Capítulo 5

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           Pela primeira vez fiquei perdida sem saber o que fazer e olha que já enfrentei muita coisa desde que comecei a viajar pelo o mundo. Ver aquele homem nessa situação mexeu mais comigo do que as crianças desnutridas por falta de comida, homens morrendo por serem atingidos na guerra e muitas coisas desse tipo. Passei meses em missões humanitárias em lugares de extrema pobreza, então acredite quando eu digo que vi muita coisa, mas nenhuma delas me deixou tão desnorteada como ver esse estranho assim desacordado.Eu sei que não deveria movê-lo e sim chamar uma ambulância, mas debaixo dessa chuva eles podem levar uma eternidade para chegar até aqui. Além disso, ele parece ter andado um longo caminho antes de chegar até aqui então nada que eu faça pode prejudicá-lo mais no momento, ao menos é o que eu acho.

Eu tentava arrastá-lo até o carro com cuidado para não machucar mais o ferimento, mas apesar de estar muito magro para um homem do seu porte ele ainda era muito pesado para alguém como eu carregar. Eu não sou nenhuma modelo de passarela, não sou gorda, mas tenho algumas curvas e não sou tão alta quanto eu gostaria. Consigo chegar a um metro e setenta quando coloco saltos matadores de dezesseis sentimentos, afinal quem não tem altura compre, certo? Seu peso era demais pra mim mas ainda assim eu não desisti e queria que ele não estivesse tão fraco assim ele poderia me ajudar a ajudá-lo.

Eu tentava conversar com ele para mantê-lo acordado mas ele começou a dizer palavras desconexas me deixando ainda mais assustada, fiquei com medo que ele perdesse a consciência se isso acontecesse seria impossível que ele chegasse até o carro por que eu não conseguiria carregá-lo, se acordado ele parece pesar uma tonelada imagina desacordado. Eu estava tentando arrastá-lo mas uma vez para o carro quando escutei um barulho de carro parar bruscamente quase ao nosso lado. Dois homens fortes segurando o guarda chuvas vieram correndo até nós. A princípio fiquei assustada, porque pensei que alguém se aproveitaria da situação para me assaltar. Acho até que alguns carros que passavam pensavam da mesma forma e por isso não deram ajuda aquele homem, sabemos que essa parte da cidade não é tão segura como deveria.

_ Quer ajuda ai moça? - perguntou um deles. Estava caindo um temporal e ver dois estranhos se aproximando de nós me deixou assustada, mas eu precisava de ajuda, ele precisava ir para um hospital e eu tinha duas escolhas a fazer, ou eu arriscava e confiava naquele homem ou eu ia embora e deixava ele morrer. Eu jamais conseguiria fazer a segunda opção então acho que ia ter que arriscar.

_ Por favor, moço! Meu amigo está passando mal e eu preciso levar ele até meu carro, mas ele é muito pesado, será que vocês podem me dar uma mãozinha? - digo meio chorosa. Os homens percebem meu desespero e fazem o que peço sem questionar. Depois que eles colocaram ele deitado no banco de trás do meu carro, levantei sua camisa ensopada e perto das costelas havia um corte bem grande que sangrava muito.

_ Ai meu Deus ele está ferido. - diz um dos homens preocupado.

_ Ele precisa ir para o hospital. - falou o outro que até então estava calado.

_ Eu posso dirigir, você vai atrás com ele. - fala um dos caras me empurrando para que eu me sente ao lado do estranho no banco de trás. Depois de tomar as chaves do carro da minha mão ele me ajuda a colocar a cabeça do estranho no meu colo.

_ Vou te seguir e te encontro no hospital cara. - fala o outro correndo para o seu carro. Quando o estranho que dirige coloca o carro em movimento me lembro da Patrícia e de que ela pode me ajudar se estiver no hospital hoje.

_Ai, ai...-diz o estranho quando tento pressionar a ferida para conter o sangramento.

_ Eu tenho uma amiga que é médica, vou ligar pra ela e ver se ela está de plantão hoje, você pode me passar minha bolsa por favor? Meu telefone está dentro. - falei enquanto tentava manter o estranho em meu colo quente, eu o agasalhei com os cobertores que estavam no meu carro com uma das mãos enquanto pressionava a ferida com a outra e depois pego o telefone na bolsa que o outro estranho me entrega.

Tinha Que Ser Você (degustação) Where stories live. Discover now