Capítulo 23 - QUEM É AMIGO DE VERDADE

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Todos vestiam preto. Claro que sim, afinal, era um funeral. Paloma e Benjamin cuidaram de tudo, claro que Benjamin, contra a própria vontade. Mas estava tudo muito bonito e organizado, do jeito que Samantha não merecia. O sepultamento estava ocorrendo em um cemitério particular, lindo como o próprio céu. Havia poucas pessoas. Alguns colegas da faculdade, a mãe e o pai dela, Matheus, Paloma e Benjamin. Em torno de 15 pessoas. Nenhum amigo de verdade, as pessoas estavam ali por respeito.

Os pais de Samantha se afastaram um pouco, mas ainda ficaram perto o bastante para que Paloma e Benjamin ouvissem o que falavam.

— Está tudo tão bonito, ela não merecia essas coisas — a mãe de Samantha lamentou.

— Mas ela era a nossa filha — o pai de Samantha protestou.

— Claro que sim, Armando. Mas isso não muda as coisas que ela fez. Ela cuspiu na nossa cara e disse que merecia muito mais do que a vida de pobre que levava com a gente. E ainda tentou privar o pobre do Matheus do direito de ser pai, só pra ir atrás de um cara rico.

— Sim, você tem toda razão. Ela não merece essas coisas. Esse lugar é um paraíso de lindo, mas vai ser o único paraíso que ela vai ter — Armando, o pai de Samantha concordou.

— Onde foi que erramos, Armando? — A mulher se lamentou.

— A culpa não foi nossa, Rosa. Nós demos o nosso melhor, acontece que algumas pessoas já nascem com a índole ruim — Armando consolou sua esposa.

— Uau, ela era pior do que eu pensava — Benjamin comentou.

— Sim — Paloma lamentou. — E eu ainda não consigo acreditar. Ela parecia ser uma pessoa tão boa! E a morte dela foi tão horrível.

— Eu acho que ela teve o que mereceu. Talvez essa seja a justiça divina que as pessoas sempre falam — Benjamin opinou.

— Mesmo assim, é muito triste — Paloma insistiu penalizada.

— E você é inacreditável. Não entendo como você consegue ser tão boazinha — Benjamin reclamou.

Matheus se aproximou dos dois.

— Está tudo muito bonito, parabéns — Matheus os parabenizou. — Confesso que eu não queria ter vindo, mas eu quero ter algo de bom para falar para minha filha quando um dia ela perguntar como foi o enterro da mãe. Provavelmente terei que mentir um pouco, mas pelo menos vou poder dizer que foi lindo. 

— Você é uma boa pessoa, Matheus. Tenho certeza de que será um ótimo pai — Paloma falou sinceramente.

— Obrigada — Matheus agradeceu. — E vocês serão ótimos padrinhos e também pais, quando tiverem filhos.

— Obrigada, cara — Benjamin agradeceu colocando a mão no ombro de Matheus e dando palmadinhas leves.

O sepultamento terminou logo e todos foram para suas casas, seguir normalmente com suas vidas. A partida de Samantha era só mais uma nas estatísticas. As pessoas já estavam acostumadas a verem outras partir. Não era chocante, nem anormal. Geralmente as pessoas lamentavam e guardavam boas lembranças do falecido, mas para Samantha não haveria lágrimas, nem doces lembranças, ela seria apagada e deixada para trás como uma mancha indesejada no passado daqueles que sabiam quem realmente era ela. Talvez houvesse sim lágrimas, de sua filha, que ela nunca chegou a segurar nos braços por causa de sua ganância. A menina cresceria sentindo falta da mãe, não importava se falassem a verdade ou se mentissem para ela. Ela sentiria falta da mãe, mas não da Samantha.

Paloma combinou com Matheus e Benjamin, deles irem na tarde do dia seguinte no apartamento dela, para levar as coisas da bebê para a casa de Matheus. E no dia seguinte, no momento combinado, eles estavam lá. Paloma os levou até o quarto onde estavam as coisas dela.

O ACORDO LIMA E SÁOnde as histórias ganham vida. Descobre agora