À Procura da Pessoa Certa

548 47 12
                                    

-Merida, diz alguma coisa!
Aos poucos a nuvem se desfazia revelando Merida mirando sua flecha para Jack.
- O que você está fazendo?
- Ah, que surpresa maravilhosa,  eu não esperava visitas.
Breu surge das sombras com um sorriso no rosto, se aproxima lentamente de Jack.
- Breu!
- Brincadeira eu sabia que viria, ela é tão curiosa quanto você.
- O que você fez com ela!?
- Este foi apenas um teste bem sucedido, não se preocupe, o adorável anjinho do amor vai voltar logo...por ora. - Dizendo isso, Breu desaparece deixando apenas o eco de seu riso maléfico. Merida lentamente abaixa seu arco, olha para Jack e desmaia, ele a carrega antes que caia ao chão.
- Merida?
- Mmm? - abre os olhos lentamente e se levanta rapidamente ao perceber que está nos braços de Jack. - Eu estou bem, o que houve?
- Você tocou nas memórias e ficou agressiva, queria me atacar. Você não se lembra de nada?
- ...Não,  onde estão os dentes?
- Eram falsos, os verdadeiros ainda estão com Breu.
- Aurora boreal?
- É o Norte, algum problema. Precisamos voltar.
- Mas e o Breu?
- Eu prometo te ajudar a conseguir suas memórias depois disso, vai por mim, sei como é.
- Tá...

- Algumas luzes se apagaram.. - diz Norte apreensivo.
- O que exatamente isso significa?
- As luzes são as crianças que acreditam em nós Merida. É muito raro que alguma se apague assim sem motivo ou armação de alguém. - diz a Fada.
Sandman faz sinais dizendo que Breu pode estar por trás disso.
- Ele não arruinou nada no Natal, nada comigo, nada nos seus sonhos nem nos negócios da Fada, como ele faria as crianças pararem de acreditar na gente sem mexer em nada que é essencial pra cada um de nós? - diz Coelhão.
- Simples, vamos no local que as luzes indicam e descobrimos.
- Nem tudo é simples assim Cupido.
- Já disse pra me chamar de Merida lebre, se acha a idéia tão ruim, diga uma melhor.
Coelhão ficou sem palavras pois não fazia idéia de como solucionar o problema.
- Fazemos assim - disse Norte - Vamos nos dividir pra ir em cada luz e sabermos o que está ligado no caso dessas 3 crianças. Fada e Merida vão em uma, você e Sandman em outra eu e Coelhão na última.
- Eu posso ir com a Merida,  o Breu demonstrou interesse nela por algum motivo.
- Elas sabem se cuidar Jack.
  Dizendo isso, cada dupla foi para uma das 3 estrelas.

Merida e Fada chegam à casa da criança, a mesma está a chorar com o cobertor sobre a cabeça, vozes furiosas vinham do andar de baixo.
- Merida,  acha que consegue acalmar os pais dela?
- Eu não sei, posso tentar mas...
- O que foi Merida?
- Eu não sou muito boa com essas coisas, Fada.
- Como assim? Você é um anjo do amor!
- É mas...eu não acredito no amor, isso é um problema pra conseguir lançar uma flecha realmente forte pra parar uma briga dessas!
- Tente Merida, por favor.
-...Certo.
  Merida leva as mãos à cintura para puxar uma flecha e descobre que suas flechas sumiram.
- Qual o problema Merida?
-...Minhas flecha..sumiram!
- Onde você consegue mais?
- Eu faço, mas demora algum tempo pra fazer tantas pro número de luzes que estão se apagando.
- Só pode ser isso! O Breu achou uma maneira dos pais brigarem ou até brigar com a própria criança, por isso ele pegou suas memórias! Ele achou um ponto fraco nos adultos que afeta as crianças que só você pode consertar.
- Preciso fazer mais mas, vocês vão ter que me ajudar.
- Claro, vamos encontrar os outros e ver o que podemos fazer.
Fada voava em direção à janela, Merida se preparou para segui-la quando ouviu um sussurro chamando seu nome.
- Merida venha, temos que ser rápidos.
- Você não ouviu?
- O quê?
- Que tipo de amor você pode dar às pessoas Merida? - a voz sussurrava - Você que transformou a própria mãe em um animal selvagem, deu à ela uma comida que você nem ao menos sabia se era veneno, você poderia ter matado sua própria mãe.  Que amor você pode oferecer?
-...Merida,  não escute, deve ser o Breu, vamos embora!
- S-sim...- passa as mãos rapidamente nos olhos enquanto Fada se afasta para enxugar as lágrimas que começavam a cair.
Voavam de volta, em silêncio. Fada estava preocupada, Merida estava quieta e pensativa.
- Sabe... você pode conversar comigo se quiser desabafar..
- Não,  tudo bem... você se lembra da sua vida?
-Lembro.
- Já fez algo que se sente culpada mesmo depois de tanto tempo?
- As vezes penso sobre isso, mas então eu lembro que não chegaria onde estou se não tivesse passado por essas partes ruins da vida.
- Eu transformei minha mãe em um urso, com o perigo dela morrer naquele corpo...coloquei esse mesmo perigo nos meus irmãos que eram só crianças, tudo por egoísmo da minha parte..
- Você era jovem, fazemos coisas quando somos jovens sem pensar, achando que é a coisa certa, é normal.
- Como você era quando era jovem?
- Digamos que eu tive que amadurecer rápido, não tive tanto tempo pra essas coisas.
Merida apenas acenou com a cabeça.
- Posso te fazer uma pergunta Merida?
- Claro.
- Por que não acredita no amor? É pela sua relação com sua mãe?
- Não só isso, sabe, quando minha mãe inventou de me casar, eu entrei em desespero,  era um pesadelo me imaginar com outra pessoa. Eu nunca quis me casar e nunca vou querer e ainda assim sou um cupido,  isso é ridículo.
- Talvez ainda não tenha achado a pessoa certa, só isso.
- Não existe pessoa certa, não pra mim.  Eu quero viver a eternidade assim, livre e sozinha.
Fada apenas riu e voltou a prestar atenção no caminho. Todos já esperavam por elas no Palácio das Fadas.
- Parece que os casais estão brigando friamente na frente das crianças, fazendo elas se esquecerem de nós, tornando difícil o trabalho de todos nós e principalmente do Sandman.
- Está certa Fada, os casais que visitamos estavam da mesma forma. - concordou Norte - Mas é claro que é um trabalho simples pra cupido.
- Não exatamente, ela tem um problema e não consegue parar uma briga tão séria desse jeito.
- Que problema? - perguntou Coelhão.
- ....Ela precisa achar um amor.
- NÃO FOI ISSO QUE EU DISSE! - berrou Merida.
- Desculpe Merida, mas é a única forma de você acreditar no amor, você precisa descobrir o que é, precisa sentir.
- O que quer que a gente faça? Sair pra arrumar um primeiro encontro pra ela em meio esse caos? - Disse Jack furioso.
Merida o encara com expressão mal humorada.
- Boa idéia Jack! - disse Fada sorrindo.
- Não, péssima idéia! - discorda Jack.
- Boa idéia, levaremos Merida para conhecer algumas pessoas e quem sabe com sorte ela acha alguém.
Merida percebendo o mal humor de Jack com a idéia,  aceita para provocá-lo.
- E eu achava que o pior era convencer o Jack pra ser guardião. - diz Coelhão.

