Os invasores

48 3 1
                                    

Newt e Jacob despontaram em uma calçada de pedrinhas coladas umas nas outras, a neve estreitando o caminho, descendo pelos morrinhos encarrapitados de árvores escuras e sem folhas. Estavam no Central Parque. Desataram pela calçada, escorregando vez em quando, Newt apertando a alça da maleta com força, temendo com um dos fechos se abrisse durante a corrida. Haviam chegado em uma ponte sobre um lago congelado quando viram alguma coisa alta se aproximando mais rápido do que eles. 

Newt nem teve tempo de sacar a varinha, pensando que talvez fosse uma de suas criaturas. Mas, assim como o leão que chegara na Diamond Street, um avestruz corria sobre as pernas longas, balançando a plumagem numa cena que nunca seria vista em um dia de inverno. Fugia como se sua vida dependesse disso. 

Encostados nas muretas, dando-lhe passagem, os dois o viram desaparecer por entre as árvores escuras. 

Newt remexeu na maleta e de lá retirou uma capacete de couro costurado e pregado a uma placa de ferro dura, com ataduras para ser encaixada firmemente na cabeça. 

— Pra que eu preciso disso aqui? — perguntou Jacob quando ele o entregou. — Eu tenho que usar? 

— Mas é claro. Pode fraturar seu crânio devido a enorme pressão. 

Jacob nunca sabia quando o senso de humor e a seriedade dele estava ativo. 

Como um macaco acuado e precavido, Newt saiu em direção ao Zoológico, seguido por Jacob que lutava para colocar o capacete. 


Naquela hora da noite, Nova Iorque mal tinha luzes piscantes, a não ser, é claro, na Times Square. Todos que estavam dormindo foram acordados por um som animalesco que lembrava um ronco gutural; este havia partido de algum lugar em meio ao enevoado Central Parque, à distância das residência das Goldstein. 

Assim como os vizinhos, elas puderam ouvi-lo de sua janela. As duas irmãs se entreolharam enquanto a Sra. Esposito colocou as mãos sobre a boca, acuada na varanda vizinha. 

Tina abriu as portas do quarto que deveria abrigar seus visitantes, rezando para que seu instintos estivessem errados e que Newt Scamander ainda estivesse em sua cama, embrulhado como um bebê muito magro e alto. Descalça, ela viu as duas camas com as cobertas viradas de lado, vazias. 

As cortinas da janela sobre sua cama esvoaçavam, balançadas pelo vento que adentrava. 

Tina não esperou mais um segundo, pegando o casaco e lembrando-se de trocar de roupa quando já estava na porta.

Onde havia deixado sua varinha...? 

Queenie continuava postada na entrada do quarto, decepcionada com sua própria cama, que ante abrigara o Sr. Kowalski. 

— Mas nem com chocolate quente? — murmurou. 


Ao longe, Newt e Jacob haviam acabado de aportar, hesitantes, nas entradas do Zoológico. 

Um rombo havia derrubado os portões e despejado pilhas de tijolos vermelhos sobre a calçada, denunciando a passagem recente de um animal muito grande e forte. Nem um trator teria tido tamanha suficiência para fazer aquele estrago. 

— Pronto... Ok, tudo bem... — Newt retirou outra coisa de dentro da maleta e passou-a para Jacob vestir. Era uma espécie de colete acolchoado, pesado como se feito do mesmo ferro que prometia livrar sua cabeça dos temidos e mortais impactos. — Só precisa vestir isso...

Estava parecendo um jogador de basebol deslocado do meio de uma partida. 

— Não precisa se preocupar com nada — disse Newt, mas sua voz estava ofegante e saia rápida, enquanto apertado os cordões do colete. 

— Alguém já acreditou quando disse isso? — indagou Jacob, erguendo uma sobrancelha. 

— Minha filosofia é que preocupar-se significa sofrer em dobro. — E novamente ele se embrenhou como um macaco, pulando sobre os tijolos e caindo no pátio desmantelado. 

Jacob o seguiu. Mas definitivamente já estava cansado daquele passeio com o bruxo. 



O que vocês acham que Newt e Jacob vão encontrar no zoológico? 

Acompanhe os próximos capítulos para saber mais!

Não esqueça de deixar seu comentário e sua avaliação! É muito importante!

Animais Fantásticos e Onde Habitam - O LivroUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum