mais ninguém

preciso de você pra me fazer feliz

Mesmo que não venha mais ninguém
Ficamos só eu e você
Fazemos a festa, somos do mundo
Sempre fomos bons de conversar

Wonwoo já estava sentindo esvair toda a esperança que ele guardou silenciosamente e em segredo, mesmo que contra sua vontade, para que alguém viesse a sua festa de aniversário. Ele marcara para sete e meia e tinha certeza que avisara para todas as pessoas que convidou, ainda que não fossem muitas, pois o garoto era definitivamente muito tímido, mas já eram oito e meia e nada de alguém aparecer. Se não fosse por insistência de sua mãe, sequer haveria uma festa, afinal, ele não tinha o menor ânimo pra confraternizações do tipo, preferia mil vezes ficar em casa lendo um bom livro enquanto escutava música em seu quarto.

Ele já estava se levantando para ir ao quarto em meio a um suspiro, reprimindo o quanto podia da vontade de chorar que sentia, quando a campainha tocou. Ele paralisou por um momento, até ouvir um segundo toque e correr para a porta, abrindo esta com pressa e uma expressão confusa no rosto. Kim Mingyu, um garoto de sua sala estava parado ali, na sua porta, com uma sacola em mãos e seu sorriso largo no rosto.

— Ah, boa noite, Mingyu. Entra. – sorriu nervoso, sem saber o que dizer quando o garoto visse que era o único presente.

— Me atrasei muito? Tive que passar na livraria pra buscar seu presente antes, então já me sinto perdoado. – ele riu, erguendo a sacola na altura do rosto, e logo acompanhou o Jeon para a sala da casa onde estava arrumada a festa. Sua feição risonha não demorou a se tornar confusa ao ver que os dois eram os único presentes – Hyung... Onde estão os outros convidados? Você chamou mais gente, eu lembro.

— Ah, Gyu... Acho que as pessoas tinham planos melhores pra hoje. – murmurou baixinho e meio encolhido. Mingyu sentiu que se insistisse um pouco mais naquele assunto, seria expulso dali por um Wonwoo às lágrimas, então resolveu fazer algo que qualquer pessoa sensata faria.

— Então fazemos a sua festa só nós dois! – bateu palmas, colocando o presente alheio sobre o sofá e seguindo até o computador que estava conectado ao aparelho de som alheio – Primeiro precisamos de música bem animada, vamos dançar.

O sorrisinho discreto que viu surgir nos lábios do Jeon foram suficientes para o Kim prosseguir com o que fazia, colocando alguma música pop nacional bem animada para tocar. Depois olhou em volta e foi até o balcão que dividia a cozinha da sala, onde estavam dispostos vários doces e salgadinhos.

— São os doces da sua mãe? – perguntou, vendo o mais velho acenar e sorrindo abertamente – Amo os doces dela. Pega um.

Disse pegando dois dos doces e seguindo até onde Wonwoo permanecera estático, apenas observando a animação do seu dongsaeng. Definitivamente, Kim Mingyu era uma das pessoas mais animadas que conhecia, o que não fazia o menor sentindo era ser amigo dele, afinal, eram totalmente opostos. Assim que estavam próximos, disse, literalmente, para o aniversariante "fazer aaa" e pôs o doce na boca alheia, fanzendo-o ficar com o rosto rubro.

Logo estavam os dois fazendo dancinhas engraçadas enquanto comiam salgadinhos e riam de si mesmos. Definitivamente, Mingyu sabia bem como alegrar seu hyung quando este estava triste, e aquele seria um dia triste se não fosse por sua presença.

— Você acha que mais alguém vem, hyung? – perguntou o Kim inocentemente, enquanto estavam sentados no chão da sala, jogando videogame. O prêmio de quem ganhasse mais partidas era não ter que lavar a louça, logo, ficaria tudo para o outro – e talvez, só talvez, Mingyu estivesse propositalmente perdendo mais partidas.

— Que diferença faz? Só você é o suficiente, Gyu. – ele riu e foi uma das coisas mais adoráveis do mundo para o mais novo. Não que ele nunca tivesse visto o Jeon rir, claro que já tinha, mas sempre que acontecia era tão perfeito, a forma como seu rosto bonito ficava. Ele parecia se iluminar ainda mais.

