Frida e Flamingos.

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No dia seguinte acordei animada para o evento, estava até mesmo ansiosa por alguma razão que eu fingia não saber o motivo.

Supus que o evento seria uma ótima oportunidade para conhecer pessoas importantes então decidi abdicar de meus looks leves, afinal poderiam haver empresários ou donos de estúdios e revistas por lá e qualquer contato era um contato. Optei por um vestido rosa de alças bem finas e cheio de plumas cor rosa pastel por todo o comprimento, estas que se mexiam de acordo com o andar, ele cobria até o meio das coxas e não era apertado, ressaltando a silhueta na cintura. Pus uma coturno de salto médio na cor branca e um chapéu grande e aberto da mesma cor que deixava meu rosto aparente. Meus cabelos estavam soltos e optei por brincos pequenos de estrelas. Minhas coisas iriam dentro da minha bolsa em formato de rosto de gato que ganhei de Catherine no último natal.

Ote de repente entra pela porta do meu quarto vestido em roupa social e senta em minha cama, avaliando meu visual enquanto eu terminava colocando minha gargantilha.

— Adorei o chapéu, você vai me emprestar qualquer dia desses, vai ficar ótimo com o meu blazer branco. – Ele diz enquanto alisa minha bolsa de forma distraída.

— Contanto que me devolva depois, tudo bem, ainda não esqueci que minha jaqueta de lantejoulas está na sua casa há mais de dois meses! – De repente me vem o estalo. — Como entrou aqui do nada? – Estava tão acostumada com sua presença em minha casa que não notei não ter sido avisada de que ele já estava chegando.

— Catherine abriu pra mim.

Ah, é claro.

— Estou pronta, o que achou? – Dou uma voltinha para que ele veja tudo e ele me encara com um sorriso debochado.

— Parece um flamingo.

— Bom, flamingos são bonitos, se eu pareço com um deles então eu estou bonita também. – Uso meu tom feliz para deixar claro que não me importava com sua zoação, eu me sentia linda e era tudo que me importava no momento. Não pude esquecer de passar meu hidratante inseparável de frutas amarelas antes de sair.

— Então vamos meu lindo flamingo, já está escurecendo e teremos pouco tempo para ver as obras até os alunos iniciarem as apresentações.

Nos despedimos de Catherine ouvindo elogios sobre nossos looks de alunos sérios e profissionais. Em tom irônico, é claro.

Chegando na universidade, nos surpreendemos com a decoração leve e a música que tocava ao fundo. Toda a exposição era aberta ao ar livre pois o tempo estava favorável a isso. Era até mesmo elegante de certa forma, mesmo eu achando tudo muito neutro. Eles optaram pelo minimalismo de ornamentos para que as cores dos quadros se tornassem a única atenção do visitante.

Não demorou muito até que Alicia entrasse em nosso campo de visão, andando de um lado para o outro desesperadamente vestida de um crachá da administração em seu pescoço. Ote então sem me avisar saiu do meu lado para ir atrás dela com seu sorriso abobado, me deixando sozinha. Soltei uma risada nada surpresa e decidi observar as obras expostas, afinal tinha pouco tempo até que chamassem os visitantes para perto do palco.

O evento estava cheio, haviam muitas pessoas com roupas chiques e taças de champanhe, diferentes bebidas passavam pelo hall nas bandejas dos garçons, não me contive em degustar um dos vinhos servidos.

Além das fotos dos quadros de Frida e Diego, haviam também outros aos quais haviam claras inspirações em suas técnicas, supus que foram feitos por alunos.

Parei por um tempo em uma obra específica de Frida, seu autorretrato como Tehuana. Nela retratava que apesar de seu divórcio, Frida nunca deixou de amar Diego. Ela sabia que seu ex-marido nunca desistiria das aventuras com outras mulheres e nunca seria capaz de ser o marido que ela desejava.

Singular - Kwon JiyongWhere stories live. Discover now