Será que ele ainda me espera?

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Depois de sair do vale dirijo-me ao palácio da cidade, para falar com Davison. Esta tarde alguns soldados vão viajar para Archeron, e eu preciso de avisá-lo que vou com eles.
O facto de saber que vou ver Cal dentro de umas horas começa a deixar-me enjoada e com borboletas na barriga, mas mesmo assim acelero o passo, tentando não chegar atrasada à reunião com os representantes de Montfort e da Guarda Escarlate. Finalemente entro no palácio e dirigo-me à biblioteca, lugar das ultimas reuniões durante os 3 meses, ou desde que me lembro.
Chego à entrada da mesma e aprecebo-me que me esqueci de mudar de roupa, estando ainda com um uniforme de Montfort queimado nos braços e nas pernas por ter andado a treinar com a Ella e Tyton.
Oiço vozes lá dentro e percebo que estou mesmo atrasada, não daria tempo para voltar pra casa e trocar de roupa. Suspiro, dobro as mangas do fato para esconder pelo menos o estrago nessa zona e ajeito o cabelo fazendo uma trança rápida enquanto me dirijo à porta.
Rostos observam-me enquanto entro, sentados num grande semicírculo de cadeiras no centro da sala. Reconheço alguns Generais da guerra com as Lakelands, tal como a General Cisne, além de Farley, Davison, Tyton, Ella, Rafe, Elane e Evangeline.

Evangeline. Passado este tempo todo ainda me surpreendo com a sua escolha. Não digo que não esperava por isso, mas ela já não é a mesma que era há um ano atrás. Ela vive agora lado a lado com os Vermelhos, e com o verdadeiro amor da sua vida.
Ela já não é uma princesa, nem uma rainha. É apenas Evangeline Samos. Evangeline Haven Samos. Ela casou-se à 3 semanas atrás.

- Barrow. - Evangeline olha para mim com um pequeno sorriso no canto da boca. Parece que ela ainda me odeia, mas na verdade nós ficamos amigas depois da guerra. Eu fui uma das suas damas de honor.

- Samos. - respondo com o mesmo tom sarcástico que ela, sentando-me numa cadeira ao lado de Farley, e cumprimentando-a com um sorriso.

- Atrasada novamente, Mare Barrow. Isso já quase tornou-se parte da rotina - A general cisne está junto de Davison, com o sobrolho erguido e um sorriso curioso.

- Parece que sim, Addison - trato-a pelo seu verdadeiro nome apenas para irritá-la, o que não acontece. Ela sorri para mim e passa a palavra a Davison, deixando-o proceder com a reunião.

- Obrigada, Addison. Como eu estava a dizer, temos notícias de Norta. A cidade está quase completamente reconstruída e as quebras económicas e monetárias estão a recuperar, já que maior parte da população voltou para a capital. Temos um jato esta tarde para lá, e eu esperava que alguém se ofereçesse para ir comigo e representar montfort. Algum voluntário?

Surpreendentemente Evangeline levanta a mão. Achava que ela nunca quereria voltar ao sítio onde ela foi presa por um casamento com um homem que ela nunca amou; o sítio onde ela abandonou os seus pais e deixou o seu pai morrer sobre uma troca que ela já tinha conhecimento. Aparentemente eu estava errada.

- Obrigada, Mrs. Samos. Então, eu penso que é tudo por hoje. Espero que na próxima semana nos juntemos todos novamen...

- Desculpe-me, Davison? Na verdade eu também gostaria de ir.

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Evangeline

Ainda não acredito que vou voltar para Archeron. Não consegues ser mais estúpida Evangeline? E se ela voltar. Todos sabemos que Julian Jacos é um ótimo singer, mas o feitiço não pode durar para sempre. A minha mãe pode lembrar-se de quem era antes e voltar para te aprisionar no mesmo tormento.
Só de me lembrar disso dá-me arrepios, além dos que eu já tenho devido à fina camada de neve que cai em Montfort esta tarde. Estou já na pista de descolagem, pronta para ir.

Digo adeus a Elane, abraçando-a e dando um beijo de despedida. Aqui em Montfort consiguimos fazer isso em público, sem que ninguém nos julgue ou persiga por causa disso. Já não precisamos de nos esconder com antes.

Uma escolha - Marecal AuOnde histórias criam vida. Descubra agora