Nothing To Lose¹ • JJ

doze

– Mas oque é isso garota -Meu tio derruba o prato que estava em sua mão e me aproximo dele com raiva.

– VOCÊ SABIA, SABIA QUE MEU PAI ESTAVA MORTO NÃO É? -Grito com os olhos lacrimejando, puxando ele pela gola e o empurrando – SABIA QUE ELE TINHA IDO ATRÁS DO MERCHANT E NÃO ME CONTOU -Gritava as coisas e elas saíam pela minha boca sem que eu pudesse pensar duas vezes. Eu estava triste e com raiva.

– Você está louca? -Me empurra

– Eu cansei! Cansei de não saber onde ele está e aceitar teorias que ele pode estar vivo. Você sabia, vi você queimando um papel com um símbolo e disse que eram contas. OQUE TINHA NAQUELE PAPEL? -Grito mais uma vez, o empurrando com força.

– OLHA COMO VOCÊ FALA COMIGO -Gritou já com a veia saltando na testa e no pescoço, ganhando uma coloração vermelha. Ouço a batida da porta sendo aberta, mas ignoro.

– Ou o que? Vai me espancar de novo?Vai me bater de novo? EU CANSEI. Vai, bate, mas eu vou continuar querendo saber oque você me escondeu -Digo com raiva, não sentindo nem um pingo de medo dele.

– Garota... -Suspirou, e começou a passar as mãos pelo cabelo – No papel seu pai dizia que estava indo atrás dele, eu suspeitava, mas não disse nada. Disse que um homem o contatou, eles conversavam desde que seu pai encontrou a âncora. O homem não confiava no chefe e... Chamou seu pai para acompanhar tudo de perto, na carta ele me dizia, que se não voltasse em um mês, era para eu queimar e não contar para você. Seu pai não queria que você soubesse que ele falhou na única coisa que queria fazer -Todas aquelas palavras se embaralhavam na minha mente, e meu cérebro tentava colocar elas no lugar. Meu pai não deixou recado nenhum para mim.

Meu pai está morto.

Encontrou o sonho dele e morreu.

– Não fala mais comigo -Tiro os comprovantes de pagamento do bolso e jogo no sofá, me viro para a porta e vejo JJ com uma feição de assustado se afastando, saio pela porta nervosa e sinto ele segurar meus braços.

– Ei, ei, ei, calma -A voz dele entrou nos meus ouvidos mas ignorei puxando meus braços e indo para a rua, até que não aguentei mais, e caí de joelhos no chão.

Agora as lágrimas rolavam fortemente pelas minhas bochechas. Sentia os soluços rasgando minha garganta e meu peito doendo, meu coração batia da forma mais dolorosa possível, me sentia pesada. Meus ombros pesavam, minha respiração estava falha, e só consigo esconder meu rosto com as mãos enquanto choro.

– Jamay... -JJ puxa minhas mãos para baixo e abro os olhos, mesmo com a visão toda embaçada pelas lágrimas, vi JJ ajoelhado na minha frente, não sei se era só agora mas a lua o iluminava de forma diferente, seus fios loiros pareciam mais brilhantes, seu maxilar mais marcado, seus lábios pressionados como se não soubesse oque falar, rugas de expressão na testa e em volta dos olhos, sua pele parecia mais iluminada e bronzeada, suas covinhas apareciam mais, e... E seus olhos... Mais azuis impossíveis, uma mistura de todas as palhetas de azuis, não era como o céu muito menos com o mar, era único. Brilhavam mais que tudo que eu se quer já tinha visto, mas naqueles olhos demonstravam muita coisa mesmo estando lacrimejando, transmitiam dor, preocupação, tristeza, cuidado, compaixão, carinho. No olhar do Maybank demonstrava mais que tudo.

– Ele, ele, ele está... -Paro para respirar fundo, e sinto o aperto de suas mãos geladas nas minhas – Ele está morto JJ -Posso ouvir a dor nas minhas palavras, e não controlo, choro mais e sinto rapidamente ele me puxar contra o seu peito.