— Pra quê? — James não parecia ver o propósito daquilo.

No entanto Savannah sabia que o processo de cura não era linear, era como uma montanha-russa de avanços e recaídas, e era exatamente nos momentos de recaída que algo devia ser feito, assim a mente não teria tempo de se afogar no trauma outra vez.

— Você disse que é uma arma, eu digo que você pode ser o que caralhos você quiser. Então vamos marcar essa transição com um corte de cabelo. — Ela moveu os ombros como se fosse a coisa mais simples de todas, como se de fato um corte de cabelo tivesse algum poder milagroso.

James suspirou, se sentou também, pareceu em dúvida.

— Eu ainda tenho isso pra me lembrar. — Moveu a mão de vibranium usando um tom amargo.

— E esse é o ponto, ninguém disse que você precisa esquecer. — Savannah fez questão de tocar aquele mesmo braço. — Eu disse "ser o que caralhos você quiser", não "ser alguém totalmente diferente". Você pode ser a versão que você mais gostar de você mesmo.

Ela sorriu e viu nos olhos de James que ele estava pensando no assunto.

— E eu espero que essa versão inclua o braço, porque ele é legal pra caramba e muito sexy. — Murmurou como se fosse um segredo e viu que isso desestabilizou o Sargento por alguns segundos. — E eu posso dizer isso porque sou sua melhor-amiga-barra-namorada-falsa, então ninguém no mundo seria mais honesta que euzinha.

Ele riu de canto e Savannah sentiu que um grande peso era tirado de seu coração. Não deixaria que James afundasse de novo. De jeito nenhum.

— Certo, você venceu. — Ele ergueu as mãos em rendição. — Vamos fazer isso.

— Isso! — Ela comemorou, se jogando nos braços dele e dando-lhe um beijo estralado na bochecha. — Vou pegar as coisas.

Savannah não esperou uma resposta, apenas se levantou e voltou correndo para o próprio apartamento, juntou tudo que precisava em um bolsa e retornou de imediato, encontrando James sentado exatamente no mesmo lugar, com Alpine em seus braços.

Ela arrumou tudo no banheiro e puxou uma cadeira até lá. Quando terminou, James já estava parado na porta.

— Pronto, Sargento? — Perguntou, se movendo para o lado, assim ele teria acesso a cadeira.

James respirou fundo.

— Sim, Boneca. — Respondeu, dando finalmente alguns passos na direção dela e se sentando na cadeira posicionada ao lado do box.

Savannah não fez nada por um tempo a não ser pentear os fios castanhos com cuidado. James se arrumou melhor na cadeira, tombou a cabeça para trás e respirou fundo. Ela não pode deixar de pensar então, que era uma pena passar a tesoura em um cabelo tão bonito. Mas era por uma boa causa.

— Então, como era seu cabelo nos anos 40? — Perguntou, deslizando os dedos nos fios castanhos e sentindo a textura macia deles.

— Normal ué... curto. — James respondeu franzindo as sobrancelhas minimamente.

Savannah sorriu, continuando a apenas mexer no cabelo dele mais um pouco.

— E quem gostava mais, as garotas ou os soldados? — Perguntou e viu James rir de canto e desviar os olhos.

— Ninguém estava preocupado com meu cabelo, nem as garotas e com certeza não os soltados. Não tínhamos tempo pra reparar no cabelo dos outros... — Ele deu de ombros, como se fosse uma pergunta boba, mas Savannah não comprou aquele tom.

— Sério? — Ela jogou de volta, encontrando os olhos azuis e franzindo as sobrancelhas em uma desconfiança divertida.

— Não. — James admitiu com uma risada um tanto presunçosa. — Todo mundo gostava do meu cabelo.

INVERNO ARDENTE | Bucky Barnes ✓Where stories live. Discover now