Capítulo 7

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Os dias foram passando e aquela conversa com a Marie Claire ecoava em minha cabeça dia e noite. Os estudos estavam sendo prejudicados, assim como minha vida social e minha saúde mental. Era um som obsessivo ressoando sem parar. Nesse meio tempo, recebi outro e-mail fake assinado por Berk, se desculpando por ser o causador de tanta angústia e se colocando à disposição para conversarmos assim que eu quisesse. Xinguei mentalmente até a nona geração da família dele, mas resolvi que precisava encontrá-lo e enxotá-lo da minha vida. Conversei com meus pais sobre minha decisão. Eles concordaram, desde que fossem juntos comigo, assim como Julian. Enviei uma mensagem ao Berk combinando dia e hora e informando que não estaria sozinha. Ele marcou o encontro na sala de reuniões de um hotel cinco estrelas da cidade. Na noite anterior à data do evento, não consegui dormir. Pela manhã, estava pálida e com olheiras escuras. Chegamos ao local com antecedência de quinze minutos. Durante o trajeto, meu pai reforçou várias vezes que eu poderia mudar de ideia a qualquer momento. Mas eu não desisti...

Na recepção do hotel.

─ Bom dia, o Sr. Berk Shariq nos aguarda na sala de reuniões, avisou meu pai ao recepcionista.

─ Sim, estamos cientes. Por favor, acompanhem-me. Vou levá-los até ele.

─ Ale, não quer ir embora e esquecer isso? Meu pai ainda tinha esperanças de que eu mudasse de ideia

─ Não, pai, preciso falar com ele.

Após uma leve batida na porta, o recepcionista a abriu para que entrássemos. Berk estava rodeado de assessores e seguranças. Cerca de dez pessoas compunham a equipe.

─ Bom dia, senhores, senhora Toledo e senhorita. Alexandra, é um prazer revê-la.

─ Não podemos dizer o mesmo, Sr. Berk. A polícia só não está aqui a pedido da minha filha.

─ Compreendo, Sr. Toledo. E não lhe tiro a razão. Sentem-se. Tomei a liberdade de pedir um lanche para nós. Gostariam de beber algo?

Ninguém aceitou.

─ Imagino que a senhorita Alexandra já tenha colocado os senhores a par de toda a história. Sei que não é algo fácil de assimilar e, só por isso, agradeço a boa vontade de vocês em se reunirem comigo.

─ Fácil de assimilar? O senhor não está em seu juízo perfeito. O que o faz acreditar que alguém concordaria com uma proposta absurda como a que fez para minha filha? Interferiu minha mãe.

─ Está coberta de razão, senhora Toledo. Qualquer mãe se oporia ferozmente a essa proposição. Contudo, há situações que fogem ao julgamento racional e sei que entre seus familiares, acontecimentos, digamos, não convencionais já ocorreram. Refiro-me aos seus cunhados Roberto e Regina, a sua sobrinha Andréia e a Marie Claire, cuja sensibilidade é extremamente elevada.

─ Como o senhor teve acesso a essas informações, se isso é mantido em sigilo na nossa família? Meu pai mostrou-se curioso e assustado com a revelação.

─ Senhor Toledo, como eu disse, não estamos aqui conversando sobre um assunto corriqueiro, algo que esteja dentro do que consideramos "normal". Tenho condições de contratar os melhores profissionais de espionagem para ter informações privilegiadas, mas não o faço. Tudo o que sei a respeito do segredo de sua família, foi-me passado em sonho. Já me encontrei com a senhorita Marie Claire, neta do seu irmão Roberto Toledo, diversas vezes enquanto durmo e ela mesma me contou muito da sua história. Assim como vocês, eu também precisei ser convencido a participar de toda essa jornada. Demorei muito para acreditar nessas revelações e para aceitar a me expor como estou fazendo aqui. Tenho trinta e cinco anos, venho de uma dinastia de sheiks, sou empresário bem-sucedido e com uma situação financeira muito privilegiada. O mundo está ao alcance das minhas mãos. Sem falsa modéstia, poderia ter a mulher que quisesse. Posso lhe garantir, também, que sou uma pessoa mentalmente sã, o que poderá ser atestado, se assim o quiserem, pelo melhor especialista que os senhores me indicarem. Senhor Toledo, levando em consideração tudo isso que relatei, qual o motivo que eu teria para me envolver com uma trama tão surreal?

─ Se Marie Claire está ciente de tudo e tem um conhecimento muito mais aprofundado sobre assuntos extrassensoriais, por que ela não pode ser a mulher escolhida para esse propósito ao invés de mim?

─ Sim, essa é uma boa questão a ser debatida, senhorita Alexandra. Também me ocorreu a mesma indagação. Segundo me informaram, os planos divinos são de longo prazo e nosso envolvimento não se deu somente agora. Já estivemos juntos por diversas vezes, temos muitas afinidades e fomos preparados com os dotes necessários para cumprir o que foi planejado.

─ Não me parece que tenhamos afinidade alguma.

─ Detalhes que nos passam despercebidos podem revelar o quanto de planejamento existe em toda a criação. Nós, árabes, nos atentamos muito ao significado dos nomes. Tive a curiosidade de pesquisar sobre o seu. Alexandra significa "a protetora da humanidade". Será coincidência?

─ Caracas, Luísa. Nenhum de nós pensou em fazer essa pesquisa quando nossa filha nasceu.

─ Quanto à questão da afinidade, creio que pode ser facilmente resolvida com apenas um convite: aceita jantar comigo? Que tal recomeçarmos nosso relacionamento da forma tradicional? Sou um homem solteiro que se encantou por uma linda mulher e gostaria de convidá-la para sair. Assim poderemos nos conhecer melhor. Como lhe soa isso? Há algo em mim que lhe seja repulsivo?

─ Não há nada errado com sua aparência, senhor Berk, mas sim, com suas intenções. Quem me garante que não serei sequestrada novamente se aceitar seu convite?

─ O meu segredo mais oculto, já é de seu conhecimento. Seus pais ou quaisquer outras pessoas podem nos acompanhar nesse encontro. Quero apenas que me veja como um amigo e que aprenda a confiar em mim. Não vejo outro modo de nos conhecermos bem. Que lhe parece?


Será que o Berk vai convencer a Alexandra?

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