Capítulo 5

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Bom dia, Mind. Deixei para continuar a narrativa hoje, pois estava exausta. As lembranças são tão vívidas, que sinto todas as emoções como se estivesse vivendo tudo novamente.

Quando recobrei os sentidos, não sabia onde estava. Era um quarto amplo, muito limpo e bem decorado. Estava deitada numa cama "king size" em lençóis macios como os de fios egípcios. Ao me mexer, senti um pouco de náusea e emiti um som. Uma senhora vestida com burca, com um olhar bondoso e um sorriso doce, fez sinal para que eu ficasse tranquila e acionou uma campainha. Ela pegou uma das minhas mãos entre as suas e a acariciou, tentando me acalmar. Minutos depois a porta do quarto se abriu e eu me vi de frente com aqueles mesmos olhos escuros que me hipnotizaram em Dubai. Deus, ele havia me sequestrado!!! Será que eu ainda estava no Brasil? Ele começou a conversar comigo em um inglês perfeito, quase sem sotaque.

─ Bom dia, senhorita Alexandra Toledo. Como está se sentindo? Você dormiu muito mais tempo do que se esperava, o que me deixou preocupado. Não imaginava que a substância que você inalou pudesse causar um efeito tão duradouro.

─ Onde estou? O que você quer de mim?

─ Fique tranquila. Não vou lhe machucar de forma alguma. Você está em minha casa. Precisamos conversar. Queria ter feito isso em Dubai, mas você e o seu segurança armaram uma fuga cinematográfica, como se eu os tivesse ameaçado.

─ Você é muito estranho. Não costumo conversar com homens que me abordam de forma escancarada como você fez. Ainda mais estando em um país de cultura árabe, onde as mulheres têm pouca liberdade e não são respeitadas.

─ Há muita informação deturpada sobre a cultura árabe e algumas histórias remontam a um passado já distante. Temos costumes rígidos e somos fiéis aos ditames religiosos, que regram nossa moral, porém as nossas mulheres são respeitadas e muito. Elas sabem o valor que têm e o lugar que ocupam na sociedade. Elas estudam e trabalham. Muitas são formadas em profissões consideradas "masculinas", como engenharia. Elas têm direitos e podem opinar e são parceiras de seus maridos. Não trocamos mulheres por camelos e nem raptamos jovens indefesas para viverem como escravas sexuais, como dizem os romances. Tais atos podem acontecer em qualquer lugar do mundo, pois a exploração sexual, o tráfico de mulheres, a pedofilia são ações cometidas por muitos ocidentais. Os mulçumanos têm uma conduta disciplinar muito rígida. Até mesmo a bigamia já não é mais uma realidade frequente em nosso mundo.

─ No entanto, você me sequestrou.

─ Não foi bem um sequestro. Vamos dizer que foi uma condução coercitiva. Seus pais foram avisados que você está bem e que à tarde estará em casa. Sei que seu pai é muito zeloso com a família.

─ Você conhece meu pai?

─ Eu sei tudo sobre você e aqueles que a rodeiam. Precisei coletar informações para poder me assegurar de que havia encontrado a pessoa certa.

─ De quem você está falando? De mim? Sou a pessoa certa para o quê?

─ Calma, Alexandra. Você precisa primeiro se alimentar. Temos pouco tempo, pois você dormiu mais do que o previsto. O que gostaria de comer?

─ Não quero comer nada. Estou sem fome.

─ Pedirei que lhe tragam um suco. Um pouco de glicose lhe fará bem. Depois, então, poderemos conversar.

A campainha foi acionada novamente e ele conversou em seu idioma com a senhora que vi quando acordei. Em poucos minutos, ela retornou com um copo de suco de laranja adoçado e gelado. Tenho que admitir que aquilo caiu muito bem no meu estômago vazio.

─ Quer ficar na cama ou podemos nos sentar no meu escritório?

─ Prefiro sair do quarto.

─ Tudo bem. Vou deixá-la à vontade para que faça sua higiene matinal. Por favor, não demore. Temos pouco tempo. Farujah a acompanhará até o local onde estarei.

ALTAMENTE IMPROVÁVEL!     (DEGUSTAÇÃO  - completo na Amazon)Where stories live. Discover now