Capítulo 1

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— Suzy, para! — gritei, enquanto ela não parava de me insultar para ir falar com um homem que não parava de nos olhar. Na verdade, ele e todos os seus quatro amigos.

Estávamos na praia, a tarde estava ensolarada e há dias que não nos víamos. A vida adulta trouxe responsabilidades e com isso, mais trabalho, menos dinheiro e menos amigos. Como fui iludida achando que, aos 18 anos, teria liberdade... Agora eu tinha 19 e trabalhava muito! Em partes, era por uma boa causa. Nós ajudávamos nossos pais e guardávamos dinheiro para uma viagem que faríamos no final do ano aos Estados Unidos. Pelo menos, o visto nós três já tínhamos: eu, Suzanna e Bianca. Elas eram duas amigas sem-vergonha, que não paravam de corresponder aos olhares dos homens que, provavelmente, eram gringos.

— Você fala pra eu parar de olhar, mas não tira os olhos deles!

Droga! Estive olhando esse tempo todo! Belisquei Suzanna e ela gritou alto meu nome, rindo.

De repente, um deles, o mais bonito — na minha humilde opinião —, começou a andar em nossa direção. Ele estava apenas vestido com uma sunga azul-escura, tinha o corpo bronzeado, pelo jeito era amante de praia, tinha um físico definido e... droga, ele era lindo! Seus cabelos, que tinham tons castanhos e loiros, e faziam um reflexo natural, estavam curtos e bagunçados. Ele chegou até nós com um sorriso maroto e sem-vergonha, que fez todos os pelos do meu corpo eriçarem. Graças a Deus eu estava sentada, caso contrário teria caído com as pernas moles. Se bem que, se ele me segurasse, não seria tão ruim. Um inglês claramente americano, juntamente com uma voz rouca e grossa, me fez ficar paralisada.

— Hum, Lara, tem como você responder o homem? Eu até responderia, mas ele não tira os olhos de você — Bianca sussurrou e despertei do meu pequeno devaneio. O homem sorriu com a minha falta de jeito.

— Desculpe, poderia repetir? — perguntei em inglês, olhando em seus olhos.

— Vocês querem jogar vôlei com a gente? Estamos precisando de três jogadoras.

Minhas amigas nem sequer esperaram eu dizer algo, já responderam "sim" em português mesmo e se levantaram. Elas não eram fluentes, nem eu, mas eu fiz um curso gratuito tempos atrás e todas nós andamos estudando para não passarmos aperto na viagem.

— A propósito, meu nome é Eric.

— Eu sou Lara. — Toquei sua mão, que estava esticada, esperando pela minha.

— Eu sei, escutei sua amiga gritando seu nome — ele comentou com um sorriso, piscando em seguida.

— Ela é um pouco... dramática.

— Eu escutei e entendi isso! — ela gritou, fingindo estar chateada.

Nos juntamos aos seus amigos, formamos dois times de quatro pessoas e começamos a jogar. Eric estava no time adversário, seus olhos não saíam de mim, e, honestamente, nem os meus dele. O sol estava escaldante, a partida não durou muito. Meu time perdeu, mas valeu a partida.

Eles nos chamaram para sentar com eles, compraram bebidas e porções. Em conversas aleatórias, percebi que comemoravam algo; curiosa, eu perguntei qual era o motivo e descobri que Eric e Toby, seu amigo, tinham acabado de se formar em mais uma graduação da academia naval dos Estados Unidos, da qual eu não entendia nada dos títulos e patentes. Minhas amigas também não, mas foi suficiente para deixá-las ainda mais atiçadas para conhecê-los.

Eric tinha 25 anos e, pelo que contou, não pretendia parar os estudos por ali, queria fazer carreira na Marinha e, nossa, como eu admirava a paixão que via nos olhos dele ao falar da profissão.

Eu, como uma boa contadora de histórias — ao menos no Wattpad — comecei a imaginar o futuro dele. Minha mente dizia: "não se iluda! Não se iluda! Não se iluda, porra!". Mas meu coração iludido já estava formulando nosso futuro e imaginando como seriam nossos filhos. Droga! Se houvesse um Oscar para pessoas mais precipitadas, com certeza eu subiria no palco antes mesmo de anunciarem meu nome.

Bianca e Suzanna não falavam inglês muito bem, mas isso não parecia incomodar os amigos de Eric: Anthony, Kaio, Toby e Jackson. Apesar de eu amar conversar, quando estava em um ambiente onde não tinha intimidade com todos, eu me calava. Preferia observar, captar os detalhes e conhecer a todos a minha volta. E Eric, bom, ele era... diferente. Parecia receptivo, ele tinha aquele sorriso que deixava você encantada e curiosa. E aqueles amigos pareciam tão próximos, que não me aguentei e perguntei há quanto tempo se conheciam, e, como pensei, se conheciam desde o ensino médio.

Fiquei o observando, mas algo em seu olhar mudou. Recuei um pouco e me senti estranha por um momento. Eric simplesmente se levantou e se virou, começou a caminhar roboticamente em direção ao mar, nenhum dos nossos amigos pareceu notar.

Oh, não...

— Eric? Eric? O que está fazendo? — Comecei a andar ao seu lado, mas ele começou a se afastar. Apressei meus passos, mesmo assim eu não o alcançava. Meu coração começou a acelerar, porque eu simplesmente sabia que o amava. Ele chegou ao mar e comecei a correr, mas eu nunca chegava até ele, na verdade, cada vez parecia mais longe. Comecei a chorar, porque sabia que o perderia.

— ERIC! NÃO!

— No mar, nos conhecemos; e no mar, você me perdeu... você não me pediu pra ficar, Larinha...

— Eu te imploro, fica!

— É tarde demais...

Não, não, não!

O corpo dele afundou no mar, eu vi as bolhas de ar subindo à superfície, mas ele nunca voltou. Corri para tentar salvá-lo, mas eu não o encontrava.

— NÃO! NÃO! NÃO!

Acordei gritando assustada e, em seguida, chorei agarrada ao travesseiro.

— Quando vai parar de doer, Deus?


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