The next day

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  Narrador

Lembranças. As lembranças são importantes para que possamos guardar na memória momentos importantes de nossas vidas ou até mesmo coisas insignificantes que fazemos no nosso dia a dia, como o que comemos no almoço. As lembranças são uteis em diversos momentos, mas, acima de tudo quando fazemos besteiras. Elas servem para que possamos ter certeza do que fizemos, onde erramos, se erramos e como concertar. O ponto é, se você sente que fez algo errado mas não sabe o que foi... como concertar?

   Sina abriu os olhos lentamente, sentindo a luz do sol cegante invadir o ambiente em que estava. A sensação de enjoo e a cabeça martelando ao som da própria voz indicavam a tão odiada ressaca. A alemã sentia todos os ossos doerem e um gosto horrível e azedo na boca. Ela levou as mãos aos olhos e os esfregou, em uma tentativa falha de acostuma-los a claridade repentina. Ela observou as costas de sua mão manchadas de preto demorando alguns segundos para perceber o que era. Maquiagem. 

 Os olhos de Sina varreram o local onde se encontrava, e por mais embaçada que estivesse sua visão a garota pode perceber claramente que estava no sofá do apartamento de Sabina e Joalin. Uma leve sensação de alivio por não ter acordado nua na cama de um desconhecido se fez presente. Pelo menos isso. Ela se sentou desconfortável, sentindo os cabelos embolarem no topo da cabeça, exatamente como um ninho de passarinho. 

  Ela se arrastou até o banheiro, a cabeça girando e os membros meio dormentes e fracos. Sina certamente não conseguiria carregar uma colher naquele momento se a pedissem. O seu reflexo no espelho a assustou. Os cílios postiços pendurados nas bochechas, o delineador preto borrado, as olheiras marcadas e apenas resquícios do batom vermelho. Os cabelos pareciam ter sido mergulhados em laque e o vestido vermelho estava amassado e com uma grande mancha marrom. Apenas uma olhada era necessária para perceber que era vomito. Sina só podia esperar que fosse dela.

 A porta do banheiro foi aberta abruptamente e Joalin irrompeu, correndo e se debruçando no vaso-sanitário. Sina correu até ela, segurando seu cabelos loiros em um rabo improvisado, tomando cuidado para que nenhum fio escapasse. A finlandesa deu mais duas tussidinhas recebendo tapinhas nas costas como conforto. Ela caiu com um baque sentada no chão e limpou a boca com as costas das mãos. Sina se sentou ao lado dela, e deixou que a amiga apoiasse a cabeça em seu ombro.

- Obrigada! - Ela grunhiu, a voz embargada e rouca.

- Tudo bem amiga. Ainda enjoada? - Joalin assentiu lentamente. - E a Sabi?

- Dormindo. 

- Hum. - Foi tudo que Sina falou, antes que um silencio absoluto se instalasse no local. Joalin se aconchegou nos braços de Sina e fechou os olhos. 

- Você se lembra de alguma coisa de ontem? - Joalin perguntou, em voz baixa.

- Não, nada de nada. Só de beber muito, dançar muito e vomitar muito. Ah e daquele garoto... Não me lembro do rosto dele, só que era um garoto.

- Garoto? - O tom de voz de Joalin aumentou duas oitavas e ela se esticou para olhar o rosto da amiga. 

- È, mas acho que só dançamos um pouco. - Sina sentiu uma sensação estranha ao ouvir as palavras serem proferidas de sua própria boca, como se tivesse feito a maior besteira de sua vida e não se lembrasse de nada.

- Hum. Sabe eu fiquei com um garoto. - Sina olhou para a finlandesa com as sobrancelhas arqueadas. - È, acho que o nome dele era Mailey Bay ou alguma coisa assim. 

- Era gato?

- Acho que sim, quase certeza. Sei que beijava bem.

- Você checou o quarto todo? tem certeza que não tem ninguém na sua cama? Isso já aconteceu comigo e é bem péssimo. - Joalin olhou para o nada e balançou a cabeça.

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