Capítulo 2

12 0 0
                                    


Sempre usávamos a mesma roupa, eu nunca me importei, mas isso com certeza era de extrema importância para a Jenni, havia uma imensa fonte conhecida como "Ponte da renovação" ou "Reno" pros íntimos, não tinha nada haver com um banho mas quando a tocávamos conseguíamos curar feridas, machucados, além de nos renovar, nunca nos aproximamos mais do que o que nos era permitido, segundo a lenda quem deixasse que a água o tocasse por completo estaria destinado ao pior dos destinos, nunca sabemos quem foi que infringiu as leis para que isso fosse comprovado mas ninguém queria ser a primeira cobaia.

- Sempre branco! -disse Jenni depois de tocar a água da fonte- advinha qual cor de roupa tem no meu armário? Branco. Eu sou o próprio arco-íris angelical, tenho que me vestir como tal!

Jenni tinha olhos castanho, um cabelo preto como a noite e liso. Mas uma coisa pela qual ela super se gabava era a cor de sua pele, ela era uma mistura entre a cor preta e branca, uma forma que os humanos só conhecem pela doença, o vitiligo, algo que requer cuidados para um humano mas não para Jenni, ela não sofria como, por exemplo com problemas relacionados ao sol, exatamente por ter nascido como um anjo, era apenas mais um coloração de pele assim como todas as outras. Quando nos conhecemos ela se apresentou como um arco-íris, eu ri de primeira, mas ela estava certa e não era só pela sua cor, Jenni era um arco-íris, aonde ela ia encantava aos outros e deslumbrava os olhos de qualquer um, só sendo ela mesma.

- Ela está certa- disse Rick que já havia passado pela fonte enquanto eu me aproximava dela.

- Eu sei- respondi e toquei a fonte, a sensação era refrescante, me sentia até mais jovem- Agora tenho que ir, o aniversário de Victor já deve ter começado.

- Vou com você, Isabela deve estar a caminho a uma hora dessas- Rick era anjo da melhor amiga de Victor, o que era ótimo porque partilhar segredos era uma coisa da qual amávamos fazer. Rick tem uma pele pálida, com seus olhos e cabelos escuros. Assim como Fyero a diferença é que Rick sempre foi muito mais sério e seguia as regras a todo e qualquer custo, ás vezes me irritava mas éramos uma família, nós três e eu sempre soube que apesar disso nós três estávamos acima de qualquer regra e imposição.

- Ah... eu sempre fico isolada de festas e qualquer evento social, isso é deprimente... - Todos nós tínhamos uma função a de Jenni era cuidar e nos monitorar enquanto estávamos na terra, um trabalho monótono, não fazia nenhum sentido com sua personalidade, mas ela foi a primeira de nós a ser criada, estava aqui a tanto tempo que já havia conseguido um cargo dessa altura. Sua feição mudou em segundos para um desespero - tenha que ir, vou chegar atrasada.

E assim fez, voando como uma rajada de vento.

Eu e Rick chegamos à varanda e vimos nossos dois "serumaninhos" conversando, Isabela era um caos e normalmente colocava os dois em problemas, seus olhos brilhavam quando estava pensando em algo que provavelmente geraria um prejuízo futuro. Quando ela saiu da sala para o banheiro, Victor me viu, ele não pode sorrir havia muitas pessoas em volta, mas eu o conhecia sabia que ele estava agradecido.

Tudo corria bem. Victor estava com o tom sonhado terno de sua mãe e contente por saber que eu estava ali, a família cantou parabéns e festa seguia na pista de dança, com músicas escolhidas por Cristhine.

A campainha tocou, Cristhine foi até a porta e um frio corroeu toda a sala, oque? Definitivamente não... Eu sabia quem era, mas por quê? Eram dois demônios, e não eram demônios qualquer, eram Matheus e Lucas, o filho do rei dos demônios e seu melhor amigo... eu sei que não deveria sentir isso, mas um ódio subiu por dentro de mim que era como se eu pudesse matar os dois, bem ali.

- Oque eles estão fazendo aqui? - disse a Rick.

