// Notas da Autora - Pós-Livro

Начните с самого начала
                                    

Eu me lembro de começar os primeiros rascunhos dessa história por volta de 2013, mas comecei a ter ideias de personagens e cenas antes mesmo disso, e só me senti disposta a compartilhar com alguém no começo de 2020 (embora eu tivesse minha namorada acompanhando e apoiando o projeto bem antes disso).

Nas primeiras versões a história era bem diferente também. O livro sempre envolveu Renata estar sem memórias, mas em certa parte no começo do desenvolvimento, a história era um pouco fantasia. Contava sobre a jovem que mudava seu passado de alguma forma e começava a viver nessa realidade alterada onde as coisas aconteceram exatamente como ela queria até aquele ponto.

Eu não sei exatamente quando eu decidi fazer isso, eu sei que eu quis tirar todos os traços fantásticos da história e transformar em algo mais provável de vermos no nosso mundo. Eu fiz então essa outra versão onde Renata tinha um diário onde ela contava as mentiras que queria que fossem reais, e ao acordar sem memórias começa a acreditar nele.

Contando assim, acho que as outras ideias parecem bem mais interessantes do que a versão final, mas nenhuma delas deu certo. Bem, eu adoro voltar nas minhas ideias e retrabalhar elas, então talvez eu escreva alguma história nova usando esses conceitos, mas não conte com isso.

Mas uma coisa que já estava bem definida no começo de tudo era a personalidade de Renata, eu comecei a escrever a história em uma fase meio... Ruim? Queria botar esse sentimento nela, Renata sofre de depressão, ela constantemente se esforça pra conseguir aguentar o seu dia, e quando eu criei ela, eu me sentia exatamente como ela.

Seria impossível para mim falar sobre a criação de Páginas Vazias sem citar depressão. Renata é um leve desabafo de alguns de meus sentimentos na época. Me lembro de reescrever a primeira cena do livro várias e várias vezes tentando aliviar o peso. Não sei se ainda tenho registrada essa primeira versão, onde ela acordava e descrevia o mundo ao redor como seu inferno, narrando sua vida como uma tortura inexplicável.

Eu posso expor aqui um trecho de uma das versões mais antigas do livro. Não é a primeira versão, mas é quase:


- - - - -

Eu sentia meus sonhos sendo arrancados de mim, cada criação de minha mente se apagando brevemente. Um risco de realidade rondava minha cabeça - não ouvia mais vozes brincando, ouvia apenas o apito agudo que ecoava pelo quarto, me trazendo para a vida.

Me esforcei para alcançar a fonte do som, meu despertador, desligando-o com um golpe no botão central. Cinco horas da manhã, segunda-feira. Eu não queria me levantar naquele dia, não queria me levantar em momento algum, nada no mundo poderia passar o conforto e a segurança que eu sentia em minha cama.

Lutava contra o abraço do cobertor e me levantava para o mundo real. Estava frio, tão frio... Abria os olhos lentamente, questionando o motivo de ainda seguir aquele ritual. "Por que eu preciso acordar?". Forçava minha mente a pensar em um bom motivo para não desistir.

[...]

Olhei ao redor, observando o quarto no qual passava grande parte da minha vida, paredes brancas manchadas de solidão. Não havia cor além de medo, havia apenas um lugar para esperar, e eu esperava todas as noites por nada.

- - - - -


Hoje em dia eu leio essa cena e sinto que é um exagero, mas não era. Para quem está em um momento desses, o mundo pode realmente parecer uma tortura, puramente tortura.

Um lado meu sente que deveria ter deixado como estava, era um sentimento forte, mas por mais autêntico que fosse, eu sabia que não seria um bom texto de se ler. Acabei me censurando, tinha o medo de ativar um gatilho nas pessoas. E de certa forma, ainda tenho.

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