Capítulo 66

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Paula 🌙

Se eu estivesse grávida, já teria perdido meu bebê. Acordei meio perturbada olhando para os lados e vi a Carol chorando em uma cadeira.

Paula : Tá chorando? - Coloquei as mãos nos meus olhos limpando os mesmos.

Carol : O Fiot morreu, Paulinha! - Me olhou com os olhos vermelhos.

Senti meu coração apertar.

Paula : A Ari ta bem? - Ela me olhou sem saber o que responder.

Carol : Deve ta na casa do Menor. Ela ta muito triste. - Me levantei. - Continua deitada, tu também não ta nada bem, maluca! - Me sentou na cama.

Paula : Quero ver a Ari. - Ela negou.

Carol : Melhora primeiro!

Vitinho : A ruivinha ta certa, pô, deita aí! - Apareceu na porta.

Paula : Traz a Ari pra mim, por favor!  - Olhei pra ela com cara de choro.

Vitinho : Trago sim morena! Mas me fala como tu ta. - Chegou perto de mim. 

Carol : Vou deixar os dois sozinhos. - Saiu. 

Paula : Com algumas dores pelo corpo, mas bem. - Ele passou a mão pelo meu braço fazendo carinho.

Vitinho : Tu apanhou pra caralho. Mas já ta vingado. - Riu fraco.

Paula : O quê é isso no teu braço? - Peguei no mesmo.

Vitinho : Preocupa não maluca, tô bem!

Paula : Isso é um tiro?  - Olhei pra ele.

Vitinho : De raspão pô, breca não! - Revirei os olhos.

Paula : Breco sim, caralho. O Mourinho tá aí? - Assentiu.

Vitinho : Arrumei um barraco pra ele aqui na favela. - Olhei pra ele meio desconfiada e fiz uma cara feia.

Vitinho : Que foi morena? Gostou não? - Sorriu de canto.

Paula : Eu quero te contar uma coisa, mas não surta. - Segurei o braço dele.

Vitinho : Prometo nada não. - Me olhou torto. 

Paula : Ele.. - Mordi meus lábios.

Eu tô muito confusa! Não sei o que o Vitinho é capaz de fazer se souber. Mas ele é meu namorado e eu tenho que contar.

Vitinho : Fala, caralho! - Aumentou o tom de voz.

Paula : Abusou de mim. - Falei rápido.

Vitinho : Ele o quê? - Se levantou coçando a cabeça.

Paula : Mas não faz nada com ele por agora. Espera eu ficar bem, quero melhorar um pouco e ver o que nós dois podemos fazer pra punir ele, entendeu?

Vitinho : Tu tem noção dos bagulhos que tu ta falando? Tu ta drogada, só pode, mané! - Me olhou puto. - Eu quero fazer sozinha, morô? Lei pra estuprador, é só uma. Não tem essa de esperar e blá blá blá não.

Paula : Vitor presta atenção! - Falei novamente.

Vitinho : Ele abusou de tu porra, minha muié caralho. Acha que eu vou ficar sentado de braço cruzado? Se fode!

Paula : Só não faz nada com ele, por favor! Eu tô tão machucada e só quero ficar contigo. - Puxei ele que o mesmo se soltou.

Vitinho : Eu não vou fazer nada agora. Mas depois vou dar os papos nele e passar a visão dos minhas paradas. Ta achando que é o que? Vai abusar da minha muié e fica assim? Meu pau grandão!

Paula : Agora fica aqui comigo. - Puxei ele pra cama
.
Vitinho : Devagar caralho! Eu posso te machucar desse jeito.

Paula : Por quê demorou pra ir atrás de mim? - Encostei minha cabeça no ombro dele.

Vitinho : Não podia chegar de uma vez morena. Tinha que ver as paradas tudo certinho pa tu sair de lá bem. - Falou meio seco.

Paula : Se tu demorasse mais um pouquinho eu ia morrer. - Ri e ele olhou com cara feia.

Vitinho : Para mané, tá falando nada com nada, bateram na tua cabeça foi?

Paula : Só quero meu moreno. - Abracei ele. -

Ele me contou que tinha ido no meu trabalho contar pra dona de lá o que tinha acontecido. Pra eu não ser demitida.

Mas era bom ter ele de volta comigo. Sentir o abraço dele, a presença..

Acordei e não vi o Vitinho do meu lado. Mas eu sabia o que o Vitor tinha ido fazer, e vocês também.. O Vitor é impulsivo, é óbvio que ele não ia esperar. Ele é bobo? É nada. Mourinho vai ter o que merece. E eu não teria coragem de ver a cena.

Ia levantando quando a Ari aparece chorando.

Paula : O que foi, princesa? - Abracei ela.

Ari : Eu preciso te contar uma coisa. - Olhou pra mim. -
Meus filhos vão nascer sem um pai. - Abri mó olhão e ela começou a chorar.

Paula : Filhos? - Ela assentiu.

Ari : Eu tô grávida Paulinha, de gêmeos. O Fiot morreu e eu vou ter que criar eles dois sozinha. - Sentou do meu lado.

Paula : Eu tô aqui com você, vou te ajudar! - Abracei ela mais forte.

Ari : Eu só queria o meu William do meu lado. Ver ele estirado naquele chão me doeu tanto. - Chorou mais ainda. - Mas eu entendo! São as regras da favela, e olha o quê ele fez contigo também.

Paula : Vai ficar tudo bem, meu amor! Tô com contigo!

Tudo Aconteceu. (CONCLUÍDO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora