A Herdeira Mágica (Do Universo De "Acampamento De Magia")

Capítulo 14

Não preciso nem falar que fui para casa cagando de medo. Qualquer um em qualquer lugar poderia tentar me matar.
Talvez eu estivesse exagerando, sim. Eu sou uma garota forte, tenho poderes perigosos, sei me defender. Mas, a sombra entra em pessoas quaisquer, eu supostamente teria que me defender de uma pessoa inocente? Porquê de certa forma ela está inconsciente e não sabe que está me atacando.

O que fazer?
Por que a minha vida é assim?

Pra piorar, estava de noite.
Tem como ficar pior?
Como eu sou cagona, fui cantando uma música qualquer pra espantar os males, enquanto olhava sempre ao redor daquela rua vazia, pronta pra dar uma voadora no primeiro que aparecesse.

—Você tem uma voz linda sabia? — falou alguém atrás de mim.

Ouvi a voz e senti um calafrio, me virei já preparada para a luta, com os punhos erguidos.
Era Gilbert, a essa hora da noite, sozinho na rua. Suspeito? Com certeza.
Será que a sombra está nele? Meu Deus que medo.

—Sombra se você estiver no Gilbert por favor se manifeste! — falei, ainda com bastante medo.

—Sombra? Beverly você está bem? — ele falou, se aproximando de mim.

—SE AFASTA! eu tenho poderes e não tenho medo de usar.

—Bev o que está acontecendo? esqueceu de chaqualhar o toddynho? —ele riu.

—Eu não estou brincando! — falei, me afastando de leve.

Notei que Gilbert percebeu a minha expressão de assustada. Então logo soltou um olhar compreensivo pra mim.

—Olha, não sei o que aconteceu, mas eu não sou qualquer coisa se você disse. Sou só eu.

—Prove! — falei, levemente trêmula.

-Nos beijamos na 5° série.

—Ok, é você. — falei, abaixando os punhos e suspirando de alívio. — Você me assustou Gil.

Aquele era um segredo que só eu e Gil sabíamos. Na 5°série, algumas meninas começaram a tirar sarro de mim por ser BV, então Gilbert veio e me deu um beijo inocente. Pedi pra ele não contar a ninguém que eu também não contaria, e então isso ficou entre nós até hoje.

—Desculpe, não foi a intenção. O que faz essas horas na rua sozinha?

—Estou indo pra casa. E você, o que faz essas horas na rua sozinho?

—Procurando inspiração pra compor, eu costumo sair sozinho quando estou com um bloqueio criativo. — falou. Notei que Gil estava de pijama. — Mas acabei de achar.

Me senti levemente envergonhada.
Seria incrível ser a inspiração de uma das músicas de Gil, elas eram tão lindas que fiz questão de pedir um áudio e salvar no celular. Eu ainda escuto todos os dias.

—Por que ficou tão assustada? — continuou ele.

—Tem tanta coisa acontecendo... Não quero te envolver nisso, mas de qualquer forma, foi bom te ver.

Voltei a andar em direção a minha casa, mas então fui parada por Gil que correu pra me alcançar.

—Eu te levo até em casa, não é bom você ir sozinha esse horário, principalmente porquê a rua está vazia.

—Não se incomode. — falei, mas no fundo eu QUERIA MUITO que ele fosse comigo. Pelamor, não quero ir sozinha de jeito nenhum.

—Não é incomodo, pelo contrário. Gosto da sua companhia. Você é uma das poucas pessoas compreensíveis que já conheci...