A história se passa a partir de setembro de 2019.
Apesar de ser uma escritora, não sei descrever a minha relação com a música. Sei escrever muito bem sobre amor, traumas e ideias políticas. É a maneira que me comunico melhor. Mas a música, para mim, é indescritível. E para minha mãe, uma mulher racional e insensível como uma pedra, dizer "é o que amo fazer" não é o suficiente como definição. Era sempre o que eu poderia ter feito: terminado a faculdade de direito, feito medicina, psicologia, gastronomia, letras ou qualquer outra coisa que depois de 5 anos me desse um diploma. Poderia ter feito um desses, gostava de todos, mas o que eu, verdadeiramente, amava era música. Sempre amei. Desde muito pequena fazia letras para melodias que escutava, antes mesmo de ser alfabetizada, ficava frustrada que nunca me lembrava de minhas rimas geniais no dia seguinte. Até hoje tenho guardado as inúmeras folhas de letras musicais, poesias e textos em uma gaveta de minha escrivaninha. Coisas de desde meus 8 anos até de algumas músicas performada por artistas famosos há alguns meses trás.
Claro que fiquei me sentindo extremamente culpada por fazer minha progenitora pagar por 5 semestres da faculdade até eu admitir que aquilo não era pra mim. Devolvi tudo pra ela assim que consegui dinheiro o suficiente e nunca mais olhei em seu rosto.
Não sinto saudade.
Claro que demorei muito mais do que uma advogada para ter o sucesso profissional suficiente para comprar meu próprio apartamento, mas ser requisitada pelos maiores artistas do século XXI para produzir e escrever suas músicas é o suficiente para meu bolso e ego. No começo, ainda durante minha adolescência, nem sequer era creditada pelas minhas canções e produções. As pessoas não tinham ideia quantas músicas famosas foram feitas por mim até algum doido conseguir essas informações e postar no twitter. Foi, provavelmente, o maior exposed cibernético até hoje. Dezenas de artistas se pagando de compositores em cima de minhas letras foram desmascarados. E, de um dia pro outro, meu nome era conhecido por muito mais gente que eu planejava. Agora, sem exagero algum, Taylor Swift me manda documentos no Word perguntando se a sua letra está boa.
- Essa parte que eu destaquei de amarelo está um pouco deslocada, coloquei linkado ao lado duas possíveis substituições. Vê se você gosta. Repetir o refrão pode funcionar se diminuir a melodia dois tempos e adicionar a voz da Sofia como backing vai soar bem. De resto, está ótimo.
- Obrigada, amiga. – Taylor falou enquanto sua gatinha passava na frente da câmera. – Quando vem me visitar? Estou com saudade.
- Não tenho a menor ideia, estou conseguindo trabalhar bem a distância. Mas invento uma desculpa para ir aí passar uma semana. – a loira comemora com sua dancinha.
- Ótimo, eu odeio Londres, é muito fria.
- Você mora em Nova York, ta falando do que?
- Aqui faz Sol, pelo menos. Revolução Industrial destruiu a Europa. – rio de sua piada.
- Okay, isso é irrebatível. – escutei batidas leves na porta. – Entra!
- Oi Adora. Quer almoçar? – Lea me pergunta baixinho.
- Tava me esperando? – ela assente com um sorriso. – Jesus, Lea, são duas da tarde. – deu de ombros, como se não fosse grande coisa.
- Oi Lea! – Taylor fala acenando, saio da frente da câmera para que minha assistente possa ver a cantora.
- Oi Taylor, tudo bem? – elas têm uma breve conversa antes de eu desligar a chamada.
- Quer comer o que? – ela fala podo me alcançando meu sobretudo que estava no cabideiro.
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In a Good Way
FanfictionA pior parte da superação é, definitivamente, saber que ela nunca será total. É como radiação, pode se dividir infinitas vezes, mas nunca será zero. Haverá um dia que você chorará e se culpará, por mais tempo que passe ou por melhor que você esteja...
