Capítulo 3

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Minha cabeça latejava, eu abri os olhos lentamente. Estava com a mesma roupa da noite passada e com um gosto horrível na boca. Argh! Levantei-me e fui direto para o banheiro do meu quarto, tirando a roupa, peguei minha escova de dentes, coloquei a pasta e entrei debaixo do chuveiro. Deixava a água lavar meu corpo cansado enquanto escovava os dentes lentamente. Por que a gente bebe? Flashs da noite passada vinham na minha mente, eu tentava evitar, não queria lembrar, mas a verdade eu já sabia antes mesmo de acordar. Sonhei com o maldito beijo. Sabia que ele estaria na casa, sabia que teria que encarar meus atos em poucos minutos. Nunca fui de fugir, mas nesse caso, eu queria...

Era quase meio-dia quando saí do quarto. Thomas estava sentado na sala, tinha trocado sua roupa. Será que ele já tinha ido no hotel e voltado? Provavelmente. Ou então suas coisas estavam no carro.

— Bom dia! Já estava ficando preocupado. Como você está?

— Morri, mas passo bem.

Ele riu. Eu me joguei no outro sofá e fechei os olhos. Meu cabelo ainda estava úmido, tive preguiça de secar. Não estou valendo nada, socorro!

— Vamos almoçar fora, vai se arrumar.

— Não consigo...

Ele se levantou e veio até mim, segurando-me pelos pulsos e me puxando.

— Consegue sim, vem.

Ele me puxou com impulso e me parou junto dele. Seus olhos focaram nos meus, depois desceu para os meus lábios. Eu fiz o mesmo, mas depois desviei o olhar.

— Você quer conversar? Sobre ontem? — sussurrou.

Eu não consegui responder.

— Eu posso cuidar de você, Lara... Eu quero.

Eu estava em um nível tão alto de carência, que realmente considerava aceitar. Porque eu queria me sentir amada de novo, queria sentir algo... bom.

Ele acariciou meu rosto, meu cabelo, beijou minha testa. Seus atos aqueciam meu coração.

— Eu posso te fazer feliz... posso te ajudar a superar.

— Eu... podemos ir comer? Estou faminta.

Saí de perto dele, ele riu da minha explosão de energia de repente, para fugir dele. Fui ao meu quarto, passei uma maquiagem bem básica e penteei novamente meu cabelo. Peguei minha bolsa e, quando passava em frente ao quarto de hóspedes, vi sua mala em cima da cama. Hum...

— Pronta? — perguntou me olhando de longe.

— Pronta. Depois vamos buscar a Emilly?

— Claro.

Nós fomos para o restaurante, ele, como sempre, foi um perfeito cavalheiro. Minha filha ficou radiante ao ver o tio, minha família também gostava dele. Muito! Era até irritante a torcida que todos faziam a nosso favor. Todos queriam que eu seguisse em frente, aparentemente, apenas eu não conseguia superar. Minha mãe piscava para mim, animada ao me ver com ele. Thomas foi alguém muito importante na fase mais difícil da minha vida, sempre ao meu lado, sempre nos priorizando. Ele odiou quando eu disse que voltaria a morar no Brasil, mas sabia que não podia fazer nada a respeito, eu sempre fui muito teimosa. No carro, ele cantava uma música infantil que minha filha estava o ensinando. Em casa, eles brincaram o resto da tarde e ele a colocou para dormir. Fiquei do lado de fora do quarto, ouvindo a conversa deles.

— Se meu papai estivesse vivo, ele seria tão bom comigo quanto você é, titio?

— Seria melhor, pequena... ele estaria sempre com vocês duas, todos os dias...

— Você não pode ficar todos os dias?

— Não posso...

— Por quê?

— Hum... coisa de adulto, pequena, titio precisa trabalhar e sua mamãe não quer voltar a morar perto do titio.

— Mas você não pode tlabalhar aqui? Eu gosto tanto de você, titio... eu quelia ter um papai pra levar nas aplesentações da escola e tirar fotos.

— Vamos fazer assim... quando você tiver uma apresentação, você me liga dias antes e eu dou um jeito de vir, e você pode falar pra todo mundo que eu sou seu papai, combinado?

— Eu posso mentir? — A voz dela saiu animada, eu segurei o riso em meio ao choro.

— Mentir, não. Mas eu sempre serei seu papai de coração.

— Te amo, titio Thomas.

— Te amo, pequena Milly. Agora durma... amanhã você tem escolinha cedo.

Ele ficou mais um tempo no quarto, acho que esperando ela adormecer. Fiquei na porta, o esperando. Quando ele saiu, assustou-se ao me ver parada no corredor.

— Não precisava falar aquilo para ela...

— Eu sempre vou ser o que ela precisar que eu seja, Lara. Pai, tio, amigo, um palhaço...

Eu sorri, lembrando-me de que da última vez que ele esteve aqui, ela o maquiou inteirinho, pintou suas unhas e tudo mais. Ele passou seus dedos no meu rosto, secando as lágrimas que haviam passado por ali e se aproximou.

— E pra você também, serei seu amigo, seu amante, namorado, o que você quiser.

— Eu não sei se conseguiria olhar pra você depois de...

— Depois de...?

— Dizer o que eu quero.

— O que você quer?

Pensei por alguns segundos, ele aguardou ansioso a minha resposta. Eu queria sexo. Estava subindo pelas paredes. Sexo para mim nunca era apenas sexo. Eu não conseguia me soltar quando não confiava na pessoa e eu não deixava ninguém se aproximar para sequer tentar confiar. Só ele... só Thomas... apenas Thomas era próximo o suficiente.

— Sexo. Só sexo...

Ele engoliu em seco.

— Eu não quero te perder, Thomas, mas eu não...

— Shhh... você nunca vai me perder.

Ele pegou minha mão e me puxou para o quarto de hóspedes. Lá, ele se sentou na cama e me deixou de pé de frente para ele, entre suas pernas. Thomas estava à vontade, com uma regata da Adidas azul, uma bermuda de academia e chinelo. Seus músculos estavam tensionados.

Passei minha mão por seus braços, sentindo-o, observando-o. Suas mãos estavam bem abaixo do meu bumbum, eu vestia uma camisola preta de seda. Ele passou de leve seus dedos pelas minhas pernas, devagar, pedindo permissão e vendo que eu não o impediria, levou suas duas grandes mãos para o meu bumbum, ele me apertou e eu me arrepiei.

Desci meu rosto até o seu, olhando nos seus olhos, ignorando a voz na minha mente que dizia "pare enquanto ainda é tempo" e ouvindo a voz do diabinho alegre "vai, safada, transa com ele, você quer muito isso". Deixei minha boca perto da sua e, quando sentimos nossos hálitos, atacamos ao mesmo tempo. Ele me puxou para ele e eu sentei no seu colo, ele me apertava forte contra ele e me beijava com vontade. Eu precisava daquilo, precisava me sentir desejada. Ele nos virou na cama, deixando-me embaixo dele e começou a me despir. As coisas seguiram no automático, roupas sendo tiradas, beijos ardentes e mãos em busca de alívio. Quando ele me preencheu, após colocar a proteção, eu entrei em êxtase. De olhos fechados, eu curti o momento, apreciei cada segundo e me senti satisfeita. Por poucas horas, enquanto estava com ele, eu me senti bem... Mas, quando acabamos e eu fui para o meu quarto, eu dormi e sonhei com meu marido e seu olhar desaprovador. Acordei chorando, triste e sem esperança. O que eu vou fazer?

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