23- entorpecida

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  Quando eu abri os olhos a luz machucou minha visão.
Tem um cateter na minha mão dando acesso a uma bolsa de soro.

  Alguém entrou na sala e ajustou minha cama. Agora eu estou sentada.

— o que você está fazendo comigo?— perguntei ao homem.

  Ele está usando mascara, então é impossível dizer quem é.

— enquanto você dormia nós preparamos o seu corpo para a mudança— ele falou. Tirou o acesso e mediu minha temperatura— mas, respondendo sua pergunta, o que eu estou fazendo é mudando suas células.

  O médico pegou uma seringa estranha e com uma agulha grande, o conteúdo era branco.
Ele se aproximou e empurrou minha cabeça para o lado.
Quando ele injetou o conteúdo eu me sentir extasiada, foi como uma droga no meu organismo.
As imagens ao meu redor ficaram coloridas e distorcidas.
Eu me senti alta.

  Alguém entrou na sala e me levou de volta ao quarto do início.

  Eu escutei várias vozes do outro lado da porta. Elas pareciam estar em sintonia.
Eu sentir o ar mais forte em meus pulmões e uma euforia incontrolável.
Tudo parecia mais vivo e brilhante. As coisas ficaram em câmera lenta, foi a melhor sensação que eu senti.

  Fiquei nesse estado por mais algumas horas até o médico e Courtney virem me ver.

— não há diferença nela— Courtney comentou com o médico— tem certeza que ela pode ser um sucesso?

— certeza? Não. Mas o corpo dela não teve as reações horríveis como a dos outros— o médico falou. Eu não enxerguei muito bem o rosto dele, apenas um espectro de cores— ela é diferente.

  Eu acho que eles saíram, porque escutei a porta batendo.

  Alguém me tocou. Virei e vi Jeannine deitada e parecendo fraca. A expressão da garota forte e destemida havia desaparecido.

— Katherine, foca na minha voz— ela pediu— você precisa se concentrar, desde a hora que voltou parece estar chapada.

— eu acho que estou...— sorri sem motivo algum— não me sinto como antes, você acha que deu certo? Eu sou uma das criaturas deles?

— eu não sei, mas você precisa saber que eu descobrir uma forma de sair daqui— ela contou quase sussurrando— estamos na antiga fábrica de armas, eu estive aqui há alguns anos atrás e sei que tem uma saída pelo porão.

— e como vamos sair?

— eles vão nos levar para testes daqui a pouco. É a única chance— Jeannine tossiu.

— você está bem?— perguntei.

— não. Eu sou a número vinte e quatro, uma cobaia— ela falou com repugnância— estou corrompida... assim como você, número vinte e cinco.

  Jeannine não disse mais nada, ficou apenas esperando a hora do teste.
Levaram ela primeiro, depois foi minha vez.

  Estou descalça e com uma roupa branca de tecido fino. O chão está frio e o ar gelado.

  Em uma fração de segundos houve uma explosão. Os guardas que estavam me vigiando saíram correndo para ver o que aconteceu.
Eu continuei andando. Quando passei do lado de uma porta alguém me puxou, era Jean. Ela está pior que antes, seus olhos estão roxos.

— vai pelas escadas— ela mandou.

— mas... você?

— eu te alcanço, Katherine— ela falou e me empurrou.

ANOITECER: os caçadores de lobisomens (1° Versão - Rascunho)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora