— Você não me odeia?
— Ah, claro que não! — respondeu de imediato — Não é óbvio?
Ele não conseguiu evitar um sorriso. Levantou-se, decidindo que seria melhor sentar-se ao lado de Eliza. Ela retraiu-se no mesmo instante. Mais uma vez Frederick aproximava-se dela como um caçador a procura de sua presa. E ela era a presa dele. Ou quase. Liz não era a maior estudiosa do mundo animal, mas não conhecia nenhuma presa que se entregava com facilidade ao caçador, mas era exatamente o que ela fazia. Enquanto os pobres animais corriam na direção contrária, cada vez mais ele parecia levá-la até ele.
Ela mordeu os lábios, apreensiva. O movimento pareceu divertir muito lord Morley, pois a satisfação em seu rosto era evidente. Ele sentou-se bem próximo dela, tocando suas pernas com as mãos viris e fortes. A memória traiçoeira de Eliza a traiu. Lembrou-se daquelas mesmas mãos contra suas nádegas, apertando-a trazendo para perto apenas para sentir sua ereção.
Não!
Não mais. Ela não deixaria que Frederick a tocasse. Seguiria o conselho da tia, pois se tivesse um filho... Não, não. Eliza não queria nem pensar na possibilidade ter um filho dele — não nessas condições. Na melhor das hipóteses eles tirariam a criança dela logo depois do nascimento. Na pior as duas seriam jogadas à sarjeta pela sociedade. A única maneira de garantir que isso não iria acontecer era afastando-o.
— Fico feliz em saber que você não me odeia, Lizzie — lord Morley sussurrou porque sabia que o sussurro tinha um efeito ainda mais lascivo sobre ela.
— Não há de quê — Eliza esforçou-se em dar de ombros e parecer desinteressada.
— Porque isso nos leva ao ponto inicial...
Ela estreitou os olhos.
— E nós temos um ponto inicial?
— A razão de eu estar aqui tão cedo.
— Ah, não... — ela murmurou — eu imaginei que fosse algo relacionado ao jantar de ontem já que sai tão rapidamente sem me despedir. Diga-me que é isso, sim?
Lord Morley assentiu.
— Também. Confesso que sua ausência me preocupou, mas como vi que saiu com sua avó imaginei que não seria anda de grave. O que houve? Você estava sentindo-se... Hum, nauseada? Enjoada?
Eliza fitou Frederick por alguns segundos apenas para analisar como ele reagia em momentos de aflição. Era um pouco cruel, é verdade, mas ela gostava de saber como a mente de lord Morley funcionava. Era obvio que sua pergunta estava repleta de expectativa, pois o pensamento provavelmente havia se inclinado para o mesmo pensamento de Liz pela manhã. Gravidez. Entretanto, Frederick não parecia apavorado com a perspectiva, apenas ansioso.
Por um instante Eliza ponderou se ele seria um bom pai seu bebê imaginário.
— Não, — ela respondeu sem muito ânimo — na verdade eu me irritei com Bridget e não vi sentido em permanecer lá, principalmente porque é a casa dela.
Frederick assentiu.
— Vocês brigaram? Estranho. Nunca pensei nisso.
— Não é porque somos igualmente impopulares que nossas personalidades sejam perfeitas uma para outra. Samantha é agradável, de verdade, tão agradável que ás vezes a gentileza dela me irrita, mas Bridget... Ah, Bridget é péssima — respondeu — você conhece Charles Farnsworth?
Ele pensou por alguns instantes, buscando na memória.
— Devia estar uns dois anos em minha frente em Eton, mas já jogamos algumas partidas de cricket juntos. Por quê?
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OS MISTÉRIOS DE ELIZA GUNNING [Concluído]
Historical Fiction❝ Confiem em mim, leitores. 1832 será um bom ano. - Srta. Silewood. ❞ Lady Eliza Gunning não é nem de longe uma das damas mais populares da sociedade. Acostumada a tomar chá de cadeira com suas melhores amigas, ela pouco nutre esperanças de se casar...
C A P Í T U L O XXVI
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