Cada guardião vai para um lugar em cidades diferentes,  Merida acompanha um a um impaciente negando todos os pretendentes que os amigos indicam. Jack acompanha, colocando defeitos e zombando de Merida,  o que a deixa ainda mais furiosa e arrependida de ter aceitado a idéia.
- Chega, gente. Eu já avisei a Fada, não existe pessoa certa pra mim,  eu odeio ter que me imaginar com qualquer uma dessas pessoas.
- Você aceitou a idéia, agora aguente. - diz Jack sorrindo. 
Merida fica furiosa e empurra Jack com muita força,  o que o faz cair.
-Por que você fez isso? Eu disse a verdade, você aceitou essa baboseira de encontro sabendo que temos assuntos mais importantes com todas essas luzes se apagando!
- Eu só aceitei pra te irritar porque...porque...porque você me irrita! Eles são acolhedores e você só me julga!
Os guardiões ficaram observando enquanto Merida e Jack discutiam, se entreolharam e tiveram a mesma idéia.
- Gente vamos ficar calmos? Tive uma idéia - interrompe Fada sorrindo.
Merida e Jack param de discutir e olham para Fada.
- Sabe....vocês são jovens, tem algumas coisas em comum..... algumas nem tanto, mas a parte boa é que os opostos se atraem!
- NUNCA - Merida e Jack gritam ao mesmo tempo.
- Por favor ao menos tentem,  vocês sabem o que está em jogo.
- Eu prefiro enfrentar o Breu sozinha sem flecha alguma se for preciso.
- Eu prefiro também, fora a parte da flecha é claro.
- Vocês tem idéia melhor? - perguntou Norte.
Merida e Jack se olham e viram o rosto  cruzando os braços ao mesmo tempo.
- Ótimo,  então vou preparar a Merida vocês preparam o Jack.  - Fada puxa Merida pelo braço e caminha para outro cômodo.
- .....Que tipo de preparo um cara precisa pra um encontro? - pergunta Norte.
- No caso desse cara, muito bom humor está realmente em falta. - diz Coelhão.

- Que idéia estúpida é essa Fada? Pensei que você tinha me entendido.
- Eu entendi seus sentimentos, não suas palavras.
- E convidou a pessoa mais idiota pra isso? Você começa a parecer minha mãe.
- Não me transforme em urso que eu cuido bem de você pra realçar ainda mais sua beleza.
- Fada, eu realmente to bem assim, e acredite que isso não vai dar em nada.
- É apenas uma tentativa,  já ouviu falar de Philia?
- Amor entre amigos.
- Exato,  não precisam se amar de forma Eros, mas somos um time agora, vocês precisam se entender.
- Ainda não aceitei ser guardiã...
- Eu sei que vai aceitar. Vou com os outros para o Polo, assim vocês ficam a vontade aqui. Conversem bastante  e se entendam por favor.
- Vou tentar.


- Você acredita Sandman? - perguntou Jack - Que idéia estúpida a da Fada, como ela pôde pensar nisso?
  Sandman tentava acalmar Jack.
- Ela é bonita, o que você tem a perder?
- Não ouça o Norte, ele não sabe dar bons conselhos, só vai lá conversa e parem de brigar. - diz Coelhão.
- Gente, vamos? O Natal está próximo, podemos ajudar Norte enquanto isso. - interrompe Fada.
- Sim, claro. Nos vemos mais tarde. - diz Norte.
Jack olha para Merida, disfarça o olhar e passa a mãos nos cabelos.
- Então.... desculpe por mais cedo, Merida.
- Tudo bem, desculpe também.
- É...
- É.... sem ressentimentos.
Ficam em silêncio por um longo momento,  ambos acanhados.
-...Por que quis me irritar aceitando aquela idéia?
- Eu não aceitei pra irritar ninguém, foi pra tentar ajudar  conseguir mais poder.
- Fala sério, você adora me irritar.
- Eu com certeza tenho afazeres muito melhores que isso.
- Como o quê? Brincar com sentimento dos outros enquanto treina pontaria?
- E você? Achando que brincar de jogar "bolinha" de neve nas pessoas é importante.
Merida e Jack voltam a discutir. Os guardiões estavam escondidos para espiar como seria o encontro e ouviram tudo.
- É.... qual é próxima tentativa? -pergunta Coelhão desapontado.

O Verão e o InvernoWhere stories live. Discover now