Capítulo 11 - Prisão dos Doces

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Os dois voavam por aqueles corredores em tons pastéis, sempre temerosos de que algum inimigo aparecesse. As paredes do Castelo das Loucuras possuíam um belo estilo arquitetônico. Havia o dourado que remetia a massa de torta, e o rosa de sorvete de morango. Um clássico castelo adorável.

Viram em um dos quartos, um bebê monstro verde brincando no chão. "Ele é fofinho", reconheceu Aneline em seus pensamentos. Mas queria distância de qualquer coisa fofa. Passaram adiante. Também pretendiam evitar qualquer brinquedo que estivesse espalhado pela casa.

Procuraram em cada cômodo algo que se assemelhasse a uma varinha. Sempre evitando os monstros gigantes. Shad tinha em mente alguns lugares onde procurar. Inicialmente, pensou em descer ao subsolo, mas foi impedido pelo dragão. Deveriam ir a dispensa então.

O caminho os levou à cozinha. Ao chegarem ali, um monstro verde de avental se aproximou. Shad guiou a vassoura voadora para debaixo do fogão. Ali estavam algumas aranhas gigantes. Não havia problema, eram seres depreciáveis assim como o vampiro. Shad se lembrava muito bem das corridas de aranha que participou em Infame Brigadiça. Ele costumava montar as viúvas-negras; tinha uma boa relação com elas, mas, naquela situação, somente sentia pena das pobres coitadas presas em um lar de adoráveis.

— Somos intrusas aqui! — desabafava uma delas. — Temos que nos esconder sempre. É uma vida difícil.

Ane reparou nos vários olhos os encarando. Ela abraçou o vampiro, ainda montada na vassoura.

— Boa sorte, amigas. Prometo que farei o possível para tirá-las daqui. — disse o vampiro, tentando ser empático.

— Obrigada! — respondeu a mamãe aranha, rodeada de filhotes. — Meu sonho é levar esses pequenos para Infame Brigadiça. Eles poderiam crescer em um ambiente justo.

Aneline sentiu apego por ela. Só queria poder ajudá-la. Shad se sentiu um pouco mal, como se um arrependimento o atingisse. Então se despediram, partindo dali quando não mais viam o monstro gigante de avental.

— Oh, não! — exclamou Shad, vendo a vassoura mágica começar a falhar. As cerdas queimadas comprometiam a estabilidade, e o monstro cozinheiro já estava voltando.

Shad não viu outra possibilidade que não se jogar próximo a pia. A vassoura caiu na água, junto às louças. Shad e Ane caíram sobre os pratos. Por sorte, a armadura impediu que a garota batesse de cara na porcelana. Eles ouviram o monstro se aproximando.

— Se esconda! — disse Shad virando morcego e sumindo de vista. Aneline desceu para mais fundo na pia. Ela ficou sobre uma tampa flutuando na água, e se escondeu atrás da pilha de pratos.

O monstro pegou alguns temperos e seguiu em direção ao fogão. Começou a cozinhar e cantarolar. Shad observava tudo em sua forma de morcego. Diante desse monstro gigantesco, deveria ser apenas um mosquitinho. Ele voou em direção a garota, e cochichou para ela.

— Ele está no fogão, de costas para nós. Só precisamos atravessar a pia e percorrer a bancada. A porta está logo ali — disse Shad. Aneline assentiu.

A garota tentou recuperar a vassoura, mas esta foi sugada para o ralo e ficou presa lá, ocasionando um entupimento. Pensando rápido, ela pegou uma colher suja e a utilizou como remo, fazendo a tampa, na qual boiava, movimentar-se para frente. Desta forma, chegou até uma concha que estava apoiada em uma pilha de pratos.

Ane achou que poderia escalar por ali. Embora estivesse escorregadia, ela conseguiu. Já no topo daquele pote, pulou por cima de grandes vasilhas flutuantes a fim de chegar à superfície de granito do outro lado. Shad a orientava. Ela pulou em um copo emborcado, e dali conseguiu pular até a borda. Shad a ajudou a subir.

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