P A R T E - D O I S

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Os saltos dela contra o piso estupidamente limpo do prédio anunciava sua chegada, logo atrás a passos mais lentos e desconfiados o homem agora mais bem vestido perdia o olhar para todos os cantos da elegante empresa, não era nada como ele costumava lembrar, de fato o mundo já não era mais o mesmo e ele sentia-se deslocado estando em qualquer lugar, como se já não pertencesse ao mundo real, já que sua realidade se resumira por anos a quatro paredes imundas de um cubículo.

Por que exatamente ele estava lá?

Violet. Essa era a resposta para quase tudo em sua vida desde a fatídica noite em que caiu no jogo dela.

- Senhorita Hardwell? - A moça de cabelos loiros perfeitamente alinhados e presos no topo da cabeça começará a andar ao lado de Violet, apressada, com alguns papéis em mãos e uma expressão ansiosa no rosto. George podia sentir os olhos azuis claros o fitando desde que entrara logo atrás da agora dona da empresa. - Salvatore ligou, os sócios adiaram a reunião e tenho alguns papeis para serem assinados...

Violet parou, virando o corpo para a pobre garota, que pareceu encolher diante da superioridade que aquela mulher passava.

- São nove horas da manhã - disse, com um sorriso brincando nos lábios, que dessa vez estavam tingidos de um vermelho extremamente escuro - Um bom dia cairia bem melhor, não acha?

Ela o olhou pelo canto dos olhos, piscando sutilmente, o fazendo desviar o olhar.

- Encaminhe o recado, fale com aqueles velhos e diga que se querem um contrato, a reunião será hoje, não há adiamentos. - Pegando os papeis, ela voltou sua caminhada apressada, mesmo em cima dos saltos ela mantinha uma postura e elegância invejável a qualquer um. O homem voltou a segui=lá, pensando se alguém ali o reconheceria, e se o fizesse, o que poderia acontecer não seria nem um pouco agradável.

- Por Deus, você... - A voz de George diminuiu, ele caminhou um pouco mais rápido, ficando lado a lado com ela, os olhos quase felinos esperando pelo resto das palavras. - Você é igual ao seu pai, Violet.

- Não, eu sou uma versão mais sexy, e digamos, melhorada; mas sim, se eu sei administrar uma empresa como essa, é por tê-lo observado e escutado cada conselho, fui uma criança quieta exatamente por estar moldando minha personalidade, George.

Haviam chegado a enorme porta de madeira clara com duas solitárias e minimalistas listas negras na horizontal, dando o ar de grandiosidade. As mãos delicadas dela as abriram e o local tinha recebido uma nova aura, agora mais moderna, mas muito simplória, como se detalhes demais fossem algo que atrapalhassem sua nova residente, ele estava começando a notar, Violet era minimalista em tudo.

Os papeis que antes estavam nas mãos dela foram jogados em cima da grande mesa de vidro, enquanto ele pensava no que fazia; sentar-se, ou ficar parado ali, com as mãos atrás do corpo, olhando para ela como se fosse um simples escravo esperando uma ordem? É claro que ele ainda tinha seu orgulho, e por mais que estivesse sem rumo em sua vida, que ele perdera e ganhara por conta dela, ele ainda era um homem de princípios, então sentou-se em uma das duas poltronas escuras dispostas a frente da mesa de Violet.

Ela sentou sem muita cerimonia, parecia um pouco cansada, só naquele momento ele havia percebido, por mais que estivesse tão bela como sempre, havia algo diferente em seu olhar, como se a noite tivesse sido em claro. Ela discou algo no telefone em ao lado do notebook e recostou as costas na cadeira, olhando para o nada.

"Violet, espero que não tenha esquecido que temos assuntos a revolver. E seria excitante vê-la logo na Itália, suas visitas sempre me deixam... Bem, apenas lembre-se, o que fiz por você não foi de graça. "

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