Human - The Killers

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"And I'm on my knees, looking for the answer. Are we human? Or are we dancer? "



LALISA MANOBAN POV

Acordei ao som de Lost Stars, do Adam Levine, tocando em meus alto-falantes que estavam perdidos em baixo de alguma roupa no meio da confusão que era meu quarto, assim como a minha vida.

O fato é que: eu dormia ouvindo música, e não acordava com despertador, era meio que biológico, meu corpo se acostumou com essa rotina de acordar todos os dias às cinco e quarenta e cinco, exatamente, ou então uns dois ou três minutos antes dessa hora. Então quando digo que acordei com essa música, não é porque tocava com despertador, mas porque foi a primeira que estava tocando da longa lista de músicas da minha playlist de dormir.

Devido a letra da música, e minha lerdeza em processar que eu deveria me levantar e começar a me arrumar para aula, comecei a refletir sobre algumas coisas que o Adam cantava naquela música. Era de um filme muito bom, com a Keira Knithley, uma puta atriz do caralho, e aquele cara que faz o Hulk nos filmes dos Vingadores, sempre esqueço o nome dele, apesar de também achar um ator do caramba.

A letra diz que somos todos "estrelas perdidas, tentando iluminar a escuridão". E era exatamente assim que eu me sentia, praticamente a maior parte do tempo. Como se estivesse perdida. Eu sei do meu brilho, do meu potencial, mas não sei como usar, como iluminar a escuridão que me cerca. Quer dizer, faz sentido?

Meus pais dizem que eu tenho que decidir logo sobre o meu futuro, e às vezes eu me sinto como um fantoche, tendo sua vida controlada por algum ser superior enquanto eu não tomo coragem de segurar as rédeas dela por mim mesma e controlar tudo.

Acontece que eu não sei o que fazer. Devido a sociedade de merda em que vivemos, as coisas que eu realmente gosto são vistas com a seguinte afirmação: "Ah, mas isso não vai te trazer dinheiro e satisfação pessoal! Você tem que procurar algo que te dê estabilidade e dinheiro. ", bom, acontece que eu não quero isso. Eu só quero fazer algo que me deixe feliz, mas também fico com medo de não ser suficiente, de não conseguir viver do que eu gosto e ser para sempre uma miserável, presa na casa dos pais, sem condições de se manter direito, com um emprego de merda e uma vida infeliz. Não que eu odeie morar com meus pais, pelo contrário, são ótimas pessoas. Meio ausentes, mas eu entendo o lado deles.

Desde pequena eles sempre foram muito cuidadosos com a minha educação, me ensinando a ser uma boa pessoa, cuidar dos outros e de mim mesma. Foram anos se dedicando desde que eu nasci. Quando completei lá para os meus 13/14 anos, eles perceberam que eu já tinha uma mente boa para conseguir me virar sozinha. Meu pai é cozinheiro, tem o seu próprio restaurante. O grande Marco Manoban resolveu que só abriria pela parte da noite, e a tarde ficaria resolvendo questões de contabilidade, enquanto de manhã passaria o tempo todo com a minha mãe, que por acaso é enfermeira, então trabalha a tarde e à noite praticamente inteira também. Então na madrugada e pela manhã eles aproveitam a companhia um do outro. Aproveitam de verdade. Nojentos.

Então ocorre que eu só os vejo pela manhã, quando fazem o café para mim e perguntam como eu tô indo nessa minha vida e, é claro, ultimamente pegaram o maravilhoso hábito de me cobrar uma resposta sobre o futuro que eu quero seguir. Eu sei que eles vão me apoiar em qualquer coisa que eu escolher, mas também sei que, no fundo, o desejo deles é que eu escolha algum curso "importante", do tipo como engenharia, medicina, essas coisas.

Mas acontece que eu sou apenas uma estrela perdida, um fantoche, como diz a música do Adam e a outra do The Killers, respectivamente.

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Pictures of you   #jenlisaWhere stories live. Discover now