O garoto platinado

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My fucking guy
Capítulo 1

Podemos dizer que minha vida sempre foi normal. Eu vou a escola, converso com meus amigos sobre coisas banais, tenho pais que se preocupam comigo e gostam de me ver feliz, estudo em uma boa escola, sou bom em fazer amigos e etc. Tudo bem normal, certo? Bom, eu também pensava assim até a minha vida e tudo em que eu acreditava virar de cabeça para baixo...

Era terça-feira quando meu alarme tocou dramaticamente as 6:00 am ao som de Imagination do foster the people. Coloquei essa música por que eu imaginei que eu acordaria mais alegre ao escuta-la, mas acabei percebendo que a musica que você coloca no seu despertador do celular não interfere na frustação de ser retirado dos seus sonhos.

-Hmmm... Mas por que o tempo passa tão rápido quando estamos dormindo? - Resmunguei para mim mesmo.

Desliguei meu despertador e fiquei sentado na cama uns minutos checando minhas redes sociais antes de me levar e me arrumar para ir a escola como sempre faço.

Tomei meu café da manha que minha mãe me praparou e logo me despedi dela, pois não gosto de chegar atrasado.

Minha escola era ao mesmo tempo velha e moderna. É como se ainda estivesse em aprimoramento. Havia um grande portão na cor verde indicando a entrada, onde ja haviam varios alunos conversando ou esperando seus amigos. Logo após se passar pelo portão havia uma pequena escadaria que nós leva-va a um caminho aberto, com salas exclusivas para os professores de um lado (sem contar a biblioteca), e um barranco logo acima coberto com um gramado do lado direito que dava ao estacionamento. Não era muito atrativo do lado de fora, mas dentro era realmente um lugar agradável.

Estou no segundo ano do ensino médio e até agora nada de interessante aconteceu aqui. As vezes fico pensando se minha vida sera sempre assim, como a de um garoto comum do Ensino Médio...

- Ei, você esta me ouvindo, Gabriel? -Disse meu amigo João me dando um empurrãozinho.

-An? Ah, sim, estou ouvindo. - Respondi de maneira desleixada.

-Ok. Nós fingimos que acreditamos. - Disse Diogo, meu outro amigo do grupo.

- No que estava pensando? - Perguntou Guilherme, meu outro amigo.

- Nada em particular, estou apenas...

-Entediado. -Disseram meus amigos em coro.

Naquela hora, o sinal tocou e meus amigos e eu subimos para as nossas respectivas salas.

Como estamos no 2° ano, eles acabaram nos trocando de sala pois conversavamos muito. Então este ano estou na turma X, que fica no segundo andar, bem ao lado da escadaria e da sala de informática.

A primeira aula foi divertida. O professor de química nos levou ao laboratório para fazermos uma experiência. Depois disso, as outras duas aulas foram normais até o bater do sinal do intervalo.

No intervalo é sempre uma bagunça, todos ficam andando conversando ou amontoados em algum lugar aleatório, como por exemplo o meio do caminho...

- Com licença. -Disse eu para um grupo de 4 garotas atrapalhando minha passagem com meus amigos.

Eu ja conhecia aquelas garotas antes, pelo menos de vista. Ja havia reparado que duas delas sempre ficavam olhando pra mim, por esse motivo comecei a evita-las (não gosto que as pessoas fiquem me olhando).

Eu estava me dirigindo para a quadra quando o João me parou e disse:

- Aquelas garotas estão vindo, tem certeza de que você quer ir ai?

Ele tinha razão. Assim que eu olhei para atrás eu as vi andando em direção a quadra. Quando viram que nós estavamos olhando, elas pararam e viraram de costas, aparentemente constrangidas.

Gostaria de evita-las, mas como estamos no inicio do ano e elas ja estão assim, no final vai ser pior. Então quanto antes eu me acostumar, melhor... Certo?

- Não importa, vamos para a quadra mesmo assim.

A quadra era uma área grande e coberta, cheio de arquibancadas para os alunos se sentarem e apreciarem os jogos da escola. Hoje, por exemplo, alguns alunos do 3° ano estão jogando uma partida treino de basquete ball.

Escolhemos nos sentar perto da saída, assim quando batesse o sinal, não nos atrasariamos para a sala.

Estava tudo tranquilo até que um grupo de garotos entrou e se sentou na nossa frente. Não tem problema nenhum eles se sentarem na nossa frente, mas eles estavam rindo muito e fazendo muito barulho. Estavam atrapalhando minha conversa com meus amigos. E como eu não gosto de barulho, pedi para eles falaram mais baixo.

- Ei, vocês poderiam falar um pouco mais baixo, por favor?

Um dos garotos que estava de pé me olhou e disse:

- Não deveria se preocupar com a nossa conversa, não estamos falando com você. - O rapaz era alto, tinha um cabelo curto preto com mexas platinadas, usava uma blusa preta, e parecia ser meio asiático, mas bem pouco. Ao dizer isso ele deu um sorrisinho sarcástico e voltou a conversa com seus amigos.

Eu fiquei sem reação por que não esperava por esta resposta. Não sabia oque responder, por isso fiquei olhando para ele com uma cara incrédula até que algo me veio a cabeça.

- Não estou interessado na conversa de vocês. Na verdade, estou tão desinteressado que nem quero escu...

- Você ainda esta falando? - Disse o garoto de cabelo platinado me cortando e seguido de um suspiro - Se você se sente tão incomodado, procure outro lugar.

Ele disse essas palavras de uma maneira fria e indiferente. Eu queria responder, só não sabia como... E isso me deixava bravo e frustrado. Por sorte, nessa hora o sinal tocou e não iria parece humilhante eu me levantar e sair.

Eu estava furioso. Me levantei rapidamente para poder sair logo dali antes que eu perdesse o controle, até que eu me deparo com as garotas que me seguiam bem na escada em frente ao portão de saída/entrada da quadra.

Eu não estava com a menor paciência de encara-las gentilmente como geralmente faço.

- Licença. - Disse de maneira áspera, as afastando.

Mas nessa hora, um garoto esbarrou nas garotas que acabaram se esbarrando em mim. E como eu estava na beirada da escada, acabei tropeçando e logo vi que eu iria cair.
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O mundo de repente pareceu mais lento. Conseguia ver claramente as caras de susto dos meus amigos e das garotas. Tudo me pareceu muito surreal por um momento. Então, aceitei que estava caindo e deixei a gravidade fazer o seu trabalho.

Eu esperava por tudo, exceto a ausência da minha queda.

Quando me dei conta de que não estava rolando as escadas eu senti que alguém me segurava. Primeiro fiquei confuso, mas depois me senti agradecido e decidi olhar para o rosto da pessoa que me salvou.

Quando vi quem havia me salvado, eu fiquei sem reação e logo me levantei de seus braços. Se eu soubesse que era ele, o garoto platinado, que havia me salvado, eu teria me jogando novamente no chão.

- Não vai agradecer? - Disse ele com um sorriso metido e bobo.

- Agradecer pelo oque? Não te pedi para me ajudar. - Respondi com a raiva voltando em mim quase que de maneira instantânea.

- Você deveria respeitar as pessoas mais velhas que você, sabia? - Disse ele com um tom de autoridade. Ele não havia gostado do modo que o respondi.

Assim que ele soltou essas palavras eu o olhei e pensei em mil coisas para falar. Mas eu estava tão atônito com o acontecido que eu não conseguia pronunciar as palavras. Então, eu simplesmente o encarei por 1 segundo e dei as costas, me retirando da quadra e seguindo diretamente para a minha sala de aula batendo os pés, ignorando ele e todos ao meu redor, incluíndo meus amigos.

Depois deste ocorrido eu não consegui me concentrar nas minhas aulas seguintes. Fiquei pensando no que eu poderia ter dito e se teria sido pior se eu tivesse simplesmente caído da escada na frente dele.

Eu não conseguia parar de pensar no fato de que ele me salvou depois de ter me falado aquelas coisas. Me pergunto se fez isso apenas para ter um motivo para gozar comigo. Mas qualquer que tenha sido a sua real intensão, eu espero não esbarrar com ele novamente.

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Fim do cap 1

My fucking guy (Pausada)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora