Capítulo 2 - O Novo Lar:

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Quando eles chegaram ao lar do homem, o homem ordenou ás suas criadas para arranjarem um banho para o rapaz e tratarem das suas feridas a seguir.

Enquanto estava no banho, o rapaz começou a relembrar a destruição da sua cidade pelos romanos e os terríveis gritos do grande massacre. Uma lágrima escorria-lhe pelo rosto enquanto ele olhava para a água transparente. Logo, ele ouviu um bater à porta e depressa limpou a sua lágrima, como se ela nunca lá estivesse. Pela porta, entraram as criadas para lhe tratarem das feridas, trazerem-lhe a sua nova roupa e o guiarem até à sala de convívio.

Quando chegaram à sala, o rapaz viu o homem sentado no sofá, majestoso e misterioso de tal forma que o rapaz se sentia um pouco intimidado. O homem parecia um mistério difícil de desvendar e isso despertou curiosidade no rapaz, querendo estar próximo dele apesar do seu receio.

- Senta-te jovem. -Disse o homem apontando para um sofá à sua frente.

O rapaz, já com roupa, assim o fez e o homem continuou a falar:

- Então... Como estão as tuas feridas?

- ...Ainda doem, mas não é nada que eu não aguente. -Disse o rapaz, tentando parecer o mais corajoso possível.

- Pois... pelo aspeto delas, podem demorar semanas a curar. Mudando de assunto... diz-me qual é o teu nome? Eu sei o nome de todos aqueles que trabalham para mim e não quero que sejas uma exceção.

- ...

- Escusas de ser tímido rapaz. Se quiseres podes dizer só o teu primeiro nome.

- ...Alexis... -Disse o rapaz tão baixinho que mal se ouvia.

- Alexis? Muito bem então. O meu nome é Lucius e a partir de hoje sou o teu mestre. Por isso quero que me trates como tal.

Ficando um pouco surpreso por ouvir o seu nome depois de tanto tempo e não sabendo como reagir a estas frases do homem, o rapaz não conseguiu dizer nada.

- Não me olhes com esses olhos de conflito, Alexis. Garanto-te que existem mestres bem piores do que eu e aquele homem de há pouco é um bom exemplo disso. Eu, pessoalmente, prefiro tratar os meus escravos bem, ao contrário de muita gente por aí. Agora voltando ao que importa, daqui a pouco é hora de almoço e eu gostava de te guiar pela casa a seguir da comida, para conheceres melhor o sítio onde vais viver a partir de agora. Não que tenhas outro sítio para onde ir, eu suponho.

- ...Não...acho que não tenho mesmo...

Vendo o sorriso triste e melancólico de Alexis, Lucius ficou surpreso e não soube o que mais haveria de dizer durante uns pesados segundos.

- Rapaz...não sei o que te aconteceu, nem te quero perguntar nada que te deixe desconfortável, pelo menos por agora, mas uma coisa te digo: não vou deixar que a tua vida piore mais, nem vou deixar que ninguém te magoe.

Vendo a cara surpreendida do rapaz ao dizer isto, o homem mostrou um pequeno sorriso, algo que o rapaz ainda não tinha visto dele até agora.

- Estás seguro aqui, Alexis. Não te preocupes com mais nada.

Pouco tempo depois da conversa entre os dois, o almoço, que era uma comida tradicional romana, já estava pronto. O rapaz, não tendo comido praticamente nada durante um grande período de tempo, logo comeu a comida toda que lhe foi oferecida.

Depois do almoço, o homem guiou o rapaz pela sua casa de luxo como lhe tinha prometido. A casa era enorme, com piscina interior e um grande jardim. Ela tinha uma cozinha, a anteriormente referida sala de convívio, sala de jantar, várias casas de banho, etc. A casa também tinha vários quartos, que davam para todos os servos e, obviamente, também para o dono da casa. Quando chegaram ao quarto que era para ser do rapaz, os dois entraram, para que ele possa ver o seu novo quarto melhor.

- Então rapaz, o que achas do teu novo quarto?

- É lindo! -Disse o rapaz, admirado com tal luxo romano.

Vendo Alexis entusiasmado, o homem não conseguiu esconder o pequeno sorriso que lhe apareceu na cara. Sem conseguir resistir em perguntar, o rapaz disse:

- Senhor... porque é tão gentil comigo?

- Gentil?...Eu? -Perguntou o homem com cara de admirado. - Eu não acho que seja gentil rapaz. Também eu fiz muitas coisas que me arrependo de ter feito. Mas isso está tudo no passado, agora eu quero ser uma pessoa melhor do que aquela que fui.

- No passado... -Murmurou o rapaz, perdido nos seus pensamentos.

- Seja como for Alexis, o que interessa é o aqui e o agora. Nós não podemos mudar o passado mesmo que queiramos, por isso a única coisa que nos resta é aprendermos com ele e tornarmo-nos em pessoas melhores. Nós não podemos deixar que o passado nos atormente nem que nos faça sofrer. Agora descansa rapaz. Quando for hora de jantar vou mandar alguém para te vir chamar, enquanto isso vê se dormes um bocado, o dia deve ter sido muito cansativo para ti. -Disse Lucius, saindo do quarto logo a seguir de ter falado, deixando o rapaz sozinho.

Vendo-se completamente a sós dentro do refinado quarto, uma grande exaustão tomou conta do corpo do jovem, que logo se deitou na sua cama e deixou que os seus pensamentos tomassem conta dele, até que ele adormecesse num sono tranquilo e profundo.

O Escravo e o seu MestreWhere stories live. Discover now