Power rangers: Homecoming

Capítulo 2 - Todos os caminhos me levam de volta ao lar

O ronco do motor da motocicleta é música para quem viaja. Pelo menos era o que dizia a propaganda de motos que os pais de Kimberly mantinham na sua garagem. E ela sempre gostou de motos. O seu sonho era ter uma moto tão incrível quanto a Royal Enfield Interceptor 1970 de seu pai. Mas teve de se contentar com uma versão da linha moderna da moto: uma versão que fazia parte da linha "classic". Não sabia se o pai ia aprovar, mas ela mesma descobriu-se não tão fã do barulho do motor. Depois de rodar mais dois mil quilômetros com ela, desde que voltara da França, tudo o que ela queria era chegar logo no seu destino.

O posto de gasolina na beira da estrada mostrou-se bastante convidativo. Tinha uma pequena loja de conveniências bem ao lado e uma oficina mecânica. Era até movimentado para um lugar perdido como aquele, no meio de lugar nenhum, a caminho de Alameda dos Anjos. Ela tirou o capacete cor de rosa e entrou na conveniência. Logo uma menina vestindo um uniforme de fast food veio falar com ela.

- Oi, bem vinda ao Grease Chopper. O que posso pegar para você? – Perguntou a mocinha num tom solícito. Kim olhou o cardápio recém entre eu em suas mãos.

- Quero um cheese burguer duplo, fritas e um shake de morangos.

- Pode deixar.

O salão era bem espaçoso. Deveria ter sido reformado há pouco tempo: tinha umas oito mesas circulares com quatro cadeiras cada uma. O balcão também era grande e tinha dez banquinhos. Não tinha bebida alcóolica à vista, a não ser por algumas propagandas de cerveja. Na parede do fundo umas máquinas de pinball vintage dividiam espaço com pôsteres de propaganda de óleos e lubrificantes. Kim percebeu que além da mocinha que atendia nas mesas tinha mais uma pessoa na cozinha, provavelmente a cozinheira. Era comum ver esses lugares que são negócios familiares. Ela tirou o celular do bolso e verificou que estava sem sinal de internet. Olhou em volta, mas não viu nenhuma placa de wi-fi zone.

- Senha de internet? Não temos moça. Desculpe. Aqui em "Canfundolândia" mal temos TV a cabo. – Disse a atendente forçando um sorriso ao entregar o seu pedido.

- Obrigado de toda forma. – Respondeu Kimberly tirando as luvas de couro e pousando-as sobre a mesa. – Sabe me dizer a que distância está de Alameda dos Anjos?

- Mais ou menos duas ou três horas de viagem, seguindo pela estrada principal. Uma hora e meia se sua moto for potente e você estiver com muita pressa. – Disse uma voz vinda da área da cozinha. Era uma senhora de meia idade, um pouco fora de forma, enfiada num avental branco.

- Obrigado. – Respondeu Kim enquanto cravava os dentes sem muita cerimônia no cheese burguer. Logo sua boa foi inundada por uma profusão de sabores e temperos: a carne estava macia e selada, suculenta e ao ponto no meio; o queijo estava derretido e vinha na medida certa e o acompanhamento de picles e cebolas caramelizadas completava a sinfonia. Aquilo sim era um cheese burguer de verdade e não aqueles arremedos com queijo gruyer que tinha comido em Lion. A sua cara de satisfação estampou-se forma indelével.

- Que bom que está gostando... – Respondeu a cozinheira, enquanto atravessava o salão para ligar uma TV. Na volta, a senhora passou ao lado de Kimberly e deteve-se um pouco. A jovem pensou que poderia ter alguma coisa nos dentes, diante de toda atenção daquela gentil jovem senhora. Foi quando a mulher continuou a falar... – Vem cá moça, não quero ser intrometida e nem nada do gênero, mas não nos conhecemos?

Kimberly voltou os olhos para a mulher que estava a sua frente. Mentalmente despiu o avental e a pesada roupa de cozinha da mulher e concentrou-se nas feições do seu rosto, procurando ignorar a expressão cansada e a as olheiras profundas. Por fim arriscou...

- Linda? Linda Prescott? – Perguntou Kim, largando o sanduíche e lançando-se num longo abraço.

- Kilmberly Hart? – Respondeu a mulher, apertando a amiga recém-encontrada. Algum tempo depois as duas já estavam colocando o bate-papo em dia na mesa. As risadas vinham à medida que antigas histórias eram desenterradas.