O sinal toca para a aula de álgebra, depois do meu período livre, e Beth e eu saímos do campo para voltarmos para o prédio da escola. Ela segue o caminho para o armário dela pouco depois, se despedindo ao subir as escadas. Eu sigo direto, indo pegar minha mochila no armário antes de seguir para a aula de álgebra.

     Abro a porta do armário, e, enquanto pego a mochila, olho para as fotos que colei na parte de dentro da porta. Não sei porque ainda guardo essa foto estúpida em que estou com o Alec e a Tess – aqui nós tínhamos onze anos, Tess e eu estávamos de maiô e o Alec de bermuda, os três todos molhados, sentados no píer da casa no lago da família da Tess; foi um dos melhores verões da minha vida. Com raiva, arranco a foto do armário e a amasso, tacando no fundo do armário antes de fechar a porta outra vez.

     Depois de ouvir o clique do cadeado sendo fechado outra vez, ouço a voz de Alyssa me chamar, e então olho pelo corredor. Ela vem vindo correndo, seus cabelos curtos e úmidos balançando sobre os ombros, e os tênis fazendo barulhinho ao entrar em atrito com o piso do chão. Quando enfim chega perto de mim, está ofegante, tanto que apoia as mãos no joelho enquanto recupera o fôlego.

     — Espera... deixa eu só... — Ela murmura entre respirações pesadas. —... respirar...aí meu Deus, por que eu sou...sedentária? Acabei de fazer...cinquenta polichinelos.

     Arqueio uma sobrancelha.

     — Você tá legal?

     Em resposta, Alyssa ergue uma mão, como se pedisse tempo ou então para que eu fique quieta. Pouco depois ela respira bem fundo, erguendo o corpo.

     — Pronto...agora já consigo falar. — Ela suspira — Mas eu não sei nem como começar...
     — Aconteceu alguma coisa? Você tá me assustando. — Dou um passo para trás, franzindo a testa suavemente. Seus olhos estão levemente arregalados, como se Alyssa tivesse visto um fantasma, e as bochechas morenas avermelhadas. A gente não se fala de verdade desde que ela estava chorando no banheiro, e agora ela chega assim, do nada, toda desesperada; é óbvio que eu vou ficar assustada, porra! — Você tá bem? Quer... conversar de novo?

     — Não, não, não! Não é nada comigo. — Alyssa pressiona os lábios, sustentando o olhar no meu de forma demorada, dando uma certa impressão de que aconteceu alguma coisa comigo e eu não faça ideia do que seja, mas todo mundo ao meu redor sabe. Meu coração acelera sem ela ao menos me contar nada ainda. Só a expectativa já me deixa nervosa.
     — Fala logo, Aly! — Exclamo ansiosa
 

   — Eu não sei como começar, cacete! — Ela praticamente grita, arregalando os olhos para mim e gesticulando com as mãos. — Não é pouca coisa, é algo grande... muito grande.

     Eu só ouvia a Aly falando assim quando tinha uma fofoca nova pra contar, e às vezes a fofoca não era nem de alguém que a gente conhecia bem, me deixando toda perdida nos nomes e nos acontecimentos.

     — Olha, Aly, se você tiver alguma fofoca pra contar, pode ser depois da aula? — Arqueio uma sobrancelha
     — Não, não é nada disso! É sobre você! E o Christian...e a Tess!

     Eu a encaro, sem entender muito bem, apesar de haver mil coisas que possam existir entre mim, Christian e Tess. A única coisa que consigo processar no momento são as fofocas que Tess inventou sobre o porquê do Christian ter me traido – uma coisa sobre a qual nem nós mesmos temos a verdade, já que não entra na minha cabeça o motivo que levou ele a me trocar, a não ser, é claro, pelo fato do Christian ser um puto.

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