Capítulo 06.

Começar do início
                                    

Dirigi um xingamento em pensamento e me virei para catar minhas coisas do chão. Meu ombro, onde ela havia esbarrado bruscamente, doeu em protesto e fiz uma careta enquanto me agachava para recolher minhas coisas.

Um dos meus cadernos havia caído aberto e espalhado um milhão de folhas pelo chão, me deixando ainda mais frustrado.

Tinha acabado de recolher todos os papéis avulso quando um par de tênis pretos apareceu no meu campo de visão, bem na minha frente. Aquela vontade insana de olhar para cima, para aqueles olhos, me dominou de novo, mas dessa vez me recusei a olhar.

- Parece que você precisa de ajuda - ele disse com a voz monótona de sempre.

- Não, obrigado - disse em resposta - Sei me virar muito bem sozinho.

Ouvi um riso rouco sair da garganta dele e eu podia jurar que havia malícia alí, assim como em tudo que ele fazia. Louis se agachou na minha frente e me encarou. Seu semblante estava sério enquanto me olhava direto nos olhos.

Meu instinto de sobrevivência e autodefesa foi desviar o olhar e sair dalí o mais rápido possível, mas me forcei a continuar encarando.

- Você não é igual as outras pessoas.

- Você está falando dos idiotas que borram de medo de você? - minha voz saiu desafiadora, surpreendendo até a mim.

Ele continuou me encarando e deu um sorriso. Pela visão periférica vi suas mãos se moverem e logo em seguida todos os meus livros e cadernos estavam em meus braços.

- Você não tem medo?

- Por que eu teria? - retruquei, erguendo uma sobrancelha.

O sorriso normal, quase humano, que ele tinha no rosto, se transformou naquele sorriso que fazia meu sangue gelar. Era como se todas as coisas ruins do mundo estivessem ali, dentro dele, transbordando pela boca enquanto sorria.

- Isso você vai ter que descobrir sozinho - ele se levantou e saiu andando.

Observei Louis se afastar e desaparecer em um corredor. Até de costas ele era capaz de causar arrepios.

Balancei a cabeça e me levantei do chão. Eu tinha um pequeno pressentimento de que essa história não ia acabar bem e que eu tinha me metido na maior burrada do mundo.

- Deus, o que eu fiz? - perguntei a mim mesmo.

Seu sorriso gélido invadiu a minha mente e eu estremeci.

Eu estava ferrado.

...

Subi até meu quarto para guardar meus cadernos e depois desci novamente para o almoço. O elevador estava vazio quando desci. Assim que estava saindo por ele, duas pessoas passaram às pressas por mim, quase me derrubando, de novo. Dei uma olhada no garoto ruivo, Alex, sendo puxado por um menino até seu quarto. Ele bateu a porta com força, um aviso claro para ninguém incomodar.

Segui em frente até o refeitório e peguei uma bandeja para colocar minha comida. Zayn disse que estaria ali em algum lugar, mas não o encontrava em nenhuma das mesas.

Enquanto varria o refeitório procurando por ele, meus olhos se encontraram com os de Louis. Ele estava em uma mesa ao fundo, como de costume, só que dessa vez sozinho.

Desde que havíamos sido dispensados da aula eu não o via. Ele não apareceu nas últimas duas e eu não ia negar, tinha gostado bastante disso.

- Harry! - ouvi alguém me chamar à minha esquerda. Era Zayn - Aqui! - ele balançou as mãos no alto para que eu pudesse localizá-lo sentado em uma mesa com pelo menos mais cinco pessoas.

Chamas da Ilusão -L.sOnde histórias criam vida. Descubra agora