Capítulo 31

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Shakespeare disse que o destino embaralha as cartas, mas somos nós que as jogamos. Concordo com ele. A decisão muita das vezes está nas nossas mãos, mas não escolhemos, em vez disso deixamos a vida seguir seu rumo, o que pode ser bom ou não.

Ainda permaneci em silêncio, mesmo com as perguntas dos irmãos. Eles me enrolaram esse tempo todo e ainda estou com raiva, mesmo agora estando com a consciência tranquila.

- Do que sabiam? - Finalmente perguntei fitando a rua, mas eles ficaram em silêncio. - Falem logo antes que minha raiva por vocês só aumente.

- Jeff Davis .. você estava certa. - Solto um suspiro, eu sabia. - Ele estava passando informações, então em vez de pega-lo passamos a vigiar toda sua vida. Por isso coloquei Asher lá dentro, prevendo o que aconteceria.

- A única coisa que não faz sentido é eu não saber disso tudo. - Questino recebendo novamente um longo silêncio.

- Estava cuidando de tudo e afinal esse assunto era da Máfia. - Escuto sua voz séria e sou obrigada a virar e olhar incrédula para Dimitri que continuava focado na estrada.

- Pedimos pra ele contar loira.

- Mas não nos ouviu.

Presenciei Dimitri e Liam falando sobre isso, então com toda certeza Harry também interveio.

- Já falei porra, assunto da máfia, um segredo, ninguém deveria saber. - Esbraveja tentando se mostrar convincente.

- Assunto da Máfia? Eu sou a ninguém que não deveria saber? É essa a desculpa pra me deixar no fogo cruzado sem informação e sendo ameaçada a ser estrupada? - Grito e logo começo a gargalhar alto até gemer de dor colocando a mão na barriga chamando a atenção dos três pares de olhos para mim.

Devem me acjar oficialmente louca.

Paro e então começo a lembrar do que pensei todos esses dias. Eu amo Dimitri, com todas as minhas forças, do modo que não consigo explicar, mesmo com esse seu mundo. Mas parece que esse amor todo não é tão recíproco como ele diz ser e como eu esperava que fosse. Por que confiar em mim era o mínimo a se fazer.

Meu coração está apertado, mas vou falar mesmo sem conseguir olha-lo.

- Ficarei na casa dos seus pais os dias que o médico mandar para me recuperar, depois volto pro meu apartamento. Na hora que você lembrar que eu não sou a porra da princesinha da máfia e sim a mulher que merece a sua total confiança e acima de tudo seu maior respeito, nós conversamos. - Paramos em frente a casa, abro a porta do carro e antes de sair sem olhar para trás digo.

- Mas escuta bem por que não vou repetir. Tudo que já falou pra mim caiu por terras a partir do momento que não me contou a verdade que foi nosso combinado desde o início, e se demorar a acordar, quando perceber, eu posso não estar mais aqui. E acredite quando digo que não estarei de braços abertos te esperando.

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O médico me obrigou a ficar uma semana de molho, os socos do idiota atingiram a costela, não quebrou, mas resultou num machucado, como uma magoa nos ossos, resultando comigo na cama, e não de uma forma boa.

Desde que o médico saiu daqui a dois dias atrás, estou na cama do quarto que usava antes, levanto somente para o banheiro. Mesmo com o remédio tem hora que dói pra caramba quando me movo por que sou teimosa e evito tomar remédios além dos prescritos.

Todos vieram ficar comigo, não querem me deixar sozinha achando que vou desabar. Mas estou bem. Ou melhor. Estou tentando. Não pela morte de Marcus e sim pela minha decisão.

Dimitri ainda não apareceu por aqui, mas todos me contam os seus passos e que ele pergunta como estou.

Quer saber. Estou com raiva, muita raiva, por ele ainda ter que tirar tempo pra pensar no que falei. Não vou voltar atrás, estou decidida, mesmo tendo chorado no colo de Arianr e a noite colada ao travesseiro até adormecer eu ainda vou me manter de pé.

E mesmo assim estou com uma saudade desgraçada e com o peito doendo por precisar somente de um abraço dele pra me confortar que finalmente tudo acabou, mas ele não veio.

Eu com certeza estou um caco, nada de bonita, e provavelmente com olhos vermelhos e inchados. Não aguento mais pedir ajuda para levantar, está lamentável. No calor do momento não senti nada por conta da adrenalina, mas assim que cheguei em casa a dor veio com tudo.

Liam acaba de sair para que eu pudesse dormir e está convencido de que não vou a lugar nenhum quando a semana acabar, já me proibiu como todos os outros.

Fito o teto mas nada do sono chegar. Não aguento mais essa cama e estou morrendo de sede.

Pego o celular ao lado e já passa de uma da manhã, não vou acordar ninguém agora, nem a pau. Aguentei muita coisa já, levantar para tomar uma aguinha não será nada.

Afasto os lençóis e me levanto com dificuldade. Olho a camisola meio curta que estou usando mas ninguém vai me ver mesmo.

Começo a caminhar pelo quarto e até agora está de boa. Olho o corredor e como previ, está vazio. Nem olho na direção da sua porta, é querer sofrer demais com vontade reprimida de encontra-lo e não suporto isso.

Nos primeiros lances de escada apoio no corrimão com a outra mão segurando minhas costelas. Essa porra doi pra caramba mas vou continuar. Que isso, são somente alguns passos.

Termino a escada já me faltando ar e com caretas visíveis no rosto. Ando a cozinha apoiando nas paredes ou móveis a minha volta.

Chego ofegante no balcão mas não consigo alcançar a geladeira. Essa dor mais as porcarias do remédio me deixam fraca. Tento repirar fundo mas não adianta. Minha perna franqueja e antes de desabar me sento ao chão, pelo menos não me machuco mais.

Dimitri - Trilogia Irmãos Trevelyn 1Where stories live. Discover now