- Eu não sei- respondeu- temos que ter paciência... Violeta. Violeta! -finalmente desviei meu olhar para ele- abaixe as asas.

Minhas asas estavam preparadas para um voo, como se eu fosse voar na garganta deles, como se não... eu ia. Respirei fundo e me controlei, eu não podia ser tão burra assim, um erro e eu perderia Victor para sempre.

- Não pode deixar que te vejam assim – Rick continuou- anjos não sentem esse tipo de sentimento e se sentem devem aprender a ignorar, conhece as regras... é perigoso.

- Desculpa- ele estava certo, qualquer deslize ou escorregão e eu perdia qualquer direito.

Os dois entraram pela porta usando a persuasão e fazendo com que Cristhine acreditasse que eles eram primos distantes, estavam visíveis aos humanos e ficaram ali durante toda a festa, se divertiram, beberam e conversaram como se não fosse nada demais. Mas eu não desviei meus olhos deles nem por um segundo e enquanto o príncipe Matheus se distraia, Lucas não desviava o seu olhar de mim. Eles tinham uma pele pálida como todos os outros, me fazia recordar o medo e a morte, encará-lo já estava começando a me dar aflição, mas eu não podia deixar que eles cometessem um deslize. Os demônios em geral possuíam olhos vermelhos, era um castigo para que sempre se lembrassem do sangue que escorria nas suas mãos, mas ao ficarem visíveis Matheus assumiu olhos escuros e Lucas olhos verdes. O príncipe tinha a minha idade, só que conseguia ser mais baixo do que eu quando estava ao lado de Lucas, suas diferenças de altura eram nítidas, Matheus carregava aquele sorriso irônico e quando ele me olhava eu retribuía, se é pra jogar vamos jogar certo, não é mesmo? Lucas não, era sério, sinto que se eu virasse as minhas costas eu poderia ser atacada. Bem... ao final da festa eles foram embora e Matheus fez questão de me lançar um pequeno beijo antes que a porta se fechasse. Idiota.

-Viu só? - Disse Rick- não foi nada e eles já foram embora, relaxa.

- Você viu aquele beijo? - retruquei- eles estão aprontando algo.

-Estão... com você! Demônios tem essa mania, é só pra criar dúvidas e suposições na nossa cabeça.

- O problema é que não era qualquer demônio- respondi.

Ele não retrucou, ele sabia disso e estava preocupado também.

A festa já havia acabado e Rick acompanhou Isabela até sua casa, Victor terminou de ajudar a mãe em algumas tarefas e foi para o seu quarto dormir quando eu ia me retirando pela janela, escutei ele me chamar.

- Violeta? - me virei para ele- quem era aquele que estava com você? Era um anjo?

- Oque? - perguntei- você o viu?

- Vi.

Ele não enxergava só a mim.

- E... eu não entendo por que ficou tão irritada com os meus primos- continuou- não eram o que diziam que eram, não é? Eu senti alguma coisa... um frio... eu não sei explicar...

- Não... não, não eram...eles...

Um relâmpago forte veio ao céu mesmo sem nuvem, algo estava errado, eu precisava voltar.

- Eu posso conversar com você depois? - continuei.

-Promete que volta?

-Prometo.

Assim abri as asas e me atirei aos céus o mais rápido que pude. Havia muitas nuvens e uma escuridão que não eram comuns mas consegui chegar ao nosso retiro. Estava um caos, alguns anjos machucados, outros caídos e todos correndo de um lado para o outro. Algumas construções quebradas e sangue, havia sangue no céu. Encontrei Jenni  ao chão, me aproximei e a levantei, seu olhar estava perdido e era como se tivesse chorado por horas, as mesma roupas de pouco tempo atrás estavam definhadas.

- Jenni! Jenni- falei tentando chamar a sua atenção- O que houve?

Seu olhar estava perdido, mas por um momento encontrou o meu.

- Nós... fomos atacados...

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: May 25, 2020 ⏰

Adiciona esta história à tua Biblioteca para receberes notificações de novos capítulos!

O anjo da guardaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora