𝐀𝐑𝐀𝐁𝐄𝐋𝐋𝐀

07

– Vamos para algum outro lugar – passo por ela e quase posso sentir sua frustração emanar do corpo.

– Podemos ir para a minha casa.

– Não, eu tenho um lugar melhor, que não vamos a muito tempo.

Seu cenho fica franzido e ela apenas continua caminhando comigo até chegarmos ao meu carro, assim que entramos começo a conduzir calmamente, não coloco som algum e apenas deixo o silêncio nos engolir aos poucos.

– Parece você, mas não é você.

– Eleanor, desencana dessa – aperto meus dedos no volante com mais força.

– Você sabe que pode conversar comigo sobre o que quiser.

Suas palavras soam com total compaixão e eu quase me convenço de que posso confiar nela. Olho-a brevemente e ela apenas sorri.

– Na hora certa.

Finalizo a conversa e ela entende. Sua frustração está exalando dentro do carro e eu tento criar coragem para dizer qualquer coisa, qualquer coisa para me livrar disso que estou sentindo.

– Hunter é muito enigmático.

Ela parece surpresa pelo o meu assunto e se ajeita mais no banco pronta a entrar de cabeça na nossa conversa.

– Como assim?

– Depois que eu apaguei, ele me levou para a casa dele e acabamos jantando, conversamos, e foi muito agradável – eu respiro fundo e deixo o ar sair com força dos meus pulmões.

– E o que tem de errado nisso? – ela se parece confusa e dou de ombros.

– Eu só não me sentia assim muito tempo – sussurro – Ele não tentou fazer nada comigo, ele só me escutou, tentou me entender, foi delicado, simpático, foi o oposto de todos os homens que já saímos.

A olho enquanto mexo a minha mão tentando explicar o quão confusa eu estou, fico me lembrando de todas as vezes em que eu deitei na cama quando mais nova e pedi por todas essas qualidades em um homem, e agora ele está aqui.

– Ele é esse homem certo no momento errado né? – ela compreendeu e eu assinto tristemente.

– Eleanor, ele teve a porra de 21 anos para aparecer, e ele me aparece quando eu estou mais fodida – dou um murro no volante com força e ela dá um pulo no assento.

– Você não tem como controlar isso, Arabella – sua voz soa calma e delicada – Já parou para perceber que todas as vezes que você disse que algo estava errado na sua vida, na verdade estava certo?

– Não é bem assim – resmungo.

– Na nossa graduação do colegial seu vestido rasgou de última hora e você teve que comprar outro as pressas, eu ouvi você chorar o dia inteiro e dizer que estava tudo errado, e depois você simplesmente era a garota mais deslumbrante que tinha, você não estava nada comum, aquela noite foi perfeita – ela sorri com a lembrança e meu coração se aquece no mesmo instante.

– Ou aquela vez em que fomos viajar para Malibu e nossa reversa no hotel foi cancela de última hora e nos transferiram para outro muito melhor – eu entro na onda dela e ela começa a gargalhar.

– Isso que eu estou dizendo! Você nem deu uma chance para ele.

– Mas...

– Mas o que, Arabella? Ele não quer casar e ter filhos com você, talvez ele tenha se identificado, ou simplesmente gostou de você como amiga! Nem todo homem quer foder com a primeira mulher que anda na frente dele.