Paradoxo

Capítulo 6

Após uma longa conversa com Belle durante o jantar, estava decidida a dar uma chance para o novo que havia batido em sua porta. A amiga sempre clareava seus pensamentos. Belle lhe mostrou todos os pontos positivos que havia nisso, reafirmando os que já via, e, colocando em pauta a vontade de se libertar um pouco das suas próprias amarras, consideraram juntas que seria um ótimo começo. Reconsiderou depois, quando já estava sozinha em seu quarto, todas as palavras que ouviu de Regina. Não poderia mais nem contar nos dedos quantas vezes fez a voz da morena ecoar em sua cabeça até ter total entendimento de tudo que estava ali à sua disposição.

Dentro de si nascera um contentamento e uma certeza.

Foi tomada pelo sono enquanto pensava na ideia que antes lhe assustava, mas agora parecia maravilhosa de ter um livro publicado.

Acordou certa de que daria uma resposta positiva à proposta de Regina, embora ainda houvesse um certo receio e um resquício de insegurança, dúvidas sobre sua própria capacidade, estava decidida que dessa vez isso não a atrapalharia, já que nas outras vezes que ignorou esses pequenos incômodos, fez o certo.

Belle estava na cozinha acabando de preparar o café, juntou-se a ela, dando um beijo em sua testa, desejando um bom dia e recebendo outro. Colocou as canecas e os pratos sobre a bancada e sentou em seu lugar de costume.

— Devo chegar tarde hoje, não me espere e também não se preocupe — Belle disse ao sentar do outro lado.

— Não fico preocupada quando me avisa antes.

— Já tem sua decisão tomada? — Perguntou e viu Emma assentir enquanto tomava seu café. — Posso contar à Zelena?

— Eu preciso agradecê-la, deixe com que eu mesma fale.

— Tudo bem.

— Preciso ir — falou enquanto olhava o relógio pendurado na parede da cozinha. — Se cuide.

Colocou-se de pé, saindo da cozinha, ouvindo Belle repetir sua última frase. Tinha perdido tempo demais com seus devaneios durante o banho e chegaria atrasada se demorasse alguns minutos a mais.

Pegou suas coisas e saiu do seu apartamento, sem esperar pelo elevador, desceu as escadas com pressa.

De onde morava até onde trabalhava era uma curta distância e adorava caminhar sozinha durante a manhã pelas ruas movimentadas de Nova York. Era uma sensação boa olhar ao redor e estar cercada por inúmeras pessoas e ainda assim não conhecer nenhuma delas, apesar de alguns rostos comuns já que rotinas ali se cruzavam, ainda eram desconhecidos. E não ter muita facilidade em se comunicar com as pessoas verbalmente fazia com que aqueles minutos que ia do seu prédio até o jornal, fossem minutos de comunicação silenciosa e nada incômoda com alguns olhares que cruzava com o seu, alguns sorrisos tímidos que eram direcionados a si.

Observar quem caminhava na direção contrária à sua, algumas vezes, até lhe inspirava. A aparência de algumas das suas personagens eram baseadas em pessoas que olhara por segundos e nunca mais veria.

Já no elevador, aguardando chegar no andar em que trabalhava, retirou o celular do bolso da calça. Havia alguém aguardando uma resposta e seria melhor ainda se fosse imediata.

×

Regina já tinha olhado seu celular cerca de três ou quatro vezes, embora soubesse que Emma precisava de tempo para pensar em sua proposta devido aos seus motivos particulares, talvez o universo pudesse conspirar a seu favor e então receberia uma resposta rapidamente.

Tinha acabado de entrar em sua sala quando quis dar a última olhada no celular para guardá-lo e não usar mais enquanto estivesse trabalhando.

Sorriu ali sozinha ao ver que abaixo do nome de Emma havia uma mensagem.