- A regra era roupa vermelha. - Jéssica parou ao meu lado. Ergui uma sobrancelha para Andy.

  - Foca na gravata, gata. - Sorriu. Neguei com a cabeça, revirando os olhos. - Já estou com fome. Vamos comer logo.

  - Dener está terminando de arrumar as coisas com a Lúcia. Eles estão trazendo tudo da cozinha para aquela mesa. - Julie apontou.

Eu tinha esquecido completamente da mesa enorme que fica no canto da sala. Ela é tão rara de ser usada que passa despercebida por mim. Já tinham colocado alguns pratos, bandejas cheias, taças, talheres e dois vinhos, um em cada ponta.

Dei as costas para o pessoal e abri a porta de vidro, sentindo a brisa extremamente gelada bater contra minha pele. Meu cabelo começou a se debater e meu vestido também. Não sei como em Jacksonville não neva, com esse frio horroroso que faz. Aqui é mais perto das praias, então certamente a casa dos meus avós tende a ser mais fria que a minha, que fica há um bom tempo de distância.

Puxei a porta de correr novamente, fechando a mesma e impedindo que todo mundo reclame no meu ouvido.

  - Já está tudo pronto. Vocês querem comer agora? - Me virei, vendo Dener no meio da sala.

Ele olhou para a cara de todo mundo e não me notou ali, um pouco mais atrás.

  - Sinceramente, a gente sempre faz a mesma coisa com nossos pais no Natal. - Max chamou a atenção pra si. - Vamos fazer o que quisermos. Quem quiser comer agora come, quem quiser ir logo para a sobremesa vai. Hoje está tudo liberado!

  - Adorei! - Andy sorriu empolgado e pegou a garrafa de vinho. - Vamos fazer tudo do nosso jeito.

  - Bom, para quem quiser comer agora, as coisas já estão em cima da mesa. - Lúcia se jogou no sofá, colocando os pés na mesinha de centro.

Passei pelo Dener, e nem sei se ele me viu. Fui até perto de seu melhor amigo, pegando uma taça e tirando a garrafa de sua mão. Coloquei vinho no copo e dei um gole, me virando para eles.

  - O que estão esperando? Ataquem logo. - Dei outro gole, saindo de perto da mesa.

Eles levantaram e seguiram para pegar as coisas de comer e beber. Passei por Dener novamente, dando uma piscada para o mesmo, que ergueu uma sobrancelha. Abri a porta de correr e fui para o quintal, já sentindo muito frio. Não me importei, afinal, não paguei caro nesse vestido para ficar com ele em baixo do teto.

Como felicidade dura pouco, Max veio logo me chamar para todo mundo tirar foto juntos. Acabei entrando novamente e após tirarmos, vi Dener na ligação com alguém. Me aproximei terminando de beber o vinho, e pude ouvir um pouco.

  - Eu sei... Não, não se preocupa, já estou bem, Milla... - Milla. - É, foi só um susto... Também estou com saudades, os dias foram corridos. Tivemos que preparar as coisas para o natal e foi você sabe como é... - Ele riu. - Sim, ela está se comportando... Ah, sabe como a Amber é. Apesar de tudo estamos nos dando bem... Amigos? Acho que é cedo para dizer isso, Milla. Olha, preciso ir, okay? Beijos... É, eu também... - Desligou em seguida, respirando fundo.

Pude notar sua inquietação daqui, e me aproximei devagar, encostando na parede.

  - Cedo para dizer, né?

O garoto se virou, me olhando de cima a baixo em seguida. Deu um sorriso, que eu retribui.

  - Não sei se confio em você o suficiente para isso. - Fez manha. Ergui o dedo do meio, fazendo ele rir e se aproximar mais. - Você está linda.

  - Obrigada, você também não está nada mal. Achei que ia comprar algo do mesmo preço que foram nossas coisas.

  - Está brincando? Sabe quanto custa uma jaqueta de couro vermelha? - Eu ri, negando com a cabeça. - Só não vendi meu rim porque seus pais me pagam bem.

Meu "Babá"? (Completo)Where stories live. Discover now