Capítulo Trinta e Três.

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Hoje é domingo, como todos os outros, dia de almoçar na casa dos meus avós. Pela segunda vez na minha vida, não sinto a menor vontade de ir, mas, como prometi a minha mãe que iria quando saímos ontem, me vi na obrigação de cumprir. Sendo assim, faço toda a minha rotina diária e, às dez e meia, saio de casa. Parece cedo, mas o pessoal é pontual quando se trata de almoço, então não quero ser a última a chegar e ser o centro das atenções.

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Ao chegar à rua tranquila como sempre, estaciono meu carro embaixo de uma árvore, sendo o único lugar com boa sombra, e desço. Reconheço alguns dos carros estacionados nos dois lados da rua, percebendo que, mesmo tentando, não evitarei ser o centro das atenções por ser uma das últimas. Ciente disso, mantenho a calma e sigo confiante até a casa diante de mim, passando pelo gramado bonito e me dirigindo à varanda depois de subir os poucos degraus. Segundos após tocar a campainha, já podendo ouvir o falatório dos meus familiares na sala, a porta branca é destrancada e eu sinto meu coração palpitar com o nervosismo.

"Natalie! Que bom que veio!" Minha avó exclama sorridente, abrindo a porta o máximo possível e vindo até mim para um abraço.

"Oi, vó!" Sorrio um pouco menos e retribuo seu abraço ao me curvar para alcançá-la melhor por ser menor do que eu.

Ao me permitir a entrada, ela logo volta a falar:

"Como você está? Nós soubemos do seu término com o Travis. Que pena! Ele era um rapaz tão bom!" Diz e eu me atento mais a todos me olhando dos sofás e poltronas no meu lado direito.

"Eu estou bem." Afirmo junto do movimento da cabeça.

Eu sabia que esse seria um dos primeiros assuntos...

"Está bem mesmo? Está com uma carinha triste. Espero que vocês se resolvam logo. Ele era um homem para casar!" Ela exclama ainda sorridente.

"Já está resolvido." Digo com uma expressão séria.

"Ela está ótima, vó! No próximo domingo, ela já aparece aqui com outro namorado." Meu irmão diz risonho ao vir até nós saído da cozinha, o que abre espaço para dois comentários distintos:

"Deus queira que seja outro mesmo..." Ouço minha mãe murmurar ao meu pai, ambos sentados no sofá de dois lugares encostado na janela.

"O Trey vai vir aqui domingo que vem?" Nathan indaga eufórico, levantando-se do chão e abrindo um sorriso largo para mim.

Sem saber como reagir, se devo rir ou negar, me afasto da minha avó ainda diante da porta de entrada e vou cumprimentar todo mundo, começando pelo meu avô em sua poltrona confortável de sempre, seguindo aos meus tios Dylan e Jake, tia Riley e Gabriel, seu noivo, e, por fim, chegando aos meus pais. Sem qualquer assunto comigo, fico observando os "adultos" conversando por um tempo, me atentando mais ao papo do Gabriel e do tio Jake, que falam como se fossem grandes amigos há anos, não atual e ex da minha tia.

Às vezes tenho a impressão de que o tio Jake se arrepende de tê-la traído e, consequentemente, se separado para viver junto da mãe de sua filha, porque sempre que o vejo olhando para a minha tia é com aquele olhar de bobo apaixonado - ou arrependido, neste caso.

Com a minha mente longe enquanto observo meu irmão brincar com o filho sobre a mesa de centro, acabo me assustando ao ouvir meu nome sendo pronunciado de maneira tão eufórica. Ao erguer os olhos à procura da voz rouca e melodiosa, me deparo com Barbara descendo as escadas apressadamente junto do Kyle. Babi é a filha de quinze anos do tio Jake e o Kyle é o filho do tio Dylan, ambos são bastante amigos desde que ela entrou para a família aos oito anos, o que fez todos criarem a história de que um dia os dois terão um relacionamento por causa da idade próxima, mas eu não acredito muito nisso. Sempre vi a relação deles como algo apenas carinhosamente fraternal, não amoroso. Portanto, me levanto do sofá e vou ao seu encontro no final da escada.

A Noite do DestinoWhere stories live. Discover now