Por que existo?

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Não me olhe! Eu estou assustada... Assutado... Eu não sei mais... - A epifania dos sentidos de Morgan mostrou a profunda trialidade mental dele. Talvez fosse o efeito da maconha e álcool "enfiados goela a baixo", mas isso não mudaria o fato de que aquela sua fraqueza estava a mostra para as pessoa que ele mais odiou na vida: Ele mesmo.
Em frente ao espelho quebrado, escutando o som alto de um jazz melancólico qualquer em seu rádio , Morgan Young surtava com suas mãos ensanguentadas depois de uma noite de exageros por causa da senhora Mcbean: " você deveria se parecer mais como um menina, A'Leila". Aquele não era A'Leila, não naquele momento.
Era dificil até para ele mesmo se entender. Dormia de um jeito, acordava de outro. Às vezes duravam semanas até isso acontecer.
"Oi, eu sou A'Leila Young"
"Oi, eu sou Morgan Young"
"Oi, eu sou Demi Young"
*Mas hoje é só Morgan*. É o que ele pensou. Com isso, levantou-se do chão e foi ao banheiro se limpar. Não seria um dia fácil, na verdade nenhum dia foi fácil em sua vida desde que percebeu ser assim. A pele parda, com olhos fundos, cheio de olheras e vermelhos pelas lagrimas e drogas. Tudo nele era deprimente. E seus pais, onde estariam agora? Bem, provavelmente em Hong Kong fazendo algum negócio, por isso a casa sempre vazia.
Quando terminou, foi tomar café o mais rápido que pôde pois a campainha estava sendo tocada, provavelmente por Hanna, exasperada par irem pegar o ônibus.
Eles estavam no ônibus agora e o babaca Toryl estava o atormentando, novamente.
"E ae menina macho? O Calvin me disse que você dormiu com todos na festa do sábado." - Esses babcas nojentos...
"Por quê ainda insiste em me atanazar, Troyl? Por acaso quer tomar no cu?"
"Ah vá se foder, puta!" - Ele deu o dedo do meio à Morgan, sentou e calou-se.
"Querido, você está bem com isso? Todo dia os mesmos insultos... Como você aguenta?"
"Elizabeth, só de olhar para meu rosto você pode ver que eu não estou nada bem"
"Eu só quis saber, não precisava me engulir com essa ignorância toda!"- Ah mas precisava. Ele não estava com saco hoje para explicar o óbvio.
Cansado de toda essa palhaçada logo de manhã, ele preferiu voltar a usar os fones, assim, seu mundo silencioso suportaria os ruidos do mundo.
Mas nem tudo poderia ficar bem. Num mundo em que você é diferente do padrão, as coisas são piores para você do que para quem tenta se manter nele. É muito maid difícil ir contra a correnteza. Uma hora você se cansa e ela te puxa para o fundo.

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Morgan narrando

Já no colégio, as coisas não eram melhores. O Bullying se tornava pior e os professores e diretores faziam vista grossa para os grupinhos de garotos mimados, por eles serem filhos dos grandes empresários que faziam a maldita cidade "funcionar" e por serem homens, ainda por cima brancos, que já tiveram casos de estupro, dorgas e racismo abafados pela "justiça".
Aqui é melhor achar um grupo para se enturmar. Fica menos difícil de ser atacado, mas isso depende da sua reputação ou da reputação do grupo. Muitas dessas questões são consideradas "batidas" mas continuam ignoradas. Eu odeio esse sistema, mas é muita hipocrisia odiar algo que você faz parte e contrubui mesmo não percebendo...
"Ô maluca, vai ficar parada no meio do corredor mesmo?"- Um garoto esbarra em mim. Nem percebi a movimentação intensa dos alunos.
"Me desculpe." - Ele não falou nada, apenas saiu andando.
Hanna foi para a sala dela há um tempo. Segui meu caminho até a sala de História.
"Senhorita A'Leila, atrasada de novo!" - O professor Rajesh, sempre pontual e incrivelmente odiado pela turma.
"Descupe-me prfessor, fiquei presa no fluxo"
"Tanto faz, que isso não se repita. Agora sente-se, a aula de hoje é sobre seu país de origem: Brasil.

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Apr 05, 2020 ⏰

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