Capítulo 1

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O trânsito da capital de Portugal está um verdadeiro caos, o que contribui exponencialmente para o meu nervosismo, este que depois de ter saído de casa só teima em aumentar, é o meu primeiro dia como professor de matemática numa escola.

Chamo-me Henry Paterson, nasci em Inglaterra mas vivi toda a minha vida em Portugal, tenho 24 anos, tenho cabelo curto e loiro, olhos castanhos e estatura alta.

O transito parece acabar e suspiro de alívio. Chego á nova escola e o meu nervosismo aumenta ainda mais, é a minha primeira vez a dar aulas para uma turma, formei-me em matemática á 6 meses e até então só tinha dado explicações particulares a um máximo de 5 alunos. Respiro fundo e repito no meu subconsciente que estou totalmente preparado e que estou a realizar o meu sonho. Estaciono o meu BMW no estacionamento á frente da escola e entro, de uma vez por todas no estabelecimento de ensino. Dirijo-me á sala dos professores e observo muito atentamente um placar afixado onde tinha o nome dos professores, as suas turmas e as salas. Ao meu lado encontrava-se uma mulher, que parece ser pouco mais velha que eu, e estava também a ver as suas turmas. Vejo que fiquei encarregue de duas turmas, uma de 10º Ano e outra de 12º Ano.

- Henry Paterson? – Chama-me a atenção a mulher ao meu lado.

- O próprio. – Respondo e cumprimento-a com um aperto de mão.

- Bom, eu sou a Cláudia, o diretor disse-me para o orientar, se precisar. E também vi que temos 1 turma em comum, mas eu sou professora de Física e Química.

- Muito obrigado e foi um prazer conhecê-la.

- Ora essa, devemos ter idades parecidas, podes-me tratar por tu. – Assinto á sua declaração. – Bom, vou para a aula que o toque está próximo. Até mais tarde e boa sorte Henry.

- Até mais e boa sorte também para ti, Cláudia. – Despedi-me e sorri, para já estava tudo a correr bem, turmas do 10º e 12º Ano, apesar de serem adolescentes, principalmente os de 10º, são adolescentes já com algum sentido de responsabilidade e estudo, pelo menos espero eu.

Percebi pelo meu relógio de pulso que faltam 5 minutos para a primeira aula, então decidi ir para a sala. A caminho desta fui alvo de vários olhares de muitos alunos, talvez por ser o "professor novo". Perto da porta da sala de aula estavam 2 rapazes a desferir socos e uma pequena roda de alunos os rodeava sem fazer nada, então abro a porta da sala rapidamente, deixo a minha mala na mesa e corro para o local da confusão. Ouvia-se vários insultos, destes consegui ouvir alguns como: "filho da put*", "bichinha", etc.

Afastei os dois com as minhas mãos e disse bem alto:

- Querem acabar na sala do diretor no primeiro dia de aulas!? – Todos olharam-me confusos, mas ao aperceberem-se que eu seria um professor, a roda foi desfeita e começaram a dirigir-se para as salas. – Agora nós, eu sou muito bom em gravar rostos, por isso, garanto-vos que se me aperceber que algo do gênero se volta a acontecer, vou falar com o diretor. – Eles assentiram e afastaram-se, um foi para o lado oposto e outro foi para as minhas costas e entrou na sala que por acaso era a minha. Respirei fundo e retirei a ideia da minha cabeça que os alunos de 12º Ano dariam menos trabalho. O toque soa pelos corredores e fico do lado de fora da sala á espera que todos entrem, após isso e de todos estarem sentados, escrevo o meu nome no quadro.

- Como já devem ter percebido sou o vosso novo professor de matemática. Chamo-me Henry, tenho 24 anos e amo matemática. E vocês? – Introduzi tentando ter boa impressão, pois a primeira impressão nos jovens conta muito. Cruzei os braços e acenei para a primeira aluna na primeira mesa, esta atrapalhada e corada não conseguiu dizer nada. – Então, todos vão fazer uma breve apresentação para eu fixar os nomes.

Após todos se apresentarem chegou ao último aluno, estava na última mesa da última fila, e de boné. Reconheci-o como um dos participantes da luta de ao bocado.

- Chamo-me Liam e tenho 17 anos. – Fala rapidamente.

- Primeiramente Liam, podes tirar o boné e depois podes adicionar mais alguma coisa a essa apresentação.

Ele tirou o boné e revelou um cabelo longo e loiro, bem bonito na verdade. Ele pareceu pensativo no que iria falar.

- A julgar pelos olhares que estou a receber, todos já devem saber mas mesmo assim vou dizer: Sou bissexual e com orgulho. – Revelou o Liam e todos ficaram surpresos, inclusive eu, é preciso ter muita coragem para se assumir perante todos e aparentemente sem medo, aos 17 anos. Após um grupinho começar a rir eu corto as gargalhadas:

- Há algum problema aí ... Carlos? - Questionei levemente irritado e tentando lembrar o nome do aluno.

- Problema? Comigo? Nenhum, mas talvez com ele deve haver. – Responde.

- Não, estás muito enganado, quem tem um problema és tu, que para além de mal-educado, és homofóbico. Mais algum comentário homofóbico dentro da minha sala e essa pessoa sai na hora.

- Porquê tanta irritação? Você é? – Pergunta outro aluno ao lado do Carlos.

- Isso diz respeito só e somente só á minha pessoa. – Todos ficaram surpresos, talvez porque pensaram que eu era hétero, mas não havia razões para negar o que sou, Homossexual. Passei por muito para me assumir, não seria uns adolescentes que me iriam intimidar.  – Liam, depois da aula acabar quero falar contigo. Agora, que as apresentações foram feitas, vamos ao que realmente importa, matemática.

Falei de alguns assuntos iniciantes do livro que a escola segue e ouviu-se o toque.

- Podem sair e até amanhã.

Mal me ouvem, começa um ruído do conjunto de cadeiras a serem arrastadas e dos alunos a conversarem enquanto abandonam a sala de aula.

***

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Henry Paterson.

O Amor proibido  (Romance gay)Where stories live. Discover now