𝑷𝑨𝒀𝑷𝑯𝑶𝑵𝑬: 𝑨 𝒓𝒆𝒂𝒍 𝒉𝒊𝒔𝒕𝒐𝒓𝒚

𝑫𝒐𝒏'𝒕 𝒇𝒆𝒂𝒓, 𝒃𝒂𝒃𝒚

Com o tempo, havíamos achado uma oportunidade.

Não tinha nada a ver com sorvetes ou com encontros de 18:00 em um sol escaldante. Era melhor, bem melhor. Pra falar a verdade, sempre quis viver algo nesse lugar onde parece que todo mundo é muito atraente. Fomos convidados para uma festa. Uma festa de 15 anos, umas das poucas que ainda teria.

pcharles.06:
#Joanne15 uhuuuuuuul, vai ser show

kel.adams:
Kkkkkkkkk é eu espero que sim, to precisando de uma festa

pcharles.06:
Vai de batom claro viu gata? :)

kel.adams:
Claro ;)

Bem, estava mais que óbvio né? Não havia muitas charadas ou dilemas quando alguém te pede pra ir de batom claro, apenas da pra entender que é porque essa pessoa vai tirá-lo. Então, iríamos nos beijar, nos falar pessoalmente e talvez passar uma noite incrível. Eu particularmente acho festas, incríveis.

Em mim, essa segunda vez não causou uma onda de ansiedade ou preocupação muito grande igual da primeira. Estava mais confiante, me arrumar para a festa me trouxe uma autoconfiança muito grande. Meio que em uma festa, não existiria um pequeno mundo só de nós dois, existia junto uma atmosfera. A composição dela, me fazia sentir bem melhor e menos tensa. Seria naquela noite.

O dia chegou, e quanto mais as horas se aproximavam, mais pronta eu ia ficando. Optei por um vestido mid de minha mãe num tom laranja meio coral, o qual havia um decote em sua frente. Minha maquiagem era bem simples, e com certeza incluía o tal batom claro, o que particularmente eu não gosto muito. Mas tudo bem, era por uma boa causa. Meu cabelo se encontrava normal, não se encontrava em um dia ruim. Estava ótima, ele gostaria.
Peguei carona com Jane, e assim fomos para lá.

Ao chegar, nos sentamos quase que imediatamente em um grande sofá de couro, usar salto é um dos maiores males da mulher, mas era tão lindo. Pros e contras né? Ficávamos observando cada cantinho da festa, esperando com que ele atravessasse as portas, e eu cheia de expectativa.

Cheia de expectativa, sempre esse o problema.

Parecia certeiro de mais pra mim que com certeza algo aconteceria. Em festas as pessoas não tinham vergonha alguma, o que poderia ser diferente né? E ele já havia insinuado, o meu papel agora seria só esperar e sentir a mágica acontecer.

Ah, mas quem me dera se tivesse acontecido.

Peter aparece por fim, cruzando a porta com seus amigos. Estava normal, terno e gravata, nada que ninguém nunca tenha visto. Porém ele ficou do outro lado da boate, o oposto. E lá permaneceu.

Sim, eu não falei com ele e nem muito menos o beijei. As horas iam passando e angústia me apertando cada vez mais e mais, praticamente me sufocando. Jane já havia me largado zilhões de vezes para resolver de suas próprias coisas e eu só estava sentada naquele mesmo lugar. Horas, esperando com que ele viesse.

E eu sei que eu também poderia ter feito um esforço, juro que fiz tudo que estava no meu alcance. Em alguns momentos fui pra pista, passei na frente dele, dancei de várias formas e em vários momentos nossos olhares se encontraram. Mas devo lembrar-los, que ele é 2 anos mais velho que eu, assim como seus amigos, e isso as vezes me deixava numa colocação muito baixa, muito oprimida. Acho que não tinha toda a confiança que eu precisava pra tomar qualquer tipo de atitude, por isso meu esforço não foi muito grande.

Cheguei em casa. Completamente, frustrada. Havia sido a pior festa de minha vida, perda de tempo total. Podia ter ficado em casa jogando vídeo game e comendo uma pizza que eu teria lucrado bem mais. Minha culpa, que me dispus a ir porque acreditava que o melhor podia acontecer. Bobinha, sempre acreditando que o melhor podia vir a acontecer. Depositei um rio de expectativas em alguém que não podia supri-las. E acabei me decepcionando por acreditar de mais.

pcharles.06:
Ei kelly, me desculpa por hoje... eu não tive oportunidade de falar com você, e eu meio que tenho vergonha também... desculpa se te chateei com algo.

Tem vergonha ou tem medo?

kel.adams:
Não não, tudo bem, não foi culpa sua. A festa estava um porre mesmo, pior que já fui. Nada que você tenha feito.

Bloqueio a tela e vou dormir, em meio de um turbilhão de pensamentos e arrependimentos.

Tinha acabado de mentir pra ele.