CAPÍTULO DOZE

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   Akemi se virou em um movimento brusco, o susto a fez perder o equilíbrio, seu coração ameaçou sair por sua boca. O choque foi transformado em fúria líquido em seu sangue quando viu a imagem lívida do Kurama encostados em uma das paredes adornadas em vinhas.

   O rapaz esboçou um largo sorriso, de orelha a orelha.

   Kurama não usava nenhum terno essa noite, pelo contrário, suas roupas eram simples. Ele usava uma camiseta azul miosótis de manga comprida, a parte frontal da barra estava para dentro do cós da sua calça escura. Parecia ter acabado de sair do banho, o que justificava o cabelo molhado, que caía sobre sua testa em pequenas ondas. Para Akemi, ele parecia mais jovem dessa forma, ela não sabia sua idade ㅡ levando em conta que os aprendizes só se formavam depois dos dezoito, ela podia deduzir ㅡ , mas se tivesse acabado de conhecê-lo apostaria que ele era apenas um jovem de alta estatura e rico de testosterona. 

    ㅡ O que faz vagando pela madrugada, intangível hanyou? ㅡ Perguntou ele, cruzando seus braços sobre o peito. 

   "Pelo menos não chamou de 'pequena ladra'."

   ㅡ Ainda que isso não seja da sua conta… Sai para pegar um pouco de ar.

   Kurama soltou um riso zombeteiro.

   ㅡ Durante a madrugada? ㅡ Falou descrente. Assim que não recebeu uma resposta, ele desencostou da parede. ㅡ Ok…

   ㅡ Que lugar é esse? ㅡ Indagou, o interrompendo. 

   O rapaz franziu o cenho em descontentamento, mas logo em seguida olhou ao redor. Seu olhar tornou-se cauteloso, e de certa forma contemplativo, como se fosse a primeira vez que visse o lugar. 

   ㅡ Era um jardim pessoal. ㅡ Deu de ombro. 

   ㅡ Um jardim pessoal? ㅡ Ecoou Akemi, franzindo a testa. Como poderia haver um jardim pessoal quando em tese a Academia era uma área privada? E por que escolher fazê-lo em um lugar como aquele? ㅡ Por que fariam um jardim no meio de uma floresta? E isso é permitido? 

   ㅡ Este lugar não deveria ser encontrado ou frequentado por ninguém. ㅡ Kurama se virou para uma rosa em uma das vinhas e com as sobrancelhas negras arqueadas em interesse, deu um peteleco na flor. Olhou para Akemi. ㅡ Algo tão grande não é permitido aos alunos sem justificativa da necessidade, mas um jardim pessoal é uma exceção, assim como animais são proibidos, mas os espíritos guia não. 

   ㅡ Acho que o meu conceito de jardim pessoal não é o mesmo que o de vocês. ㅡ Observou Akemi encostada no bloco de concreto. 

   Kurama deu um sorriso de lado.

   ㅡ São como espíritos guias, mas em outro nível. ㅡ Disse o rapaz caminhando até um dos bancos que estavam intactos, e se sentou em uma parte menos suja. Para a surpresa de Akemi, o banco não quebrou. ㅡ É difícil ter um jardim pessoal, uma probabilidade de um a cada vinte meio-youkais consegue fazer um. Eles funcionam como uma versão mais potente dos espíritos guia, servindo como canalizadores para a energia vital de seus criadores, ajudando-os a utilizar toda a energia que possuem sem correr o risco de perderem o controle ou se sobrecarregarem. No entanto, enquanto os espíritos guias são para estabilizar essa energia, um jardim é para mantê-la enquanto seu criador evolui e é preciso uma quantidade muito alta de energia espiritual para ser capaz de fazer um jardim pessoal, por isso é incomum encontrar um desses, quase ninguém tem tanto poder.

IY- Ao Cair Da NoiteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora