viagem

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Passei mais um mês presa naquele quarto que me parecia cada vez menor e mais sufocante, Lipe e Marcus traziam comida pra mim umas duas vezes ao dia e um deles sempre me deixavam ir ao banheiro quando eu pedia. Acho que eles estavam voltando a confiar um pouquinho mais em mim novamente, ou perceberam que eu realmente estava falando a verdade quando disse que os obedeceria, jurei pra mim mesma que nunca mais tentaria fugir, não queria ver eles tão furiosos comigo como naquele dia, pois quando eles estão calmos ao menos tenho a sensação de que não vão me fazer nenhum mal.
Há uns dias atrás ouvi Lipe conversando com Marcus sobre uma viagem que iria fazer, contando que iria para Petrópolis com a menina que ele estava ficando, fiquei abismada com aquilo, como ele podia me tratar tão violentamente e dar carinho a outra mulher? Fiquei com pena da menina, que provavelmente não sabia de nada e achava que ele era um príncipe, ou no mínimo uma pessoa normal, senti ainda mais nojo dele, como uma pessoa consegue ser tão dúbia e tão falsa?
No dia seguinte quem abriu a porta do quarto foi o Marcus, ele sempre deixava minha comida no chão e saia, mas dessa vez foi diferente, ele simplesmente entrou sem falar nada e mandou eu sair do quarto, eu já estava tão acostumada a ficar ali que achei aquilo estranho, por mais que a minha maior vontade fosse sair dali, no momento eu não queria, estava com medo, parece que me sentia mais segura ali naquele quartinho que eu já conhecia tão bem, talvez até mais do que minha própria casa, mas mesmo desconfiada fiz o que ele mandou.
O sol bateu direto no meu rosto e por alguns segundos pude sentir o calor sob minha pele, que já estava bem mais clara pela ausência completa dele há tanto tempo, mas logo em seguida o Marcus colocou a mão no meu ombro me direcionando para dentro da casa, eu não entendi nada, será que o Lipe viajou e agora ele vai deixar eu ficar com ele durante o dia como uma pessoa normal? Nossa seria um sonho, sei que é uma coisa pequena, mas mostra que ele tem um certo carinho por mim.
Mas ao invés disso ele passou direto pela cozinha e continuou andando com as mãos no meu ombro até chegar em um quarto, que eu creio ser o dele, fiquei ali sem saber muito bem o que fazer ou pensar, ele entrou na suite do banheiro e eu continuei imóvel, na verdade sentei na cama dele, ele saiu do banheiro e mandou eu tirar a roupa, eu não estava acreditando naquilo, pra que ele tava fazendo essa brincadeira? Eu tinha certeza que ele não teria coragem de abusar de mim, no último mês ele estava me tratando razoavelmente bem e nem ele nem o irmão nunca tinham feito nada parecido antes. Então fingi que não escutei e permaneci como eu estava, mas ele gritou.
- Tira a porra da roupa.
Eu levantei e cruzei os braços pois sabia que dificultaria pra ele, eu estava me comportando, mas aquilo era demais, eu já estava em uma situação totalmente degradante e o cara ainda queria fazer isso comigo?
Mas quando fiz isso ele se transformou totalmente, dava pra perceber o ódio em seu olhar por eu não fazer o que ele queria, ele me pegou pelo meu punho e me empurrou na cama me fazendo cair sentada.
- Sua vadia você está fodida, você só faz o que meu irmão manda, mas adivinha, ele não está aqui pra te proteger, agora seus próximos dias vão ser aqui só comigo, com você fazendo o que deveria ter feito desde o primeiro dia que é me dar prazer, ou você acha que tem outra utilidade além dessa?
Eu estava com mais ódio do que medo do Marcus, ele foi um cretino, esperou o irmão dele sair pra fazer o que queria comigo. Ele mandou de novo que eu tirasse a roupa, mas eu não tirei, isso o deixou ainda mais indignado e ele começou a me bater muito, tão forte que eu sequer consegui ter uma reação efetiva, só coloquei a mão no meu rosto pra que ele não o machucasse, enquanto isso ele levantou a blusa larga que cobria meu corpo e me deitou na cama ficando em cima de mim, logo depois tirou sua própria roupa, enquanto ele fazia isso eu tentei sair, mas não consegui, então ele me virou de costas, tirou minha calcinha e a cueca dele e me estuprou.
Eu não disse nada, não queria chorar, não queria que ele percebesse que eu tava sentindo dor pq ele me acharia fraca, eu sabia que naquela posição que estávamos tudo que eu fizesse seria em vão, pois ele pesava bem mais que eu, então eu sabia que não tinha mais como sair dali.