E então Mingyu acabou perdendo mais uma partida sem nem perceber.

O celular do Kim começou a alarmar, vibrando e tocando uma musiquinha irritante, colocara o alarme pra saber quando fosse meia noite. Levantou-se de súbito, assustando um pouco o mais velho por ser tão repentino, mas logo ele levantou também. Seguiram os dois em silêncio até a cozinha.

— Agora você tem oficialmente 16, hyung. – sorriu, acendendo as velinhas sobre o bolo e cantando parabéns do jeito mais cômico que conseguiu, apenas pra deixar o aniversariante ainda mais feliz – Faz um pedido.

— Hm... Pronto! – disse e soprou as velinhas, passando o indicador no bolo e provando-o daquela forma. O Kim o olhava com expectativa, o que o fez olhar sem entender o motivo e erguer as sobrancelhas em uma pergunta silenciosa.

— Ué, você não me falou seu pedido! Vamos, conta! – resmungou, pegando uma colher e comendo um pouco, logo entregando-a para o mais velho fazer o mesmo.

— Claro que não! Se eu falar, não acontece.

E então, encheu a boca com massa e cobertura daquele pedacinho do céu, só para não contar nem um tantinho do seu pedido. O mais novo fez um bico emburrado, mas logo esqueceu, ao lembrar-se do presente que havia comprado, correndo para sala para pegá-lo.

— Hyung! Para de comer o bolo sem mim e venha pegar seus presentes! – resmungou alto, vendo o garoto vir até si com um sorrisinho no rosto.

Estendeu a sacola para o Jeon, que pegou-a e abriu com curiosidade. Ali dentro estava o livro que faltava para a sua coleção favorita ficar completa, livro este que tinha antes, até o Kim derramar acidentalmente um copo de café sobre ele e estragar grande parte das páginas.

— Não é bem um presente, já que a culpa de não ter é minha. – disse minimamente constrangido, coçando a nuca nervoso e olhando para o amigo com um mínimo sorriso – Mas eu tenho outro presente também.

— Onde? Só te vi trazer um. – murmurou, olhando em volta, mal percebendo quando o Kim se aproximou e ficou a uma distância pequena de si – O quê?

— Esse é meu presente.

Antes que o outro pudesse dizer qualquer coisa, os lábios alheios já estavam contra os seus, apenas encostados suavemente. Demorou alguns segundos para que Wonwoo tivesse alguma reação, mas não foi tempo o suficiente para fazê-lo desistir tão facilmente de si. Assim que sentiu o toque receoso da mão de seu hyung em sua nuca, Mingyu permitiu-se beijá-lo de verdade, tocando-o na altura da cintura sobre a camisa e sentindo o gosto doce do bolo vir da boca alheia.

O contato durou o quanto pôde, com a calmaria e a suavidade de dois adolescentes apaixonados em segredo por tempo demais. Os dois trocaram um longo olhar, ambos corados e respirando um tantinho além do usual. Mesmo que palavras não fossem necessárias ali, Wonwoo resolveu se pronunciar, ainda que baixinho e queimando em timidez pelo que tinha acontecido.

— Sobre... Sobre o meu pedido... – começou, tentando conseguir um pouco de coragem de falar olhando nos olhos do garoto a sua frente – Eu pedi que você estivesse aqui no meu aniversário ano que vem. Só você.

— E por que não nos seguintes também? – perguntou cruzando os braços e fazendo um mínimo bico nos lábios. O Jeon não pode evitar uma risada com aquele ato.

— Não sou tão ganancioso, peço pra estar no de dezoito quando eu fizer dezessete e assim por diante. – sorriu largo, arriscando selar os lábios alheios rapidamente – Além do mais, o que mais eu poderia pedir nos anos seguintes se eu não dividisse?

Eu só espero que não venha mais ninguém
Aí eu tenho você só pra mim
Rogo teu sono, quero teu tudo
Se mais alguém vier não vou notar

***

Não sei o que me deu, tava ouvindo a música, a ideia veio e eu escrevi kkkkkk
Espero que tenham gostado porque é só isso mesmo kkkkkkkk
Bye bye
Até a próxima.