Capítulo 2

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Chegamos em casa e estava receosa de tê-lo lá.

- Você me ajuda a tirar as coisas do carro?

- Beleza.

Tiramos tudo até que bem rápido. Não quis guardar nada ainda e o puxei para a sala de cirurgias onde o corpo permanecia no mesmo lugar.

- Puxa! Que lugar maneiro.

- Deixe o cachorro lá fora e lave as mãos antes de entrar.

Desci as escadas e peguei o gravador e o meu caderno de anotações. Olhei aquele corpo de perto. Coloquei a luva, peguei uma tesoura e rasguei a roupa.

- Lave as mãos e pegue uma das luvas.

Acendi três velas, pois já estava entardecendo e a sala estava um pouco escura. Liguei o gravador.

- Dia 30 de novembro de 2022. Acho que deve ser três da tarde. Estou aqui com o Ravin. Ele entende um pouco mais que eu sobre esse vírus e a partir de seus conhecimentos pretendo desenvolver uma cura, se possível. Ravin, por favor, me fala o que sabe.

- Eu sou Ravin... Preciso dizer alguma coisa a mais, tipo a data de novo?

- Não. Só fala o que você sabe.

- Bem. Vamos lá. Esse vírus teve seu surto em 15 de janeiro de 2020 e até então não tem nenhuma cura desenvolvida. As pessoas que ficam infectadas sentem uma fome intensa. Elas podem comer o quanto e o que for, mas nada as deixam saciadas a não ser carne humana. As crianças e os animais podem ser portadores, mas o vírus não se desenvolve nelas. A forma de contaminação é por meio da saliva ou do suor. Se isso tocar em boca, nariz, ouvido, olhos. Você já pode dizer adeus. Ah, relação sexual também. Todos que tiveram contato com isso se infectaram. Creio que até 13 anos a pessoa não desenvolve. O tempo para o vírus controlar seu corpo é de dois dias. Facilmente pode-se identificar um doente pelos seus olhos. Eles ficam levemente avermelhados no primeiro mês. Nesse tempo você pode ficar em dúvida se a pessoa realmente está com o vírus, o vermelho é fraco e só se prestar bem atenção consegue identificar, mas ninguém vai querer chegar perto dessas coisas. Depois do primeiro mês fica bem mais evidente ver que a pessoa está com a contaminada. Eles têm péssima visão e no escuro não enxergam nada. Apesar disso sua audição é ótima. Eles conseguem sentir quando a pessoa fica com medo. A acham mais saborosa assim, então eles levam sua vítima para algum lugar e as come lentamente para poder deixa-la com muito medo. É como se fosse um tempero. – Ele riu – Antes com uma facada no pescoço eles morriam, devia ter alguma coisa lá.

- A jugular. Eles morriam quando se acertava na jugular.

- É, deve ser isso aí. Só que acho que o vírus sofreu uma mutação e agora apenas com tiro na cabeça. Isso é tudo que eu lembro.

- Obrigada! Agora que sei como ocorre a contaminação, irei abri o pescoço dessa mulher, hum.... Vou chama-la de Leticia. Agora vou abri o pescoço da Leticia e ver o porquê dela não ter morrido na hora que a esfaqueei. A jugular é um lugar que se deve tomar muito cuidado. É fatal.

Peguei um bisturi e fiz um corte preciso. Abri cuidadosamente e me assustei.

- Acabei de abrir e não vejo a veia jugular aqui. É como se ela nunca existiu. Não a vejo.

- Deixa eu ver. – Ravin se aproximou. – Abre o corpo dela todo, talvez não seja esse o lugar onde fica a veia.

- Eu estudo medicina, tá bom! Eu sei onde fica muito bem.

- Fazia, não faz mais. Anda abre.

Eu abri o corpo da Leticia e me espantei. No seu corpo não tinha a jugular.

- Como vou fazer uma cura se ela não tem a jugular. Essa veia é muito importante. Ela transporta sangue venoso do crânio e sistema nervoso. Como vou conseguir uma cura? Já sei. Preciso voltar para o mercado e pegar aqueles outros corpos que estão lá.

Tirei as luvas e desliguei o gravador. O Ravin me puxou pelo braço antes que pudesse subir as escadas.

- Você não vai lá agora, né?!

- Vou, por quê? Você mesmo disse que eles não conseguem enxergar nada a noite.

- Você não consegue notar o que está acontecendo? Esse vírus está passando por mutações. Eles não têm mais a jugular como você disse. Quem dirá que já não enxergam muito bem? Não podemos arriscar. Já vai escurecer e daqui para lá é longe. É melhor fazer isso amanhã. Aproveitamos e passamos na minha antiga casa para pegar as placas solares para trazer de volta a energia daqui.

- Tudo bem. Você tem razão. Por acaso tu sabe mexer nessas coisas de energia?

- Claro. Eu sou engenheiro. Vamos, deixa isso aí. Você precisa relaxar um pouco.

Ele saiu da sala e fui logo emseguida dando uma última olhada na Leticia. Tinha medo que ela pudesse selevantar a qualquer momento.

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⏰ Last updated: Mar 23, 2020 ⏰

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