O orgulho ferido

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À noite, na parte da cidade que se assemelhava a Itália, Jungkook estava em um café com Ânia, sua noiva. Vampiros não precisam comer ou beber coisas que os humanos ingerem para sobreviver, mas a garota vivia insistindo para que se encontrassem em cafeterias, já que ela adorava o cheiro de café. Não sentia o gosto, mas tomava mesmo assim.

Ânia tinha cabelos compridos e negros, da mesma cor que Jungkook, sua pele era pálida e lisa como a de uma boneca. Os dois jovens praticamente cresceram juntos, então a ideia do casamento não agradava a ambos. Ele sentia como se estivesse destinado a se casar com uma prima, mas eles tinham uma relação curiosa. Ela era praticamente... uma melhor amiga, mas ao mesmo tempo não se davam bem... era uma relação curiosa. Os dois já transaram algumas vezes, mas sempre foi quando estavam à toa, afinal, vampiros não são como humanos que fazem o ato por sentimentos, fazem apenas pelo mero prazer.

São criaturas voltadas para o prazer.

Um vampiro nutrir sentimentos por alguém era algo raro. Até mesmo entre familiares.

Quanto ao sexo, não faziam distinção entre humanos, vampiros, homens ou mulheres. Desde que tivesse prazer, era aceitável. A parte que mais os diferenciava dos humanos quanto ao prazer era o beijo na boca. Só humanos gostavam disso. Para os vampiros, o único prazer na boca era morder e chupar a pele de um bom pescoço.

Para se conseguir sangue, caçam a noite por entre as ruas. O poder de sedução ajudava muito para se conquistar as vítimas e ter acesso aos seus pescoços. Quando a presa era muito bonita, se divertiam com ela também.

- Que gracinha aquele garçom – Ânia disse antes de tomar um gole da xícara de café.

Jungkook olhou por trás do ombro.

Um rapaz alto e esbelto servia a mesa cinco usando a camiseta branca e o avental de cintura preto que faziam parte do uniforme da cafeteria. Tinha cabelos castanhos, pele levemente bronzeada, dedos longos que seguravam as xícaras que estava servindo, e no rosto carregava um sorriso quadrado muito curioso. Ele parecia ser do tipo certinho, que obedece aos pais, é trabalhador, estudioso, e não usa drogas. Jungkook conseguiu analisar todos esses detalhes em apenas alguns segundos graças a sua visão apurada e anos analisando humanos bons para se morder. Desviou os olhos.

- É realmente uma gracinha. – disse com um sorrisinho.

- Ei. Eu vi primeiro. – ela disse.

- Calada.

Ela chutou-o por debaixo da mesa e ele ignorou.

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Esperando do outro lado do canal, Jungkook voltou na hora que a cafeteria estava fechando para tentar acompanhar aquele garçom até em casa para usar o seu charme e conseguir um pouco de sangue daquele pescoço bonito. Geralmente ele caçava perto das boates, mas tinha que confessar que admirou bastante a beleza daquele rapaz. Sem falar que era a primeira vez que via um sorriso quadrado.

Todos os funcionários saíram aos poucos.

Menos aquele garçom.

Conseguiu enxergar de longe a cafeteria com as portas de vidro fechadas. O rapaz estava terminando de fazer as contas da caixa registradora e depois foi para o segundo andar.

Ele morava no segundo andar da cafeteria.

Merda.

Parece que as coisas não estavam a seu favor.

Teria que encontrar outra vítima àquela noite.

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Vez ou outra, Jungkook voltava à cafeteria.

Café e SangueМесто, где живут истории. Откройте их для себя