- Nada - anunciou Timothée, entrando no carro.

Resmunguei, logo notando o quanto ele estava molhado. Joguei meu corpo para o banco de trás, abrindo minha mochila e tirando uma toalha. Joguei-a por cima dos ombros de Timothée, com muito medo que ele ficasse doente e eu estivesse que cuidar dele longe de casa.

- Aqui... seca seu corpo pra não pegar um resfriado. Só tem eu e você aqui, então você não pode ficar doente.

Os minutos seguintes foram de extremo silêncio. Deixamos o rádio desligar e eu passei a observar o marcador da gasolina, que abaixava sem parar enqunato dirigíamos sem destino. Eu estava a ponto de chorar. De verdade. Estava com medo de sofrermos um acidente ou de ficarmos sem gasolina no meio da noite, exaustos, em um lugar que a gente não conhecia.

- Ali tem um... - disse Timothée, apontando para um hotel que estava com metade do letreiro apagado. Senti meu queixo bater, de antecipação, com medo de que não tivessem vagas ali também. Abracei meu corpo mais forte, abaixando minha cabeça e fechando os olhos. Eu só queria que o dia raiasse logo - eu já volto, Seu Pior - disse Timothée, aliviando um pouco minha tensão ao usar meu apelido - me espera aqui.

Respirei fundo ao ver Timothée bater a porta. Juntei minhas mãos, como em uma prece, e fiquei esperando por boas notícias. Timothée demorou um pouco, porem logo apareceu ensopado na porta do carro, com os cabelos colados no rosto.

- Pelo amor de Deus - pedi, olhando para ele em desespero.

- Hoje é seu dia de sorte, bebezinha - anunciou ele, me fazendo gritar de felicidade. Eu nunca tinha ficado tão feliz em ser chamada de bebezinha.

Saí do carro com Timothée e fomos até a recepção. O hotel era muito antigo e tinha apenas dois andares, com portas que davam para a varanda da frente. A recepção ficava no primeiro andar, ao lado de uma máquina de balas que parecia ter mais de 200 anos.

Timothée encostou-se no balcão vazio da recepção, como se estivesse esperando alguém. Um homem de regata branca, com poucos fios oleosos na cabeça e uma corcunda quase tão grande quanto a barriga apareceu após sair do que parecia ser um banheiro. O cheiro terrível da recepção logo ficou aparente.

- Boa noite - disse ele, dando um sorriso com poucos dentes amarelos - bem vindos ao hotel Hotel. Eu me chamo Boris - disse, juntando as mãos com unhas sujas - quantos quartos mesmo, senhor?

- Dois - disse Timothée, sem olhar para mim.

Engoli em seco ao ver Boris me observar e dar um leve sorriso, caminhando até a parede onde estavam penduradas as chaves. Pelo número de chaves penduradas, não tinha muita gente no hotel.

- Na verdade... - comecei, segurando o braço de Timothée - um quarto só, por favor.

Timothée olhou estranho para mim, porém acredito que minha expressão de completo pavor denunciou eu não queria ficar sozinha.

- Como você quiser... - disse Boris, colocando uma das chaves de volta na parede e virando-se para nós dois - hoje é seu dia de sorte, amigão - falou, olhando para Timothée.

Eu literalmente senti que ia vomitar.

Timothée não respondeu, apenas segurado minha mão e caminhando rapidamente comigo até o andar de cima. Peguei meu celular e enviei uma mensagem para Elza, a única pessoa que sabia que eu estava em uma viagem com Timothée. "Quarto 04. Hotel Hotel, Saída 5 ao Sul. Eu estou nesse quarto", escrevi, logo notando o quão dramática eu soava. Timothée abriu a porta e o cheiro de mofo invadiu meu nariz de uma vez. Ele acendeu a luz, entrando no quarto e esticando os braços.

- Pelo menos eu consigo esticar meus braços sem tocar nas paredes - falou, enquanto eu trancava a porta e checava para ver se as janelas estavam bem fechadas. Caminhei até o banheiro e acendi a luz, logo notando a sujeira. Chequei todos os cantos para ver se eu encontrava câmeras ou buracos. Timothee me observava perdido. No entanto, eu não ligava. Eu estava em uma missão - ei! - chamou ele, assim que eu saí do banheiro e fui novamente checar as janelas. No quarto, só havia uma cama de casal, um móvel com uma TV antiga e um sofá. Dei mais duas voltas na chave da porta - calma... vai ficar tudo bem. A gente achou onde ficar - disse Timothée, aproximando-se - a gente espera a chuva passar e vai embora. Fim. A gente não precisa passar a noite toda aqui - disse, me fazendo virar para ele e relaxar um pouco mais - só vamos esperar a chuva passar e continuamos a viagem.

Timmy ou Lilly? (Timothée Chalamet Fanfiction) - FINALIZADAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora