Capítulo dois

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Os suspiros repulsivos que escapam dos seus lábios grossos, me deixavam enojados. O sorriso diabólico que deu enquanto apertava meu pescoço, me fazia desejar e implorar pela morte, tudo, menos aquilo. O que estava acontecendo? Por que estava revivendo isso? — Fecho os olhos ao notar que seu rosto se aproximava do meu pescoço. Seu hálito fedia a cigarro barato e bebida alcoólica. 

—Seja um bom menino, Jungkook – Murmurou baixo, fazendo-me fechar os punhos em raiva. Não! Ninguém vai me machucar!

Quando abro os olhos destemidos para enfrentar a escuridão, arregalo os olhos ao ver de longe a figura de Taehyung, ele chorava pavorosamente enquanto seu pescoço era apertado por mãos ásperas. O que estava acontecendo? Por que não era eu em seu lugar? — Sinto a raiva me abater, olhando para aquela cena. Avanço com toda velocidade determinado de matar o desgraçado que estava encostando no meu Taehyung. Que seja eu, mas não ele.

—Jungkook! —Tae sussurrou sem forças, seu rosto ficava mais vermelho cada vez que o desgraçado apertava seu pescoço com um sorriso imundo em seu rosto. Não!

—Taehyung!! — Tento alcança-lo, porém não conseguia. Ele ficava cada vez mais inalcançável, se afastando de mim a medida que me aproximava. Meu coração estava  acelerado, com o ódio e o pavor percorrendo minha veia me matando por estar vendo aquela cena.

- É sua culpa... estou sendo ferido por sua culpa, Jungkook – Seus olhos encontram os meus. Decepcionados e feridos. As lágrimas desciam por suas bochechas, seu rosto estava marcado por marcas de mão. Me ajoelho no meio da escuridão, sentindo o impacto da dor e arrependimento se espalhar por dentro de mim e a luz que imaginei alguma vez possuir, desaparecer.

-Tae...

- Eu nunca deveria ter aceitado casar-me com você. Tudo isso é culpa sua. Todos em sua volta se machucam, por causa da sua escuridão.

—Não!  — Abri os olhos aturdidos. Meu peito subia e descia de maneira célere junto com minha respiração quase inexistente em meus pulmões. Pisco diversas vezes as pálpebras, encarando o teto do quarto, onde existia apenas uma pequena iluminação vindo da janela. Passo as mãos pelo rosto, sentindo minha pele suada nos pequenos cantos do meu rosto. Respiro fundo, recuperando as batidas normais do meu coração. Merda.

Viro meu rosto para o outro lado da cama. Observo a imagem serena e encantadora do Taehyung, dormindo tranquilamente, com os lábios entre abertos. Seus cabelos semelhantes a uma noite escura, espalhados pelo travesseiro. Seu corpo nu estava envolvido apenas por um fino lençol que cobria apenas sua silhueta, deixando as demais partes do seu corpo atraente totalmente exposto. Sorrio fraco, esticando o lençol para cobrir todo seu corpo. Ele se remexe, encolhendo-se como uma criança.

Me levanto, colocando os pés no chão e caminhando até a sacada do nosso quarto. A madrugada já estava chegando ao fim, dando vista para pequenos traços do dia que se aproximava. Sinto o vento gelado chocar contra meu corpo nu, me causando curtos calafrios. Minha mente rodopiava em pensamentos. Não só pelo pesadelo horrível que eu tive, mas também pelo acontecimento do dia anterior com o Taehyung. Por mais que os policias do estabelecimento tentaram me tranquilizar garantindo que era provavelmente um bêbado que não respeitou as leis de trânsitos, eu ainda não conseguia acreditar. Algo estava errado. Eu sentia algo dentro de mim gritar para me explicar isso. E o meu pesadelo foi a prova viva disso. Taehyung tinha que ser protegido. Nada, poderia acontecer com ele. Por que eu tinha a absoluta certeza que se existia alguém que queria me atingir, irá ferir a única pessoa com quem me importo.

Tones of a Choice -  Livro 3Where stories live. Discover now