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Eu encarava as estrelas que estavam coladas no meu teto, ao apagar a luz elas brilhavam como mil vagalumes, porque eu tinha um infantil medo do escuro.

Saber que em breve eu não veria mais aquelas mesmas estrelas, ou que não iria andando até a escola, que não veria as mesmas lojas e o mesmo parque. Tudo me fazia lembrar que eu estava morrendo, novamente.

Quando eu tinha doze anos, fui diagnosticada com leucemia mielóide aguda, mas como estava em um estágio pequeno, conseguiram conte-la sem mais esforços, só que agora, anos depois, meu pesadelo tinha voltado, e pior.

A doença se esgueirou pelo meu corpo tão lentamente que eu nem notei que logo o estágio três me consumia, isso era péssimos e, eu não tinha mais muito tempo.

Quando eu era mais nova, na época em que minha mãe morava conosco, lembro perfeitamente dela dizendo que era eu quem escrevia meu destino, que eu colhia o que plantava.

E por momentos eu perguntei quando tinha plantado tanto mal e, principalmente, a quem. Isso eram perguntas que não poderiam ser respondidas, mas que, com um pouco de esforço, eu conseguiria compreender.

Recusei o tratamento assim que fui diagnosticada novamente, não queria mais as sessões agressivas de quimioterapia, ou de ter que ficar horas deitada depois de uma consulta, ou de passar muito mal com os remédios fortes que eu precisava tomar.

Eu tinha apenas dois meses de vida, tinha sessenta dias, 1.440 horas e muitos segundos de vida, mas a questão não era essa, a questão era: eu queria, e precisava, fazer tudo possível nesses sessenta dias, coisas que eu sempre quis fazer, mas nunca serão possíveis.

Então eu fiz uma lista com as quinze coisas que eu queria fazer, antes do câncer tomar conta do meu corpo, eu cumpriria a risca cada uma delas, e se tudo desse certo, ainda fazer outras coisas.

Sete Coisas Para Amar Em Axel JohnsonOnde as histórias ganham vida. Descobre agora