Depois que tudo acabou ele me algemou na cabeceira da cama, eu estava tão paralisada com a situação que nem me importei tanto, nem pensei sobre isso pra falar verdade, ele já tinha me humilhado de uma maneira tão violenta que não fazia a menor diferença.
Ele foi na cozinha e voltou com um copo da água pra mim como se nada tivesse acontecido, como se há quatro minutos atrás ele não tivesse me violentado, eu estava sentindo uma mistura de nojo e indiferença dele, como depois de fazer isso ele pode se sentir bem? E até feliz, porque ele estava de bom humor, começou a conversar comigo como se eu fosse uma amiga dele, ignorando que eu estava nua e presa.
Algumas horas se passaram e eu continuei presa no quarto dele, em alguns momentos olhando para o teto e em outros cochilando, é estranho falar isso, mas depois que você passa por muita violência parece que aquilo fica um pouco mais comum, eu já nem sentia que meu corpo era meu e sim deles, afinal eu não podia escolher o que queria e o que não queria. Acho que por isso resisti a tirar a roupa, pq  o sexo era a única coisa que eu ainda sentia que tinha autonomia, que eles não iriam me obrigar, mas isso acabou naquele dia.
Ao final da tarde ele voltou, fez umas piadinhas idiotas e começou a me beijar, eu o empurrei com minha mão que não estava presa, o ódio retornou em mim, não deixaria aquilo acontecer de novo, mas ele pegou a minha mão e a levou pras minhas costas, eu gritava de dor pedindo pra ele parar, mas ele me ignorou e continuou me beijando e passando a mão em mim com sua mão livre.
Ele me deixou nessa situação por inúmeros dias, só me deixando sair pra ir ao banheiro, e as vezes nem isso. Meu corpo todo doía, principalmente meus braços pq ele os tinha machucado, minha pele voltou a ser como era nos primeiros dias de cativeiro, cheia de hematomas, minha barriga doía também de tantas vezes que ele forçou o sexo. Eu sinceramente só queria que tudo aquilo acabasse, tentei conversar com ele, mas ele parecia não me escutar, fiz de tudo, tentei ser amigável, tentei não me importar e até não deixar ele fazer, mas no fim sempre era do jeito que ele queria.
Depois de uns 8 dias eu já nem resistia mais, acho que perdeu até a graça pra ele, parece que nem sentia mais nada, nem raiva, nem tristeza, nem vontade de sair, eu só queria morrer.
Mas o Marcus fazia questão de me ver bem pra depois me destruir, as vezes esperava eu melhorar pra me lembrar da minha realidade, que eu ainda era dele e que ele ainda faz o que quer comigo.
No décimo dia dessa situação ele me deixou ver o jogo de futebol do time dele com ele, que passava na televisão, até dividiu sua bebida comigo, porém no segundo tempo o time dele começou a perder e ele ficou irritado, eu queria ir ao banheiro, e como ele estava bravo preferi não interromper, então levantei do sofá e fui, só que ele não percebeu. Uns 3 minutos depois eu sai do banheiro e vi que ele estava transtornado me procurando, na hora percebi meu equívoco, ele achou que eu tinha tentado fugir, era o pior momento pra pensar isso, eu no final das contas tinha interrompido o jogo dele, o time dele estava perdendo e já tinha bebido bastante.
-Oii, como tá o jogo? Eu só estava fazendo xixi, desculpa não avisar, já estou voltando pro sofá.
- Você acha que sou idiota? Você estava tentando fugir mais uma vez!! Só que dessa vez o Lipe não está aqui e você vai ter o que merece pra aprender a me tratar igual trata ele.
- Não tem nada disso, eu juro que só estava no banheiro, nunca faria isso contigo!
Ele se aproximou de mim e deu um soco na minha cara, acho que meu nariz começou a sangrar na hora e eu caí pra trás batendo a cabeça na pia, depois disso minha visão ficou escura e eu não lembro de mais nada.
Quando acordei já estava na cama dele e percebi que tinha sangue seco no meu cabelo, que provavelmente tinha escorrido da minha cabeça e meu nariz doía muito. Ele imediatamente veio até mim e começou a me ameaçar.
- Você não vai dizer nada do que aconteceu pro meu irmão tá entendendo? Se você disser qualquer coisa eu te mato.
Ele estava um pouco agitado e começou a tentar limpar o sangue, sua cara era de desespero, acho que nem ele queria fazer um estrago tão grande, não por minha causa, mas porque o irmão dele reprovaria tal atitude.

um novo larWhere stories live. Discover now