Capítulo 8 - Disenchanted

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Helena e os outros se entreolharam, sem saber o que responder. Todos estavam muito feridos pela batalha, alguns por rasgos das próprias armas, outros pelas sucessivas quedas e todos pelo contato direto com as criaturas, que não lhes permitia averiguar a essência de seus próprios ferimentos, pois tudo acontecera muito rápido.

- Deixe-nos entrar! - ela reforçou o pedido, batendo com mais desespero ainda.

- Vamos abrir a porta - Bernard ponderou - Se eles morrerem, se somarão à nossa lista de adversários!

Sem esperar Karl opinar, ele e Vincent, em uma ação conjunta, tiraram a tramela da porta principal.

- Eles só estão mentindo para tentar nos convencer! Sem falar do período de transição! - Karl insistiu, empurrando os rapazes e ficando na frente da porta, que já vibrava com os chutes e socos aplicados nela.

- Eles estão vindo! - Margarida gritou, apavorada, ao perceber duas crianças levantando de cima do corpo dilacerado do dono do circo e detectando a presença deles.

- Que prova nos dão de que não estão contaminados?

- Estão vindo! - Margarida se desesperou ao olhar para trás - Saia! Saia! - pedia, afastando uma criança com a lança.

Sean tomou a lança da mão dela e a cravou no peito do pequeno ghoul, que continuou farejando e aprofundando ainda mais a lança em seu tronco infantil. Seus gritos pedindo para entrar se tornaram ainda mais desesperados e agoniantes nesse momento. Helena olhou para aquele ghoul quase mordendo o amigo e viu que teria que tomar uma providência.

- Uma flecha, rápido! Uma flecha com água benta! - pediu.

- Rápido! - Margarida gritou, reforçando o pedido da mais nova amiga.

- Como podemos confiar neles? Eles podem nos matar! - disse Angela.

- O máximo que eles podem tentar fazer com esta seta é tentar abrir a porta! - Vincent objetou, exasperado e muito ansioso.

Karl foi mais uma vez ignorado pelo filho Bernard, quando o rapaz tomou uma flecha besuntada e a lançou por baixo da porta. Helena a tomou e, imediatamente, para o choque dos circenses ao seu lado, a cravou na mão.

- AH! O que foi que deste conta de fazer, mulher? - Sean se desesperou ao ver o sangue borbulhando das mãos da caçadora.

A porta da hospedaria era elevada a uns quatro dedos do chão, e ela aproveitou esse generoso espaço para mostrar sua mão ensanguentada.

- Se eu estivesse contaminada, minha mão arderia em chamas logo que eu entrasse em contato com água benta! - arguiu.

- Vais mesmo permitir que abram a porta e coloquem a todos nós em perigo? - Angela cobrava do pai, que agitava a cabeça sem saber o que pensar diante da rebeldia de seus dois pupilos.

- Entrem! - Bernard puxou Helena pelo braço e chamou os outros dois, que davam o jeito de empurrar, espezinhar e brigar com os filhos do mal que ainda os perseguiam.

- Helena já provou que não tem indícios de contaminação! Mas e os outros dois? - Angela insistiu.

Margarida se escondeu no peito de Sean ao imaginar que teria que fazer o mesmo que Helena para provar sua inocência.

- Se eles estiverem contaminados, estaremos preparados para "recebê-los" - Vincent fez uma pose ameaçadora com seu arco e flecha, para apaziguar o espírito cruel da noiva.

Margarida forçou o corpo para dentro, mas as mãos de Angela pressionavam a porta para mantê-la fechada. Com isto, um ghoul derrubado por Sean agarrou o tornozelo de Margarida e não queria soltar. Naquele momento, ela gritou o máximo que podia, e Helena tentou intervir, sendo agredida pela prima em resposta. Mesmo assim, ela atingiu seu intuito, que era passar a flecha para a mão da amiga. Antes que o ghoul a mordesse, Margarida conseguiu se livrar dele com sucessivos ferimentos a flecha na cabeça. A criatura caiu para trás, com o rosto pegando fogo.

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