Capítulo Trinta e Dois.

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"Ah, não, Natalie! O que aconteceu com você? Onde está a educação que eu te dei? Te criei com tanto amor e carinho para você ficar saindo com aqueles estranhos com os quais a Julia sempre andou? Um bando de gente que não tem onde cair morta!" Exclama indignada.

"Ele não é igual aos amigos dela, eu juro!" Afirmo calmamente. "Aliás, o Travis também é amigo deles e foi como eu o conheci, se lembra?" Menciono com vangloria por ter um bom argumento e a mulher gagueja enquanto busca por uma forma de contestar.

"O Travis é diferente. Ele não é rico, mas sempre foi muito esforçado e muito querido, ainda não acredito que quer descartá-lo para viver uma aventura com aquele... Eu nem tenho adjetivos suficientes para descrevê-lo!"

"Eu não quero viver uma aventura, muito pelo contrário, tudo o que eu quero é uma companhia calma e amorosa que goste de mim e esteja disposto a compartilhar momentos comigo, sejam eles bons ou ruins!" Argumento mantendo o mesmo tom, diferente dela que logo volta a se exaltar.

"E o Travis não é tudo isso e muito mais?" Questiona em um tom mais alto e parando de andar, assim atraindo de vez todas as atenções em volta de nós, o que me deixa roxa de vergonha, mas não por muito tempo.

"Não! Ele não chega nem perto disso! Ele me bateu, se lembra?" Involuntariamente a respondo em um tom semelhante ao seu por estar cansada de ouvi-la pronunciar aquele nome tantas vezes em menos de dois minutos como se ele fosse algum tipo de santo.

"Shhhh! Olhe como fala comigo!" Minha mãe me repreende e eu me encolho ao ver seu indicador na minha direção.

"Foi você quem começou." Digo e ela coloca os óculos de sol exagerados na ponta do nariz para me olhar fixamente.

"Eu sou sua mãe, eu posso!" Exclama confiante, logo ajeitando o acessório e tornando a andar, passando por mim e seguindo com sua postura ereta de sempre.

Talvez tenha sido uma péssima ideia chamá-la para me ajudar com o vestido.

"Vai continuar parada aí?" Ela indaga a alguns metros de distância. "Vamos achar logo seu vestido para a Gala da Família Addams!" Ordena e eu reviro os olhos novamente pelo apelido péssimo.

Eu nem sei se os pais e os irmãos do Treyson são como ele, então o apelido ainda não faz o menor sentido. E mesmo que sejam, ainda acho um apelido ridículo.

-

Após rodar a rua inteira sem achar nada do meu agrado, minha mãe sugeriu que fôssemos à um ateliê de uma conhecida dela da sociedade. Sendo assim, retornamos ao carro e fomos até Bel Air, dirigindo por dezoito minutos na esperança de encontrar o traje perfeito para a Gala. Ao estacionar meu veículo diante de uma confecção imensa, bem maior do que a minha loja, passamos pela porta de entrada e eu me encanto com as pilhas de roupas prontas e tecidos ao nosso redor, logo me atentando à garota que vem ao nosso encontro. Quando minha mãe diz que é amiga da Francine, a garota assente e nos pede para segui-la até os fundos.

"Do jeito que a Francine falava da loja dela, eu sempre pensei que fosse um lugar mais elegante e arrumado ao invés deste depósito de pano." Minha mãe sussurra no meu ouvido enquanto andamos em direção à uma porta arredondada.

Ao chegarmos aos fundos, me sinto em um daqueles programas de noiva por conta do pequeno círculo alto no chão diante de um enorme espelho.

"Rebecca, querida, que honra tê-la aqui!" Uma mulher alta e elegante de cabelos platinados se afasta da moça sobre o pequeno palco e vem até nós, cumprimentando minha mãe com dois beijos sem contato e se virando para mim.

"Francine! Que confecção adorável!" Minha mãe responde e eu franzo a testa pela incoerência. "Querida, esta é a Natalie, minha filha." A mulher gesticula na minha direção e eu sorrio educadamente à sua amiga, que vem me cumprimentar com os beijos no ar como fizeram, coisa que eu acho bem tosca.

A Noite do DestinoWhere stories live. Discover now