada pra próxima aula também, já que eu nunca chego no horário, gosto quando todos me olham quando entro na sala, principalmente se quem me olhar for ele.

Não fazia a mínima idéia de onde era a próxima aula, na verdade nem sei o que estou cursando, mas de certa forma, isso não importa, eu não penso em trabalhar de qualquer forma. Abro a porta de uma sala e entro, todos me olham, como sempre. Mas não, ele não estava aqui, saio da sala antes que o professor falasse algo e abro a porta da próxima sala, nada. Continuo abrindo a porta de cada sala, uma por uma, já estava ficando chato mas valeria a pena se fosse pra vê-lo, abro mais uma porta e...

- Finalmente! - Penso alto demais e o professor me encara, assim como toda a sala.

- Senhorita Ruby.... - O professor fala alguma coisa mais eu não presto bem atenção, meus olhos estavam focados nele, caminho até o outro lado da sala e me sento em uma cadeira qualquer.

Malditas cadeiras, sempre amassam meus vestidos.

- RUBY! - Uma voz já conhecida por mim, infelizmente, entra na sala, chamando mais uma vez a atenção de todos. - Quinze professores vieram reclamar que você atrapalhou a aula deles.

Suas mãos balançavam no ar enquanto falava, mais que show o diretor estava fazendo, tudo isso porque eu estava procurando uma pessoa, mas que exagero. Eu não tinha tirado os olhos dele nem por um segundo, me pergunto o que ele está pensando de me agora, provavelmente não deve ser coisa boa.

- RUBY! - Meu nome é pronunciado novamente e desta vez em um tom nada agradável, encaro o diretor que agora parecia com muita raiva. - Pra minha sala, AGORA!!

Ele sai batendo a porta com força e todos da sala me cercam de olhares menos ele, eu o encarava e ele parecia saber disso, mas não me encarava de volta, isso estava me irritando. Bato as mãos na mesa fazendo com que todos se assustasse e neste exato momento até quem passava pela porta estava me olhando mas porque ele não, por quê?

- Senhorita Ruby... - Escuto a voz do professor, mas não deixo ele completar.

Suspiro fundo me levantando da maldita cadeira e vou em direção a saída da sala, neste exato momento o único barulho era do meu salto se colidindo com o chão, todos estavam calados. Saio da sala sentindo uma raiva me invadir.

Como pôde me ignorar!?