Capítulo 7

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Desculpe a demora e sumida, mas espero que gostem!

Olavio me abraça, fico ali, apenas sentindo aquele carinho tão honesto e simples, tão simbólico, tão normal para os outros e tão estranho para mim.

-Acho que devemos ir dormir. –falo por fim.

-Você que sabe, está se sentindo melhor? –ele pergunta.

-Sim, obrigada, ninguém nunca tinha feito isso, de ficar comigo, sem querer nada em troca, obrigada, foi importante. –conto com um meio sorriso triste.

-Não quero nada em troca? Está errada cara Watson! –ele fala presunçoso.

-Quer algo? O que, Sherlock? –pergunto.

-Quero que você fique bem. –ele responde sorrindo, rio.

-Obrigada. –sorrio.

-Mellanny? –ele chama.

-Que? –pergunto.

-Cuidado, você pode se apaixonar por mim. –ele fala sorrindo. Me afasto em direção a minha cama, quero-a mais do que tudo.

Tudo o que ocorreu me faz pensar que já se passaram dias e até agora não tive um telefonema do Jonny, ele é meu namorado, ne? Decido que vou ligar amanhã cedo para ele, pode ser um bom negócio, falar com ele vai afastar todas as coisas que senti enquanto estava nos braços do Olavio. Estranha e reconfortante foram as sensações que tive, me senti estranhamente acolhida e amada, sem nada em troca, sem nenhum pedido, sem nenhuma intenção obscura, só ali, só o momento...

Durmo como se não houvesse amanhã, estava mais cansada do que podia imaginar, respiro fundo e pouco depois do sol nascer já estou de pé, trocada, e pronta para mais um dia. São sete horas de fuso horário daqui em comparação com NY, decido que vou ligar para o Jonny anoite, lá vai ser de tarde ainda, um bom horário, passo o dia ansiosa pela chegada da noite. Quero ouvir a voz do meu namorado e perceber que eu não senti nada pelo Olavio, que foi só emoção do momento, que foi apenas frustração que não foi nada mais do que cansaço.

-Onde vai? –Helena me pergunta quando me vê passando com o telefone no ouvido.

-Ligar para o meu namorado. –respondo sorrindo, me afasto do refeitório, lá devem ser pouco mais que três da tarde, provavelmente ele deve estar em alguma filmagem. O telefone toca infinitamente, a primeira ligação cai na caixa postal, a segunda está preste a ir também, quando escuto a voz rouca de sono do Jonny.

-Oi. –falo animada.

-Quem é? –ele pergunta, aposto de deve ter atendido sem nem abrir os olhos, provavelmente deve estar sem camisa, com os cabelos rebeldes e os olhos vermelhos do sono.

-Não reconhece minha voz? –pergunto sorrindo.

-Mellanny! Quanto tempo amor! –ele fala agora mais atento.

-Será que é porque você não me liga? –pergunto irônica.

-Você também não ligou. –ele justifica.

-Eu estou na África! –rebato.

-Não existe nem civilização, quem dirá rede telefônica. –ele desdenha rindo.

-Existem dos dois aqui, o que está em falta é a sua inteligência. –rebato irritada.

-Não vamos brigar amore, vamos lá, o que tem feito? –ele pergunta.

-Tenho dado aula para crianças, elas são...-antes que possa terminar ele me corta.

-Tédio, horrivelmente péssimo! –ele suspira.

-Como?-pergunto descrente de sua falta de educação tão comum.

-Ensinar criancinhas? Uma merda! Eu estou no novo filme do Edigar, e vou te falar tá foda, peguei o papel de protagonista, como sempre. –ele se gaba. Por alguns minutos enquanto ele conta de como estão as gravações me pergunto o motivo de ter ligado para ele, Jonny mal me ouviu, ele nem ao menos quis saber como eu está, o que estou fazendo com a minha vida? Me pergunto. Como pude chegar a isso?

-Você me ama? –corto-o.

-Que? –ele pergunta sem entender.

-Porque estamos juntos? –pergunto.

-Porque nós sim! Está maluca Mellanny? O ar daí está estragando seus cérebros? –ele pergunta irônico.

-Eu e a maioria da humanidade só temos um cérebro, você é o único diferente que não tem nenhum. –rebato irritada.

-Você está estranha. Esqueceu de quem sou? De como sou? Esquecer que sou o cara mais desejado do momento? As revistas dizem que somos incríveis juntos, combinamos, nossos rostos ficam bem juntos. Somos um casal lindo. –ele se gaba.

-É por causa das revistas? Por quem você é? É mais provável de quem sou eu, e não você. Acorda Jonny. Quem é você comparado a mim? –pergunto com ironia.

-Está tomando muito sol, nem vai precisar de bronzeamento. –ele fala distraído.

-Você é...-ele me corta outra vez.

-Tenho que ir, vou para o sets, depois conversamos, amo você. –ele se despede.

-Até. –respondo.

Desligo o telefone e por alguns minutos fico ali, absorvendo tudo o que aconteceu, respiro e penso em nossos momentos. Jonny se tornou um cara superficial e metido, do tipo que se acha, que humilha, tão diferente do garoto sonhador e romântico que conheci a alguns anos, do cara que me fazia rir com sua ingenuidade perante os excessos e luxos tão comuns para mim. Mas quem sou eu para julgar ele? Sou igual, sou pior. Sou a garota complicado dos tabloides, devo ter falido meia dúzia com o meu sumiço, quem mais vai dar festas, quem vai dar escândalos, quem vai brilhar? Eu sou a rainha das notícias, a rainha das irritantes câmeras, sou a rainha das redes sócias, sou tudo, mas não sou ninguém, tenho centenas de papeis e não sou nenhum, tenho milhões de fotos, e não estou em nenhuma.

-Onde estou? Quem sou? –pergunto para o nada.

-Você é uma patricinha. –escuto. Sorrio.

-É eu sou. –concordo.

-E está na África. –Olavio me fala dando de ombros.

-Realmente achei a paisagem diferente da de NY. Mais quente. –comento sorrindo.

-O que houve? Está estranha. –ele comenta.

-Nada de mais. –dou de ombros.

-O telefonema foi ruim? –ele indaga.

-É, já tive ligações melhores... –dou de ombros.

-Acontece, que graça teria se tudo fosse como queremos? –Olavio comenta.

-Seria bom, previsivelmente incrível. Daria tudo para ter o que quero.-falo baixo. -Perderia a graça!-ele reclama.

-Viva a sua imprevisivelmente, prefiro a minha previsível.-respondo.

-Falou a garota que estampava capas de jornais com escândalos cabeludos todas as semanas.-ele desdenha rindo.

-O que também era previsível. Olha quem eu sou, quem são meus pais e qual a minha profissão. Não poderia dar em outra coisa.-respondo dando de ombros.

-Sei quem é você, ou quem você demostra e mostra ser, mas duvido que seja isso mesmo, que seja tão fútil e mesquinha como faz de conta que é. Aposto que não é esnobe e má como age. –ele fala.

-Você acha que sabe de tudo, que consegue me desvendar, mas é impossível.-respondo me afastando.

-Você está perdida, sobre isso eu tenho certeza, se sente um patinho feio, quer algo, mas não sabe ainda o que e muito menos como conseguir.-ele termina.

-Eu não sou e nunca serei um patinho feio, sou maravilhosa demais.-rebato me afastando em direção ao meu quarto. Babaca!

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⏰ Última atualização: Mar 24, 2020 ⏰

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